Novas orientações de afastamento da Covid-19: saiba mais

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Fala, pessoal! Hoje vou dar um relato sobre as novas orientações de afastamento da Covid-19 e, para isso, vamos relembrar algumas coisas juntos. Logo no início da pandemia aqui no Brasil, mais precisamente em São Paulo, no dia 24 de fevereiro de 2020, todo esse processo começou. 

Novas orientações de afastamento da Covid-19: saiba mais
Novas orientações de afastamento da Covid-19: saiba mais

Para relembrar…

A minha lembrança é muito forte não só porque eu estava voltando de um grande carnaval, mas principalmente porque eu trabalhava em uma UBS naquela época. O vírus estava implacável na Europa, principalmente na Itália e na Espanha, com mais de mil mortes diárias em cada país. 

Os brasileiros começaram a entender o que estava por vir e todos da equipe de saúde passaram a se perguntar o que iríamos fazer quando a demanda, que já era grande, aumentasse com a chegada da Covid-19. 

Quando a prefeitura de São Paulo determinou o início das medidas de isolamento social, as mudanças, que eram graduais, começaram a ficar abruptas, pois parte da sociedade começou a perceber o impacto disso tudo nas atividades de serviços, trabalhos/escolas e até dentro das casas.

O que vimos e vivemos foi a inevitável necessidade de mudança da rotina dentro e fora de casa. Os períodos de isolamento social e quarentena foram determinados pelo tempo de transmissibilidade do vírus.

Tanto a Secretaria de Saúde de São Paulo quanto o Ministério da Saúde disponibilizavam as orientações para a Atenção Primária à Saúde (APS). 

Quem estava na linha de frente na APS percebeu o quão fundamental era essa organização no processo de chegada do paciente sintomático respiratório. Uma nova área nova de atendimento surgiu: o “covidário”.

Uma das mudanças bruscas de rotina para todos os atendimentos médicos em São Paulo foi a maneira que a orientação do atestado médico foi passada. 

As notificações imediatas

A partir da segunda semana de março, quando os atendimentos começaram a ocorrer de maneira quase exponencial, os atestados para Covid-19 foram compatíveis com o início de sintomas, chegando a um limite de 14 dias, de acordo com as orientações dos 14 dias da quarentena.

Até aquele momento, as orientações tanto da Organização Mundial de Saúde quanto da Secretaria de Saúde de São Paulo levavam em consideração o limite da transmissão. Além disso, havia uma orientação para os contactantes do mesmo domicílio receberem uma declaração e orientação sobre a necessidade de isolamento social naquele período. 

Foi dessa maneira que as notificações imediatas desde 15 de abril de 2020 se tornaram obrigatórias em até 24h dos casos suspeitos e/ou confirmados e óbitos por COVID-19, logo após o atendimento que levantasse hipótese diagnóstica para esse agravo.

Toda a cascata dessas ações gerou impactos profundos, tanto coletivos como individuais. Primeiro porque a primeira onda da pandemia foi devastadora no contexto clínico e no contexto emocional dos infectados com o vírus.

Vivíamos dentro de uma situação inédita e os estudos caminhavam para uma chance de tratamento eficaz que só viria com a vacinação.

Com a chegada dos testes para Covid19 em meados de maio de 2020, as orientações dos atestados passaram a ficar mais práticas e focadas para aqueles que, de fato, possuíam mais fatores associados para o quadro gripal.

Até aquele momento, todo Brasil sofria com a escassez de testes, e na APS não foi diferente. De maneira programática, apenas os pacientes sintomáticos eram testados via testagem PCR – SarsCov2 pelo SWAB orofaringe e nasofaringe. 

As indicações de testagem eram a partir do terceiro dia de sintomas gripais, pois o teste era capaz de detectar as partículas virais na superfície da mucosa, diferentemente dos exames de testagem rápida para Covid19. Estes últimos identificavam no sangue, a partir do sétimo dia, a subida da curva do IgM, e a partir do décimo dia, a elevação dos níveis de IgG. 

