O índice de doenças neurológicas no Brasil e no mundo vem chamando a atenção das autoridades governamentais, da Ciência e da Medicina.
Elas se encontram entre as principais causas da mortalidade e da morbidade em todo o mundo. As mais comuns são Alzheimer, doença de Parkinson e AVC (Acidente Vascular Cerebral).
Neste artigo, vamos falar sobre uma ferramenta importante para a identificação de doenças neurológicas: a Neurossonologia. Fique atento ao post e descubra informações valiosas sobre essa importante área da Medicina!
A Neurossonologia é um campo da Medicina que aplica técnicas de ultrassonografia para estudo dos vasos sanguíneos do cérebro.
Ela oferece valiosas informações a respeito da circulação do sangue no cérebro, ajudando no diagnóstico e no tratamento de doenças cerebrovasculares.
Esse campo da Medicina começou seu desenvolvimento em 1982 com Rune Aaslid, pesquisador da Noruega. Ele utilizou o Doppler para publicação do primeiro estudo avaliando a circulação arterial do encéfalo.
O estudo foi um marco na avaliação neurológica por meio da ultrassonografia, representada pela técnica de Doppler transcraniano.
O ultrassom se divide em três: o ultrassom de parênquima (para estudar o cérebro), sendo diferente do Doppler e fornecendo informações a respeito de problemas como o Parkinson; o ultrassom de nervos, que permite a observação direta dos nervos (nervo mediano, nervo ciático e outros); o ultrassom de músculos, que serve para avaliar aspectos patológicos e identificá-los para procedimentos.
A Neurossonologia é um ramo da Medicina que mantém estreito relacionamento com a Neurologia, pois ambas as disciplinas compartilham o objetivo comum de compreender e tratar as doenças neurológicas.
A Neurologia é a especialidade médica que se dedica ao estudo, diagnóstico e tratamento das doenças que prejudicam o sistema nervoso central e periférico. Neurologistas trabalham com diversas condições:
· epilepsia;
· esclerose múltipla;
· doenças neuromusculares;
· acidentes vasculares cerebrais;
· outras.
Já a Neurossonologia é um campo especializado dentro da Neurologia que aplica técnicas de ultrassonografia para examinar os vasos sanguíneos do cérebro.
A partir de tecnologias avançadas, como o Doppler transcraniano, ela permite a análise acurada da circulação sanguínea do cérebro em tempo real, o que é de grande contribuição para identificar e monitorar condições cerebrovasculares, incluindo estenoses, oclusões e aneurismas.
A integração dessas especialidades é necessária, a fim de proporcionar um diagnóstico mais confiável e um planejamento de tratamento efetivo.
Enquanto o neurologista pode identificar sinais e sintomas de doenças neurológicas e solicitar exames de imagem ou testes laboratoriais, o especialista em Neurossonologia pode efetuar exames ultrassonográficos minuciosos que oferecem outras informações sobre a circulação cerebral e possíveis problemas vasculares.
Uma das situações em que essa técnica é indicada é para diagnosticar e acompanhar AVCs. Com o exame de Doppler transcraniano, por exemplo, é possível visualizar o fluxo de sangue no cérebro e identificar problemas como: obstruções, estreitamentos e outras anomalias que podem ser sinais de um AVC.
A técnica é muito aplicada ainda em avaliações de lesões cerebrais, incluindo tumores, hemorragias e outros transtornos.
Já a ultrassonografia transfontanelar é um exame realizado com frequência em bebês recém-nascidos com o objetivo de verificar se há sangramentos ou outras lesões do cérebro.
Outra utilidade do exame é avaliar patologias neuromusculares (entre outras, a esclerose múltipla) e na identificação de problemas vasculares (arteriosclerose, por exemplo).
Em casos de emergências neurológicas, essa técnica também é útil. São casos que envolvem hemorragias cerebrais, traumatismos cranianos e outros eventos que exigem avaliação rápida e precisa. Em situações assim, ela é usada para analisar a gravidade das lesões, contribuindo para a tomada de decisões terapêuticas.
Outro momento em que a Neurossonologia se revela útil é na monitorização hemodinâmica de pacientes neurocríticos, envolvendo a estimativa indireta da pressão dentro do crânio e a medição do diâmetro do nervo óptico. Veja algumas das aplicações mais frequentes na monitorização hemodinâmica:
O Doppler transcraniano, como explicamos, avalia o fluxo sanguíneo do cérebro e possibilita a detecção de obstruções, estreitamentos e problemas que podem indicar condições como acidente vascular cerebral (AVC). O exame fornece informações sobre a pressão intracraniana e a autorregulação cerebral.
Aplicada em recém-nascidos para verificar a presença de problemas no cérebro (sangramentos e lesões). Pode ser usada para monitoramento do diâmetro do nervo óptico, que se correlaciona com a pressão dentro do crânio.
Permite ao cirurgião monitorar o cérebro durante cirurgias, reduzindo o risco de complicações e facilitando decisões bem fundamentadas.
O exame ainda é utilizado para identificar a morte cerebral. Como muitos médicos dizem, a Neurossonologia pode ser considerada o “estetoscópio do médico para o cérebro”.
