Esôfago de Barret: entenda fisiologia e a DRGE

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O esôfago de Barret é aquela entidade que a gente nunca entende muito bem no internato, que mistura histologia com clínica, tem relação com doença do refluxo gastroesofágico, com neoplasia e, no final das contas, muita gente acaba lembrando só da “mucosa que fica com cor de salmão”. Pessoal, todos nós já fomos alunos também! Não se esqueçam disso!

Hoje, tentaremos quebrar alguns bloqueios — falando em bloqueios, se vocês ainda não ouviram falar dos 15 bloqueios que impedem vocês de passar na residência, parem a leitura agora e acessem esse artigo!

E não tem como falarmos de esôfago de Barret sem falarmos de doença do refluxo gastroesofágico. Por este motivo, daremos um passo pra trás pra pegar impulso pra irmos mais longe! 

Bora?

DRGE

A DRGE é definida como refluxo patológico do conteúdo gástrico para o esôfago, provocando sintomas ou lesões da mucosa esofágica

A instalação da doença do refluxo está relacionada com o desequilíbrio entre fatores protetores e agressores. Um dos principais mecanismos envolvidos na patogenia da DRGE é o relaxamento transitório inadequado do EEI, com consequente queda abrupta da pressão ao nível do EEI. 

Outros mecanismos também podem ser a “causa” do problema:

  • hipotonia do EEI;
  • alterações anatômicas da TEG (hérnia de hiato);
  • aumento da pressão intra-abdominal (obesidade, gestação, tosse crônica, cirrose, etc).

A sintomatologia pode ser típica ou atípica:

Típicos Atípicos
Pirose Disfagia
Regurgitação Dor retrosternal
Sintomas respiratórios: tosse, rouquidão, otites e sinusites de repetição, asma

E, pra dar o diagnóstico, basta a clínica! Nenhum exame complementar nos ajuda no diagnóstico, mas podem ser indicados para avaliar complicações se observarmos sinais de alerta! Vamos listar alguns:

  • início de sintomas dispépticos em pacientes acima de 40 anos;
  • disfagia ou perda de peso (tumor? estenose péptica?);
  • história familiar de câncer gastrointestinal;
  • odinofagia (úlcera esofágica);
  • anemia ferropriva ou sangramento gastrointestinal (tumor?);
  • vômitos recorrentes (obstrução esofágica?);
  • massa palpável ou linfadenopatia;

Fisiopatologia do Esôfago de Barret

Já ouviram a expressão “água mole em pedra dura, tanto bate até que fura.”? No esôfago de Barret é praticamente a mesma coisa! 

De tanto “refluxo ácido” pelo esôfago, o epitélio escamoso estratificado do esôfago distal sofre uma transformação (metaplasia) para “aguentar” essa agressão, mudando para um epitélio intestinal, caracterizada por um epitélio colunar com a presença de células caliciformes.

O diagnóstico de esôfago de Barret, evidência endoscópica que a mucosa coluna se estende acima da JEG, associado a biópsia com a presença de metaplasia intestinal. Fonte: https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMra1314704

Na EDA, a JEG pode ser identificada com o ponto mais proximal das pregas gástricas (linhas pontilhadas). A coloração rosa-salmão da mucosa coluna que se estende acima da JEG, sem as pregas gástricas, são sugestivos de esôfago de Barrett.

Screening para esôfago de Barrett

O screening para esôfago de Barrett é controverso, mas algumas sociedades indicam nos pacientes com DRGE associado a pelo menos 1 fator de risco para adenocarcinoma, como:

Idade > 50 anos.
Associação com hérnia de hiato.
Etnia branca.
IMC elevado e/ou obesidade;
Tabagismo.
História familiar de esôfago de Barrett.

É isso que nós tínhamos para falar sobre o esôfago de Barret

Chegamos ao fim de mais um assunto discutido com tranquilidade, pessoal! Sem sofrimento, com leveza e direcionamento! Esperamos que, a partir de hoje, o esôfago de Barret não seja um desafio grande nos próximos encontros.

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Referências

1. Clínica cirúrgica FMUSP
2. Manual do Residente de Clínica Médica – FMUSP
3. Tratado de Gastroenterologia
4.https://www.uptodate.com/contents/clinical-manifestations-and-diagnosis-of-gastroesophageal-reflux-in-adults5.https://www.uptodate.com/contents/barretts-esophagus-surveillance-and-management

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A Redação

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