Em parte, isso favoreceu o controle do isolamento social e da quarentena focada nos indivíduos sintomáticos e com a testagem positiva de Covid19.

A pandemia seguia implacável em todos os setores da saúde, nas UBS, nas UPAs, nas Emergências e nas UTI dos Hospitais. 

O vírus “dá uma trégua”

A trégua do vírus começou a ocorrer quando, após meses de ensaio clínico, as vacinas CoronaVac e a ChAdOx1 da AstraZeneca começaram a ser indicadas aos profissionais de saúde e aos principais grupos de riscos por faixa etária do maior para o menor.

Perto desse momento, eu prestava provas de Residência Médica e passei na USP-SP! Foi um salto na carreira, pois estava focado para passar nessa residência e, para minha surpresa, meu primeiro estágio foi no Pronto-Socorro do maior centro de atendimentos da América Latina. 

Comecei o atendimento junto ao restante da equipe dos casos graves de Covid19 no HC durante o pico da pandemia.

Os pacientes que eu passei a atender, além da complexidade das comorbidades, eram gravemente atingidos pela Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), Trombo Embolismo Pulmonar (TEP), Insuficiências Renais e Cardíacas desencadeadas pelos avanços da infecção do Covid19. 

Pacientes apresentando polineuropatias do doente crítico após internações prolongadas por Covid além das inevitáveis situações irreversíveis que acarretavam falecimentos.

O que vimos nos atendimentos hospitalares foi a mudança gradual do perfil dos pacientes, pois no avanço da vacinação, aqueles pacientes idosos começavam a se mostrar mais resistentes à infecção. 

Aos poucos as mudanças, inclusive das orientações da equipe da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar, conhecido como CCIH, foram chegando aos setores, planos terapêuticos, indicações de testagem e atestados médicos.

Novas orientações de afastamento da Covid-19

Atualmente, as novas orientações de afastamento da Covid-19 ou síndromes gripais são, para os pacientes com casos leves e 48h sem febre, de 10 dias após o início dos sintomas. Para casos moderados, de 14 dias, e para casos graves, de 20 dias. Em pacientes com imunossupressão, são necessários 28 dias de isolamento seguindo os mesmos critérios.

Lembrando que parte dessas orientações podem sofrer alterações específicas de cada município ou Secretaria de Saúde, e ainda da CCIH de cada instituição.

Curtiu saber mais sobre as novas orientações de afastamento da Covid-19? 

É isso, pessoal! Esperamos que tudo tenha ficado claro e que você tenha compreendido o conteúdo!

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Referências

1 – site: Boletins Epidemiológicos COVID-19 — Português (Brasil) (www.gov.br)

2 – site: Coronavírus Brasil (saude.gov.br)

3 – site: SP Contra o Novo Coronavírus | Governo do Estado de São Paulo (saopaulo.sp.gov.br)

4 – Prado MFD, Antunes BBP, Bastos LDSL, Peres IT, Silva AABD, Dantas LF, Baião FA, Maçaira P, Hamacher S, Bozza FA. Análise do subnotuário COVID-19 no Brasil. Rev Bras Ter Intensiva. 2020 Jun;32(2):224-228. doi: 10.5935/0103-507x.20200030. Epub 2020 Jun 24. PMID: 32667439; PMCID: PMC7405743.

5 – NOTA TÉCNICA nº. 05/2020. DA OBRIGATORIEDADE DAS NOTIFICAÇÕES DE TODOS OS CASOS SUSPEITOS E CONFIRMADOS DE COVID-19 PELOS PROFISSIONAIS DOS SERVIÇOS ASSISTENCIAIS À SAÚDE.

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ThadeuRocha da Costa

Thadeu Rocha da Costa

Paulistano, nascido em 1986, médico desde 2015, formado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Faz residência de Medicina Física e Reabilitação na Universidade de São Paulo (USP). Pós-Graduado em Dor pelo Hospital Israelita Albert Einstein. Trabalhou como médico de Família e Comunidade com destaque para o lado humanizado do cuidado. A paixão pela Medicina Preventiva se confunde com a ideia de dividir conhecimento ao próximo.