Fala, pessoal! Hoje o assunto é complicado e emergencial! Hoje vamos falar do descolamento prematuro da placenta, um quadro grave que representa importante causa de morbimortalidade perinatal, tanto materna quanto fetal.
O descolamento prematuro de placenta (DPP) pode ser definido como o descolamento da placenta de forma precoce, ou seja, antes da expulsão fetal e após as 20 semanas de gestação.
Placenta prévia – Fatores de risco |
Hipertensão arterial |
Uso de drogas (cocaína e crack, especialmente) |
Polidrâmnio |
Trauma abdominal |
Gestação múltipla |
Idade materna > 35 anos |
Antecedente de DPP em gestação anterior |
O principal fator de risco, sem dúvida nenhuma, é a hipertensão arterial, seja ela crônica ou desenvolvida no ciclo gravídico. Casos de polidramnia e gestação gemelar provocam sobredistensão uterina, facilitando o descolamento precoce da placenta, especialmente após rotura das membranas amnióticas.
Aqui temos uma informação muito importante: O diagnóstico do DPP é clínico e deve ser realizado na presença das seguintes condições:
Vale ressaltar que, apesar de o sangramento ser um sintoma importante, ele não é obrigatório. Muitos casos de DPP são diagnosticados apenas na presença de dor e hipertonia uterina!
Com o descolamento prematuro de placenta, ocorre a formação de um coágulo retroplacentário. Esse sangue acumulado é irritativo para a parede uterina, provocando contrações sucessivas e hipertonia.
Além disso, com a formação do coágulo, a área de superfície para as trocas materno-fetais fica reduzida. Isso, associado à hipertonia, impede a passagem sanguínea eficaz, determinando comprometimento da vitalidade fetal e sofrimento fetal agudo.
Entendem agora porque o quadro representa uma emergência obstétrica? A única forma de resolver e salvar o binômio mãe-feto é a interrupção da gestação, pela via mais rápida.
Com o sangramento, pode ocorrer desenvolvimento de anemia. Além disso, o coágulo formado na região retroplacentária consome fatores de coagulação, facilitando o processo de coagulação intravascular disseminada (CIVD).
Cerca de 20% das pacientes têm sangramento oculto, pois o descolamento vai em direção ao fundo do útero e não ao colo, impedindo sua exteriorização.
De acordo com a intensidade da sintomatologia podemos dividir o descolamento placentário em três graus, descritos a seguir:
As complicações do descolamento prematuro de placenta estão associadas ao sangramento de grande volume e à coagulopatia, além dos prejuízos à oxigenação fetal. Dentre eles, podemos listar:
Útero de Couvelaire (infiltração sanguínea miometrial e sufusões hemorrágicas). Fonte:Tratado de Obstetrícia da FEBRASGO.
Como já comentamos, o DPP é considerado uma urgência obstétrica e a estabilização hemodinâmica materna é uma conduta primordial.
Após a garantia de estabilidade, deve ser indicada a resolução da gestação. A via de parto depende da condição clínica materna e da vitalidade fetal. Também é importante ter informações sobre a vitalidade fetal.
Indica-se a resolução da gestação pela via mais rápida. Na maioria das vezes, a via mais rápida será através da cesárea, mas ela não é indicação absoluta.
Se o parto for iminente e a via vaginal for mais rápida, essa deve ser a preferência. Inclusive, podemos lançar mão de fórceps para extração fetal, caso necessário.
Quadro clínico grave. Preferir via vaginal para resolução da gestação. Em geral, se for demorar mais de 6 horas, costuma-se indicar a cesariana.
Entenda bem: Neste caso, o hematoma retroplacentário já está tão grande, consumiu tanto fator de coagulação e impediu a oxigenação fetal, que ele foi a óbito.
Muito possivelmente, essa paciente apresenta distúrbios de coagulação, e uma cesárea (cirurgia!) está associada a um maior risco de hemorragia. Então, preferimos, nesses casos a via vaginal, OK?
Outro detalhe importante! Devemos sempre realizar a amniotomia – rotura artificial das membranas amnióticas – antes da resolução da gestação, na ocasião mais precoce possível (mesmo se cesárea). Tal procedimento está associado à:
O esquema ilustrado na figura a seguir esume o tratamento para essa patologia.
Aproveita e confere também os outros conteúdos sobre acidentes na gestação que possuímos aqui no nosso Blog! Ótimos estudos pra você e um grande abraço!
Antes de ir, se você quiser aprender muito mais sobre diversos outros temas, o PSMedway, nosso curso de Medicina de Emergência, irá te preparar para a atuação médica dentro da Sala de Emergência. Abraços e até a próxima