Fala, galera. Como vocês estão? Mais um tema cirúrgico aqui no blog, que normalmente não é tão difundido pela região afetada e particularidades anatômicas: trauma cervical. A ideia é que até o final do texto vocês se familiarizem com as zonas cervicais e saibam definir a necessidade de avaliação cirúrgica imediata no setor de emergência.
Ao pensarmos em pescoço, fica claro que há muita estrutura em um espaço pequeno, logo, vamos dividir as lesões em grupos:
Outro ponto importante é definirmos se estamos falando de trauma penetrante ou contuso. No trauma penetrante, o que diferencia lesões superficiais de profunda é o músculo platisma, e as lesões mais comuns (em ordem) são as vasculares > neurológicas > aerodigestivas. No trauma contuso, as principais estruturas lesadas são laringe e coluna cervical.
Do ponto de vista cirúrgico, o pescoço é divido em 3 zonas:
A zona 1 é a de maior mortalidade devido ao acesso cirúrgico difícil que pode se dar por esternotomia ou toracotomia anterolateral.
Já a zona 2 é a mais comumente acometida e de menor letalidade, com acesso por meio de cervicotomia transversa exploradora ou cervicotomia paralela ao músculo esternocleidomastoideo se lesão vascular isolada.
Por fim, a zona 3 é a de acesso mais complexo.
Assim como todo trauma, o ABCDE é imperativo. A necessidade de estabelecer uma via aérea definitiva se dá na presença de:
A tríade rouquidão, enfisema subcutâneo e fratura palpável deve nos alertar para trauma de laringe, e a via aérea definitiva de primeira escolha continua sendo intubação orotraqueal (IOT). A segunda escolha é a traqueostomia.
Matheus Carvalho Silva, nascido em 1993, em Coronel Fabriciano (MG), se formou em Medicina pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Residência em Cirurgia Geral na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM).