Esporotricose humana passa a fazer parte da Lista Nacional de Notificação Compulsória: saiba mais!

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O Ministério da Saúde, publicou em janeiro de 2025, uma Portaria que inclui a Esporotricose Humana, infecção fúngica subcutânea, na Lista Nacional de Notificação Compulsória e Doenças, Agravos e Eventos de Saúde Pública.

A medida, estabelecida pela Portaria GM/MS nº 6.734 de 18 de março de 2025, determina que todos os casos suspeitos ou confirmados da doença sejam registrados semanalmente no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) por serviços de saúde públicos e privados em todo o país​.

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O que é a esporotricose humana?

A esporotricose é uma micose subcutânea causada por fungos do gênero Sporothrix, presentes no solo, plantas e matéria orgânica em decomposição. A infecção ocorre quando o fungo penetra na pele através de pequenos ferimentos, o que pode acontecer, por exemplo, durante o manuseio de plantas contaminadas ou pelo contato com animais infectados. A doença pode se manifestar de diferentes maneiras:

  • Esporotricose cutânea
  • Esporotricose linfocutânea
  • Esporotricose extracutânea
  • Esporotricose disseminada

Notificação Compulsória

Com a publicação da nova portaria, a esporotricose humana entra oficialmente na lista de doenças que devem ser notificadas compulsoriamente. Essa medida é um passo importante para monitorar e controlar a doença de forma mais eficaz. A partir de agora, todos os casos suspeitos ou confirmados devem ser registrados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), o que permitirá um melhor acompanhamento epidemiológico da doença.

Mas o que isso significa para a saúde pública? A notificação compulsória vai permitir que o Ministério da Saúde tenha uma visão mais clara sobre a distribuição geográfica e a incidência da esporotricose no Brasil. Com esse dado, será possível identificar áreas mais afetadas e, assim, planejar melhor as ações de prevenção e controle.

O que muda com a nova portaria?

A Portaria GM/MS nº 6.734 altera o Anexo I do Anexo V da Portaria de Consolidação GM/MS nº 4/2017, e a partir de sua publicação, a esporotricose humana passa a ser tratada de maneira mais estruturada no Sistema de Saúde. A medida busca garantir uma vigilância mais ativa e eficiente, o que pode trazer benefícios tanto para os profissionais da saúde quanto para a população em geral.

A relevância para a prática diária

Agora, você deve estar se perguntando: o que isso muda na minha prática diária como profissional de saúde? Bem, com o aumento do número de casos e o foco maior no diagnóstico da esporotricose, é importante que estejamos atentos aos sintomas dessa doença. A espontaneidade do diagnóstico e a identificação precoce serão cruciais para garantir o tratamento adequado e, consequentemente, evitar complicações graves.

Como a doença pode ser transmitida por gatos infectados e contato com materiais contaminados, o diagnóstico pode ser desafiador, especialmente em áreas urbanas com grandes populações de gatos abandonados. Isso significa que, além de suspeitar da doença nos pacientes, devemos estar preparados para orientar a população sobre os cuidados preventivos, como evitar o contato com gatos doentes e reforçar a importância do controle dos animais na comunidade.

O impacto da notificação compulsória e o que esperar daqui pra frente

Com a implementação dessa notificação, espera-se que o número de casos diagnosticados e tratados aumente. Além disso, será possível planejar políticas públicas mais eficazes para o controle da esporotricose. Profissionais de saúde terão acesso a protocolos de vigilância mais claros, qualificação constante sobre a doença e melhoria na rede diagnóstica laboratorial.

Outro ponto importante é o impacto da vigilância integrada entre a saúde humana e a saúde animal, já que a doença é transmitida, principalmente, pelos gatos. Isso faz com que o conceito de “Uma Só Saúde” (One Health) ganhe cada vez mais importância, considerando a interação entre humanos, animais e o meio ambiente.

Agora você sabe sobre a Esporotricose

Portanto, é essencial que, além de ficarmos atentos aos sintomas da doença em nossos pacientes, também orientemos sobre as medidas preventivas, como o uso de antifúngicos e o controle do vetor (gatos infectados). 

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Djon Machado

Djon Machado

Professor da Medway. Formado pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), com Residência em Clínica Médica pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Siga no Instagram: @djondamedway