Nova Matriz do Inep para avaliação médica entra em vigor: saiba mais!

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O Inep publicou, nesta segunda-feira (21), no Diário Oficial da União, a Portaria nº 478/2025, que institui a Matriz de Referência Comum para a Avaliação da Formação Médica

A medida começa a valer a partir de 1º de agosto de 2025 e visa padronizar os exames de formação médica às Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN), garantindo maior coerência pedagógica, além da integração entre teoria, prática e postura profissional. A portaria determina que a matriz será utilizada na formulação dos exames sob responsabilidade do Inep.

CLIQUE E CONFIRA A PORTARIA Nº 478/2025 NA ÍNTEGRA 

Para que serve a matriz?

De acordo com o documento, a matriz foi criada com quatro objetivos principais:

  1. Unificar as diretrizes avaliativas dos exames médicos no Brasil, garantindo alinhamento com as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) dos cursos de Medicina.
  2. Integrar teoria, prática e postura profissional, com foco nas competências essenciais para a realidade médica brasileira.
  3. Assegurar critérios justos e isonômicos de avaliação para todos os estudantes, independentemente da instituição onde estudam.
  4. Fortalecer a função dos exames como instrumento de qualidade, contribuindo para políticas públicas mais eficazes em saúde e educação.

Quais são as novas habilidades e competências exigidas pela matriz? 

A matriz define que as provas devem contemplar sete áreas fundamentais da Medicina: Clínica Médica; Cirurgia Geral; Ginecologia e Obstetrícia; Pediatria; Medicina de Família e Comunidade; Saúde Mental e Saúde Coletiva.

Além disso, as provas devem avaliar muito além do conhecimento teórico. Elas vão exigir que os estudantes demonstrem competências práticas, atitudes éticas e habilidades interpessoais fundamentais para a atuação médica. Confira os principais pontos:

  • Respeito à diversidade em suas múltiplas dimensões (biológica, cultural, étnico-racial, de gênero, socioeconômica, política, etc.), com foco na equidade e na humanização do cuidado.
  • Raciocínio clínico sólido, com capacidade de formular hipóteses diagnósticas, definir planos propedêuticos e interpretar exames com base nas melhores evidências.
  • Planejamento terapêutico individualizado e colaborativo, considerando a realidade epidemiológica, os recursos disponíveis e os princípios éticos e legais.
  • Atuação eficaz em urgências e emergências, preservando a integridade física e mental das pessoas.
  • Realização segura de procedimentos médicos, com clareza na comunicação com pacientes e familiares.
  • Visão coletiva da saúde, com capacidade de planejar intervenções em comunidades, sempre em diálogo com o SUS e suas diretrizes.
  • Comunicação empática e acessível, verbal e não verbal, com pacientes, equipes e comunidades.
  • Trabalho em equipe, com postura ética, respeito institucional e colaboração interprofissional.
  • Domínio da documentação clínica e legal, incluindo prontuários, atestados, laudos e notificações.
  • Postura ética e responsável, com sigilo, transparência e foco na segurança do paciente.
  • Uso crítico e ético da tecnologia na prática médica, visando segurança, eficiência e qualidade do cuidado. 

Cenários de avaliação 

Além de definir o que deve ser cobrado nas avaliações, a nova matriz também estabelece onde esse conhecimento será colocado à prova: em situações-problema e casos clínicos baseados em cenários reais do SUS.

Esses contextos simulam a rotina de atuação do médico generalista e vão servir de base para os exames aplicados pelo Inep. Confira os principais cenários práticos previstos:

  • Rede de Atenção Primária
  • Rede de Urgência e Emergência (como UPAs, SAMU e hospitais gerais)
  • Rede Materno Infantil (maternidades e casas de parto)
  • Rede de Atenção Psicossocial (CAPS, Unidades de Acolhimento)
  • Redes de Doenças Crônicas (ambulatórios, atenção domiciliar, hospitais)
  • Rede de Reabilitação (serviços especializados em recuperação física e funcional)

Segundo a portaria, os exames vão priorizar contextos da Atenção Primária e Secundária, com foco especial nos ambientes de atuação médica comunitária, urgência e emergência, e nas estruturas ambulatoriais e hospitalares de menor complexidade.

Além dos cenários clínicos, a matriz também define um conjunto de conteúdos essenciais que o estudante precisa dominar para ser avaliado com base nas competências esperadas. Eles incluem:

  • Bases moleculares e fisiológicas dos processos de saúde e doença
  • Semiologia médica, anamnese e exame físico em todas as faixas etárias
  • Diagnóstico e terapêutica em diferentes fases da vida
  • Promoção e prevenção em saúde, com base em epidemiologia e vigilância
  • Ética, bioética, direitos humanos e segurança de dados
  • Comunicação interpessoal e trabalho em equipe interprofissional
  • Gestão em saúde, políticas públicas e estrutura do SUS
  • Uso de tecnologias e análise crítica de evidências científicas

O objetivo é garantir que o futuro médico não só saiba o conteúdo técnico, mas consiga aplicá-lo com responsabilidade, sensibilidade social e capacidade de decisão nos contextos reais da saúde pública brasileira.


O que muda para você que está na graduação?

Essa matriz representa uma mudança de provas conteudistas para avaliações baseadas em competências reais de atuação médica. Ou seja, não adianta mais saber só de cor a fisiologia — é preciso entender como aplicar esse conhecimento diante de um paciente no SUS. A proposta também reforça a importância da atuação médica nas redes de atenção primária e comunitária.

Dessa forma, se você é estudante de Medicina e vai prestar provas realizadas pelo Inep, essa matriz será o novo norte dos exames. 

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Alexandre Remor

Alexandre Remor

Foi residente de Clínica Médica do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (HCFMUSP) de 2016 a 2018. É um dos cofundadores da Medway e hoje ocupa o cargo de Chief Executive Officer (CEO). Siga no Instagram: @alexandre.remor