Hanseníase: uma mancha no currículo da saúde brasileira

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Fala, pessoal! Hoje vamos falar sobre um problema de saúde pública global e que gerou, apenas em 2021, mais de 140.594 novos casos, em 106 países diferentes! A doença de hoje é a Hanseníase, uma doença infecciosa, transmissível e bastante prevalente em território nacional. 

E, como formadores de opinião em assuntos de saúde, nós da Medway explicaremos um pouco mais sobre esta doença, falando de sua etiologia, formas de transmissão, sintomas e muito mais.

Então, continue esta leitura e vamos entender mais sobre este assunto.

Afinal, o que é a Hanseníase? 

A hanseníase é uma doença infecciosa causada pela bactéria Mycobacterium leprae, que afeta principalmente a pele e os nervos periféricos. Conhecida no passado como lepra, esta doença é transmitida por meio do contato direto com secreções do nariz e da orofaringe de pessoas doentes.

Segundo o Boletim Epidemiológico da Hanseníase de 2023, divulgado pelo Ministério da Saúde, o Brasil registrou 119.698 casos novos de hanseníase entre 2017 e 2021. Somente em 2021, a taxa de detecção geral de casos novos foi de 8,59 por 100 mil habitantes. Embora esse número seja menor que o registrado em 2012 (12,9 casos por 100 mil habitantes), ele ainda é considerado alto e mostra que é preciso manter a vigilância e o controle da doença.

A hanseníase pode se manifestar de duas formas: paucibacilar ou multibacilar. Na forma paucibacilar, que é mais branda, o paciente apresenta até cinco lesões de pele com perda de sensibilidade, geralmente nas extremidades do corpo, como mãos e pés. Já na forma multibacilar, que é mais grave, o paciente apresenta mais de cinco lesões, que podem estar em qualquer parte do corpo, podendo comprometer os nervos periféricos e levar a alterações na sensibilidade e na força muscular.

Além desta forma de diferenciação quanto à apresentação clínica da doença, podemos classificá-la quanto ao grau de incapacidade que gera no paciente, sendo 0, sem incapacidades; grau 1, com incapacidades limitadas à extremidade distal (como dedos das mãos e dos pés); e grau 2, com incapacidades em outras partes do corpo.

E como sabemos se um paciente tem a doença ou não? 

O diagnóstico da hanseníase pode ser feito de duas formas: clínica e sorológica. O diagnóstico clínico é baseado na avaliação do médico, que verifica a presença de lesões de pele e alterações de sensibilidade e força muscular. Já o diagnóstico sorológico é feito por meio de exames laboratoriais, que detectam a presença de anticorpos contra a bactéria causadora da doença.

Entre estes exames laboratoriais podemos citar a baciloscopia, que verifica a presença da bactéria em amostras de pele e mucosas; a histopatologia, que avalia as lesões de pele; e a polimerase em cadeia (famosa técnica PCR), que detecta o DNA da bactéria.

Como combater a Hanseníase? 

O tratamento da hanseníase é feito com antibióticos específicos para a doença, podendo durar de 6 meses a 2 anos, a depender da forma da doença e do estágio em que foi diagnosticada. Aqui ressaltamos que o tratamento deve ser feito de forma contínua e seguindo as orientações médicas, mesmo que o paciente note uma melhora dos sintomas.

Durante o tratamento, o paciente deve ser acompanhado regularmente por um médico e fazer exames para monitorar a evolução da doença. Além disso, é importante que ele siga algumas medidas de precaução para evitar a transmissão da doença para outras pessoas, como não tendo contato prolongado com pessoas não doentes e evitando o compartilhamento de objetos de uso pessoal, como toalhas e escovas de dentes.

Outra medida importante no combate à doença é a realização de exames periódicos em pessoas que vivem em áreas de maior risco ou que tiveram contato com pacientes diagnosticados com hanseníase. Esses exames podem ajudar a detectar a doença em estágios iniciais e a evitar a transmissão para outras pessoas.

O papel da Atenção Primária no combate à Hanseníase

No Brasil, existe a Estratégia Nacional para o Enfrentamento da Hanseníase, que é um plano estratégico alinhado à OMS e à ONU que visa, por exemplo, reduzir em 55% a taxa de casos novos de hanseníase em menores de 15 anos de idade até 2030.

Neste contexto, a atenção primária à saúde tem um papel crucial, uma vez que é nesse nível de atendimento que ocorre o diagnóstico e tratamento da maioria dos casos. É importante que os profissionais de saúde que atuam neste nível de atenção estejam capacitados para identificar, tratar e encaminhar, se necessário, os casos suspeitos e confirmados de hanseníase.

Além disso, a atenção primária é importante por realizar ações de vigilância epidemiológica, identificando casos novos e contatos domiciliares de pessoas diagnosticadas com hanseníase. Isto ajuda a garantir o diagnóstico precoce e o tratamento adequado, além de prevenir a transmissão da doença.

E aqui encerramos nosso texto

Definitivamente, o diagnóstico precoce da hanseníase é fundamental para evitar a evolução da doença e as sequelas que ela pode deixar. Por isso, é importante que  todos nós estejamos informados sobre os sintomas e as formas de transmissão da doença, para que possamos nos prevenir e buscar tratamento, se necessário, o mais cedo possível.

Portanto, não deixem de compartilhar este texto com seus familiares e amigos. Precisamos urgentemente aumentar a conscientização sobre o tema. E lembrem-se que, juntos, podemos garantir um enfrentamento mais eficaz contra a hanseníase.

Referências

  • https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/h/hanseniase
  • https://www.gov.br/saude/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/boletins/epidemiologicos/especiais/2023/boletim_hanseniase-2023_internet_completo.pdf/view
  • https://bvsms.saude.gov.br/hanseniase-9/
  • https://portal.fiocruz.br/noticia/conheca-os-sintomas-da-hanseniase

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A Redação

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