A morte cerebral é um estado clínico em que a pessoa perde completamente e de forma irreversível todas as funções do cérebro, principalmente o tronco encefálico. Ela é considerada a definição de morte do ponto de vista médico-legal, pois indica o fim da atividade cerebral e a incapacidade do organismo de manter a homeostase.
O diagnóstico de morte cerebral é indispensável para a doação de órgãos, já que permite a manutenção da perfusão e oxigenação dos órgãos até a realização da captação.
A Neurossonologia desempenha um papel importante na detecção da morte cerebral, que é definida como a cessação irreversível de todas as funções do cérebro, incluindo o tronco encefálico.
O exame de Doppler transcraniano pode ser usado como teste diagnóstico complementar na confirmação da morte cerebral. Nesse sentido, o Doppler transcraniano verifica o fluxo sanguíneo do cérebro, que deve estar ausente ou reverso para confirmar a parada circulatória intracraniana, característica da morte cerebral.
Outros exames neurossonológicos, como a ultrassonografia transfontanelar, também podem ser aplicados para verificar a ausência de fluxo sanguíneo no cérebro.
Há diferentes vantagens em aplicar essa técnica, já que os exames se destacam por sua precisão e também por não serem invasivos. Seguem algumas das principais vantagens que a técnica oferece:
Os exames neurossonológicos produzem imagens e medições precisas das estruturas do sistema nervoso central e periférico em apenas alguns segundos, o que promove uma rápida e eficaz avaliação de diferentes condições neurológicas.
Por causa de seu campo de aplicação abrangente, essa técnica costuma integrar uma abordagem multidisciplinar que conta com neurologistas, neurocirurgiões, cirurgiões vasculares e intensivistas.
Ela pode ser utilizada para diagnóstico, acompanhamento e monitoramento de variadas condições neurológicas.
Alguns equipamentos de Neurossonologia possibilitam o monitoramento constante do paciente, o que facilita o acompanhamento das condições clínicas em tempo real.
Assim, durante procedimentos cirúrgicos ou intervenções neurológicas, os exames fornecem informações adicionais simultaneamente ao trabalho.
A Neurossonologia intraoperatória, por exemplo, permite que o cirurgião monitore as estruturas cerebrais durante o procedimento, ajudando a tomar decisões mais precisas e a reduzir o risco de complicações
Essa é uma técnica segura para os pacientes, já que não envolve radiação ionizante (como ocorre com a tomografia computadorizada) ou campos magnéticos que possam prejudicar o organismo.
Ela também oferece mais segurança para os pacientes porque é uma técnica não invasiva: ela usa ondas sonoras para captar imagens do cérebro, dispensando procedimentos invasivos, como perfurações no crânio.
Os exames neurossonológicos avaliam não somente a estrutura anatômica do cérebro, mas também funcionamento dele mediante a detecção de fluxo sanguíneo e atividade neural.
Comparando com outros exames de imagem, como a ressonância magnética, a Neurossonologia geralmente oferece um custo mais acessível.
Essa técnica está cada vez mais disponível em diferentes centros médicos, ampliando o acesso a esse tipo de avaliação neurológica — tanto aos médicos quanto aos pacientes.
Se você deseja atuar na área de Neurossonologia, é preciso especializar-se na área. Primeiramente, o médico deve concluir um curso de Medicina que seja reconhecido pelo MEC.
O passo seguinte é fazer residência médica em Neurologia seguida de especialização em Neurossonologia. Essa especialização pode ser realizada por meio de cursos, treinamentos ou estágios em centros que sejam referências nesse campo da Medicina.
Enquanto estiver se especializando, o médico vai aprender a fazer e interpretar exames de ultrassonografia do SNC (sistema nervoso central).
Depois de se especializar, o médico deve se inserir na prática clínica e investir em constante aprimoramento. Nesse sentido, além de cursos, recomenda-se a participação em workshops e conferência que tratem do assunto.
Agora você já sabe tudo sobre Neurossonologia. Tratamos dos aspectos principais que envolvem o assunto. Você conferiu a importância dessa área para a Neurologia e o controle sobre as doenças neurológicas.
O médico precisa se atualizar sobre as mudanças que vêm acontecendo em questões de saúde. Com as novas tecnologias e as novas pesquisas, as inovações aparecem e influenciam a atuação dos médicos e de outros profissionais do setor de saúde.
A Neurossonologia vem proporcionando grandes benefícios para os pacientes e os médicos — vale a pena conhecê-la melhor. Se você deseja especializar-se nesta área, lembre-se de que primeiro é preciso fazer residência médica. Prepare-se bem para o programa de RM com nosso Semiextensivo SP: o preparatório ideal para quem começou os estudos agora e deseja ser aprovado em 2024!
Nascido em 1991, em Florianópolis, formado pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) em 2015 e com Residência em Clínica Médica pelo Hospital das Clínicas da FMUSP (HC-FMUSP) e Residência em Administração em Saúde no Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE). Fanático por novos aprendizados, empreendedorismo e administração. Siga no Instagram: @alexandre.remor