Se um dos seus pacientes sofre de pressão alta nos olhos, você pode tratar o problema com a cirurgia de glaucoma, que evita complicações futuras e melhora a qualidade de vida. Saiba mais sobre o procedimento, os principais tipos e as indicações.
Antes de abordarmos os diversos tipos de cirurgias, é importante delimitarmos o que é glaucoma, já que as intervenções são dirigidas ao tratamento desse tipo de problema. Você sabia que o glaucoma não é uma única doença, mas um grupo heterogêneo de enfermidades?
Esses problemas se apresentam de diversas formas, mas há uma via final em comum: a neuropatia óptica glaucomatosa, isto é, o dano funcional e estrutural do nervo óptico, ou par craniano, que leva informação visual da retina até o córtex occipital.
Se o glaucoma não é tratado adequadamente, pode causar cegueira irreversível. O tratamento não repara os danos já ocorridos, mas barra a evolução da doença, o que reforça a importância de um diagnóstico precoce.
É muito comum associar o glaucoma à pressão dos olhos, que é alta em boa parte dos pacientes. No entanto, essa alteração na pressão intraocular (PIO) é o principal fator de risco para o desenvolvimento da doença, não a causa.
Até hoje, não se sabe ao certo quais são as causas do glaucoma, mas é fato que a diminuição da PIO interrompe ou atrasa a perda de visão. Esse é o único fator de risco modificável, já que os outros são: idade, genética, histórico pessoal, familiar, etc.
A PIO é regulada por um balanço entre produção e drenagem do humor aquoso, líquido que preenche o segmento anterior do olho. Para reduzi-la, costuma-se receitar colírios que diminuem a produção ou aumentam a drenagem dessa substância. Em casos mais graves, a cirurgia de glaucoma é indicada.
Para tratar casos graves ou que não respondam ao uso de colírios, a cirurgia de glaucoma é necessária. Ela pode ser fistulizante (como trabeculectomia e implante de tubo de drenagem) ou feita a laser (como iridotomia periférica e trabeculoplastia a laser). Conheça as intervenções mais comuns.
Também conhecida como TREC, a trabeculectomia é a cirurgia de glaucoma mais utilizada atualmente para reduzir a pressão dos olhos, quando o uso de colírios hipotensores não gera resultados significativos.
O procedimento consiste em fazer uma fístula da câmara anterior com o espaço subconjuntival, formando uma bolha que funciona como rota alternativa para a saída do humor aquoso, que é absorvido para a circulação sistêmica pelas veias da conjuntiva.
Nesta cirurgia de glaucoma, um longo tubo sintético (geralmente, de silicone) é posicionado na câmara anterior do olho e fica conectado a um prato distal, por baixo da conjuntiva, a 8 mm da córnea, aproximadamente.
Esse dispositivo funciona como uma via para drenar o excesso de humor aquoso, criando uma passagem para o excesso de líquido ser drenado para o espaço subconjuntival posterior. Em seguida, a substância é absorvida por vasos sanguíneos.
A iridotomia periférica consiste em uma pequena abertura a laser realizada na periferia da íris, formando uma via alternativa para a passagem do humor aquoso para a câmara anterior. Essa intervenção é bem simples e chega a ser considerada a mais básica entre os tipos de cirurgia de glaucoma feita a laser.
O procedimento costuma ser indicado para pacientes com glaucoma de ângulo fechado causado por bloqueio pupilar. Trata-se de um bloqueio na passagem do humor aquoso pela pupila, que dificulta a drenagem do líquido e aumenta a pressão dos olhos.
Geralmente, a trabeculoplastia a laser é indicada em casos iniciais de glaucoma de ângulo aberto, para o paciente não depender tanto dos colírios hipotensores para reduzir a pressão excessiva nos olhos.
A intervenção utiliza lentes de gonioscopia e realiza disparos de laser diretamente no trabeculado, o que induz transformações ultraestruturais para estimular a drenagem do humor aquoso de forma mais eficiente.
Da mesma forma que o glaucoma engloba um grupo diverso de doenças, também há várias cirurgias para tratar esses casos. Além dos tipos mais comuns, vale destacar as técnicas minimamente invasivas e as ciclodestrutivas.
Com o avanço tecnológico dos tratamentos, é possível realizar cirurgias minimamente invasivas de glaucoma (MIGS). Essas intervenções abordam o ângulo camerular com o mínimo de invasão do olho, por microimplantes que aumentam a drenagem do humor aquoso.
Enquanto os outros tipos de cirurgia de glaucoma focam na drenagem do humor aquoso, as intervenções ciclodestrutivas realizam uma destruição parcial do corpo ciliar, com o objetivo de diminuir a produção desse líquido.
O glaucoma congênito infantil consiste em uma má-formação das estruturas do trabeculado, incompetentes na função de drenagem. Em muitos casos, os pacientes precisam de cirurgia precoce para controlar o problema. Há técnicas mais indicadas para crianças, como a goniotomia e a trabeculotomia.
A goniotomia é a cirurgia de glaucoma mais indicada para crianças que possuem córnea transparente. Consiste na abertura direta do trabeculado por meio de um pequeno corte no ângulo, com o auxílio de lentes especiais, que possibilitam a visualização dessas estruturas.
A trabeculotomia é mais indicada em casos de glaucoma congênito com córneas opacas. Essa técnica realiza a sondagem do chamado Canal de Schlemm e a abertura para a câmara anterior, com o auxílio de um trabeculótomo.
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Nascido em Belém, formado pelo Centro Universitário do Pará (CESUPA), veio para São Paulo fazer residência de Oftalmologia no HC-FMUSP.