Níveis de Prevenção em Saúde: tudo que você deve saber

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Ano entra, ano sai e sempre ouvimos sobre os níveis de prevenção. Faz parte de toda nossa prática médica e, também, das provas de residência. 

Quando pensamos em prevenir nos vem à cabeça ações que evitam o surgimento de doenças, reduzindo casos novos e sua prevalência na população. Logo, é o cerne da Medicina Preventiva.  

Em um primeiro momento associamos a prevenção de saúde — em seu contexto macro, primordial — com a promoção de saúde, ou seja, desenvolve-se programas, políticas para atuar positivamente nos aspectos de saúde como, por exemplo, abstinência tabágica, a nutrição adequada e a prática regular do exercício físico.

Entretanto, quando articulamos com a história natural da doença, podemos estabelecer níveis específicos de prevenção. Vamos conferir cada um deles!

Níveis de prevenção em Saúde

Até há pouco tempo, considerava-se que existiam quatro níveis de prevenção em saúde: a prevenção primordial e as clássicas prevenção primária, secundária e terciária, quaternária e, agora uma novo nível, quinquenária. Vamos falar um pouco sobre esses níveis? 

Prevenção Primária

Nesse nível incluem atividades, que buscam evitar ou remover a exposição de um indivíduo ou de uma população a um fator de risco ou causal, isso antes que se desenvolva um mecanismo patológico, ou seja, um período pré-patológico

Como o exemplo mais falado, tem-se a imunização, que visa aumentar a resistência do hospedeiro a um determinado microorganismo. Outros exemplos são a fluoretação da água para evitar cáries, controle de vetores, pré-natal, uso de Equipamentos de Proteção Individual entre outros. 

Prevenção Secundária

Usamos esse nível de prevenção para atuar interrompendo a evolução da doença, uma fase subclínica, ou em um momento que já é instaurado o diagnóstico, já se faz o tratamento mas queremos evitar sua evolução estabelecendo sua cura.

É neste nível de prevenção que se enquadram os rastreios como papanicolau, mamografia, entre outros; e limitação de incapacidade como uso de ácido acetilsalicílico após um acidente vascular encefálico, cessar o tabagismo em pacientes DPOcíticos. Ou seja, buscamos manter a doença no estágio que está.  

Prevenção Terciária

Aqui o objetivo é reduzir os custos sociais e econômicos dos estados de doença na população através da reabilitação e reintegração precoces e da potenciação da capacidade funcional remanescente dos indivíduos.

Assim, podemos dizer que a Prevenção Terciária corresponde, basicamente, à “gestão” dos estados de doença porque não queremos que tenha sequela.

Pode incluir serviços de assistência e de reabilitação para evitar a deterioração e melhorar a qualidade de vida, como fisioterapia, acupuntura, cuidado das lesões, reabilitação após acidente vascular cerebral e uso de órteses e próteses. 

Prevenção Quaternária

Neste nível de prevenção, podemos chamar de “prevenção da iatrogenia” ou “prevenção da prevenção inapropriada”. O objetivo é “evitar ou atenuar o excesso de intervencionismo médico” associado a atos médicos desnecessários ou injustificados.

Ainda, trazer maior capacitação dos pacientes ao lhes fornecer informação necessária e suficiente para se manterem autônomos em suas decisões, sem falsas expectativas, conhecendo vantagens e desvantagens dos métodos diagnósticos ou terapêuticos propostos. 

Este nível mais elevado de prevenção em saúde, portanto, consiste na detecção de indivíduos em risco de sobretratamento, excesso de intervencionismo diagnóstico e terapêutico. 

Percebemos que qualquer um destes níveis de prevenção apresenta uma expressão importante nas decisões clínicas sobre o paciente, sendo portanto a medicina centrada no paciente. 

Isso nos provoca a reflexão que todas as ações preventivas até aqui partem do princípio que o médico é o alicerce que detém o conhecimento e sempre atuará com a melhor evidência e técnica. 

