Fala, moçada! Tudo tranquilo? Hoje vamos falar um pouco sobre a avaliação ultrassonográfica do aneurisma da aorta abdominal. Se você não conhece o papel do ultrassom na avaliação dos aneurisma, vem comigo!
Os estudos angiográficos, como a angiotomografia, angiorressonância e a angiografia, são os melhores métodos para a avaliação das dilatações aneurismáticas arteriais, desde os aneurismas saculares intracranianos até os aneurismas fusiformes toracoabdominais.
No entanto, todos os métodos mencionados acima possuem alto custo, o que limita a sua disponibilidade e o acesso aos pacientes. Além disso, a tomografia computadorizada e a angiografia utilizam radiação ionizante, mais um fator limitante para o seu uso no acompanhamento dos pacientes. Diante desse contexto, a avaliação através do ultrassom assume posição de destaque, visto que é um método de baixo custo, não invasivo, portátil, com ampla disponibilidade e que não utiliza radiação ionizante!
Antes de partir para a avaliação por imagem, vamos falar um pouco sobre a definição do aneurisma abdominal. Podemos chamar de aneurisma qualquer dilatação arterial maior que 50% do seu diâmetro. Habitualmente, o calibre da aorta abdominal é de 2,0 cm, portanto, dilatações acima de 3,0 cm devem ser consideradas como dilatações aneurismáticas. Calibre entre 2,0 e 3,0 cm são denominadas ectasias.
É importante destacar que os aneurismas verdadeiros representam a dilatação de todas as camadas que compõem a artéria, portando a parede do aneurisma é composta pelas camadas íntima, média e adventícia. Já os aneurismas falsos ou pseudoaneurismas ocorrem como consequência da dilatação de apenas parte da parede arterial. Além disso, os aneurismas assumem aspecto morfológico característico de acordo com sua etiologia e localização, sendo classificados como saculares ou fusiformes. Na aorta abdominal, o principal tipo é o fusiforme.
A ultrassonografia pode ser usada para o rastreamento, diagnóstico e para o acompanhamento dos pacientes com aneurismas da aorta abdominal. É muito frequente que seja realizado o diagnóstico em pacientes assintomáticos, uma vez que a sintomatologia geralmente ocorre quando há alguma complicação associada como compressão de estruturas adjacentes, dissecção arterial, trombose parietal e rotura aneurismática. Além disso, pode ser realizado o acompanhamento ultrassonográfico desses pacientes, poupando a exposição repetida à radiação ionizante ou a procedimentos invasivos.
O exame de ultrassom associado ao estudo Doppler é excelente para avaliação morfológica e do fluxo arterial nos pacientes que apresentam uma “boa janela ultrassonográfica”, ou seja, pacientes magros e sem distensão gasosa das alças intestinais. Pacientes obesos e aqueles que apresentam acentuada distensão intestinal, apresentam limitação na avaliação pelo ultrassom.
No ultrassom, as paredes dos segmentos arteriais se apresentam hiperecóicas (mais claras) e a luz arterial se apresenta hipoecoica (mais escura), sendo facilmente visualizado o calibre do segmento arterial de interesse. Como dito anteriormente, para ser considerada aneurisma, a dilatação deve possuir mais de 3,0 cm de diâmetro. Placas ateromatosas estão frequentemente associadas, visto que a aterosclerose é um dos seus principais fatores de risco. Veja na imagem abaixo o aspecto ultrassonográfico típico.
Por vezes, podemos observar trombos aderidos às paredes aneurismáticas, que se apresentam como estruturas hipoecóicas (cinzas) em contato com a parede do aneurisma. Dependendo das suas dimensões, o trombo parietal pode determinar redução da luz arterial, que pode ser facilmente caracterizada utilizando o estudo Doppler colorido. A grande preocupação dos trombos parietais é o seu crescimento com consequente oclusão arterial e a possibilidade de eliminar pequenos fragmentos que podem sofrer embolização distal para os membros inferiores.
Portanto, a ultrassonografia é um excelente método que pode ser utilizado em várias etapas da avaliação dos pacientes com aneurisma do segmento abdominal da aorta. Características como baixo custo, ampla disponibilidade, ser não invasivo, portabilidade e não necessitar de radiação ionizante, torna o método uma excelente escolha, principalmente quando falamos de estratégias populacionais. No entanto, uma grande limitação do método é a necessidade de um operador treinado e apto para realizar o estudo.
É importante ressaltar que, em algum momento, os pacientes com aneurismas da aorta deverão ser submetidos a um estudo angiográfico completo da aorta para melhor definição das características do aneurisma e para eventual planejamento cirúrgico.
Galera eu espero que vocês tenham gostado do tema de hoje. E se caso você ainda não domina o plantão de pronto-socorro 100%, fica aqui uma sugestão: temos um material que pode te ajudar com isso, que é o nosso Guia de Prescrições. Com ele, você vai estar muito mais preparado para atuar em qualquer sala de emergência do Brasil.
E para você que trabalha nas emergências da vida e quer aprender mais sobre os principais casos que chegam no PS, não deixe de conferir o nosso curso, o PSMedway. Tenho certeza que vamos conseguir acrescentar cada vez mais para você se sentir ainda mais seguro para atuar nas emergências!
Grande abraço e até a próxima!
Capixaba raiz, nascido em 91. Graduado pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e com residência médica em Radiologia e especialização em Neurorradiologia pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HC-FMUSP). Fanático por filmes e apaixonado pela família.