No entanto, desde 2014, surge um novo tipo de prevenção que atua naquele de quem cuida: o médico. Essa prevenção é conhecida como quinquenária.

Ela emerge de ações que evitam práticas involuntariamente incorretas. Nesse contexto levantamos a prevenção no campo psicossocial do médico para evitar, como por exemplo, o burnout (esgotamento).

A ideia é prevenir danos ao paciente oriundos de reações de estresse do ambiente em que os médicos estão expostos. Aqui fica uma tabela com os conceitos bem resumidos:

Nível de prevençãoObjetivo
Prevenção PrimáriaPrevenir que a doença surja.

Evitar que uma pessoa saudável, que se sente saudável, fique doente.
Prevenção SecundáriaDetectar a doença precocemente e evitar que ela evolua.
Detectar a doença em quem está doente, mas sente-se saudável.
Prevenção TerciáriaReabilitação e redução da morbimortalidade.
Reduzir morbimortalidade na pessoa que está doente e se sente doente.
Prevenção QuaternáriaEvitar iatrogenias e medidas obstinadas.
Evitar intervenções desnecessárias em que não está doente e se sente doente.
Também pode ser aplicada nos cuidados paliativos, evitando medidas obstinadas que não trazem conforto e nem mudam o prognóstico.
Prevenção QuinquenáriaFocado no profissional de saúde para evitar impactos no paciente.
Trabalhar para manter a saúde mental dos profissionais, prevenir síndrome do esgotamento (burnout). Evitando possíveis consequências ao paciente.

Como o tema níveis de prevenção cai nas provas de residência

Agora que você já entendeu cada nível e seus objetivos, vale ficar de olho em como esse assunto aparece nas provas de residência — e spoiler: ele cai com muita frequência!

A maioria das bancas cobra questões conceituais diretas, pedindo que o candidato identifique o nível de prevenção de exemplos clássicos, como vacinação, rastreamento de doenças ou reabilitação pós-AVC. São perguntas que costumam ter nível de dificuldade baixo a médio e aparecem em provas de acesso direto.

Mas também é comum ver questões situacionais, em que a banca apresenta um caso clínico simples e pede para reconhecer em qual fase da história natural da doença se encaixa aquela ação preventiva. É aqui que o raciocínio clínico entra em cena — entender se a intervenção é antes do surgimento da doença, durante a fase subclínica ou após o diagnóstico faz toda a diferença.

Outro ponto recorrente é a associação com Saúde Coletiva e Atenção Primária. Muitas provas trazem exemplos ligados a campanhas de vacinação, programas de rastreamento (como o papanicolau ou a mamografia) e ações de promoção de saúde — assuntos que estão no coração da Medicina Preventiva.

E, claro, as provas mais atualizadas já estão cobrando os novos níveis de prevenção, principalmente a prevenção quaternária, relacionada à evitação de iatrogenias e intervenções desnecessárias, e a quinquenária, voltada à saúde mental do profissional de saúde.

Então, se esse tema estiver no edital — e quase sempre está —, revise os conceitos, relacione-os à história natural da doença e memorize exemplos clássicos. Esse combo é o caminho certeiro pra garantir o ponto na prova!

Esses são os níveis de prevenção em saúde!

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Referências

Leavell e Clark. Níveis de prevenção.

https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/5540760/mod_resource/content/1/Leavell%20%20Clark-niveis%20preven%C3%A7%C3%A3o.pdf
Santos, José Agostinho. Prevenção quinquenária: prevenir o dano para o paciente, actuando no médico. Rev Port Med Geral Fam 2014;30:152-4

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Priscila Ruffato

Priscila Ruffato

Médica do trabalho pela Faculdade de Medicina do ABC. Formada pelo Centro Universitário de Valença. Pós-Graduada em Estratégia de Saúde da Família. Formada em Relações Internacionais pela PUC-Minas.