Podcast Projeto R1 SP – episódio #4: Estudei para a escolha mais importante da minha vida

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Fala, pessoal! Saiu mais um episódio do nosso podcast Projeto R1 São Paulo e, desta vez, o papo foi sobre autoconhecimento e sobre aprender com os próprios erros. Nós conversamos com o Gabriel Cunha, formado em Medicina na Universidade do Estado do Pará e R1 de Clínica Médica na Unifesp. Ele nos contou toda a sua trajetória até a sua aprovação: o que deu errado, o que deu certo, como lidou com o fracasso e se reergueu, quais foram as técnicas de estudo utilizadas e muito mais! Se você está precisando de um “up” na sua motivação, bora lá que esse resumão do episódio novo do Projeto R1 vai te ajudar!

Hoje vamos resumir o episódio #4 do podcast Projeto R1 SP.
Quer dicas de estudo imperdíveis e um “up” na motivação? Então continue lendo!

Do Pará pra São Paulo: os mitos e a realidade

Gabriel nos revela que desde sempre teve o sonho de vir pra São Paulo, mas ficava muito inseguro pensando se estava estudando da forma adequada, em como estava a concorrência em São Paulo e se ia dar certo. Mas logo começou a ver que era um sonho possível. Isso acontece porque existe o mito de que o pessoal que faz faculdade em São Paulo está num nível muito acima, se preparando de formas muito diferentes. E isso é uma fantasia, que, de acordo com o nosso convidado, vem diminuindo. Cada vez mais pessoas de fora estão vindo para São Paulo, como ele mesmo fez. 

Ele também relatou que a competitividade dentro da residência é algo que ele ficou surpreso em não encontrar. Na verdade, o que ele encontrou na residência foi um coleguismo muito grande, em que um aprendia com o outro. Sem essa história de passar a perna!

A preparação pra residência no 5º ano: o que deu errado?

Antes mesmo de chegar no 5º ano, o Gabriel já pensava na aprovação da residência. Só que o foco dele estava um pouco desviado do que realmente importava, olha só:

“Tem um extra nessa história. Por volta do 3º ano eu comecei a pesquisar os editais. Porque eu me preocupava: ‘Ah, o que eu tenho de currículo?’. A gente fica até pelo menos os 3 primeiros anos muito preocupado com currículo, currículo, currículo. E a gente acha que é só isso. Aí eu lembro de uma frase marcante que um professor meu falou: ‘Cara, currículo é importante, é bacana. Mas o que te passa na tua prova de residência é a sua nota da prova‘”.

Ele também relata no Projeto R1 que, na metade do seu 4º ano da graduação, começou a adiantar os estudos pro internato através de apostilas e resumos, para poder aproveitar melhor o internato e então no 5º ano começar os estudos para a residência.

Chegando no 5º ano, Gabriel se inscreveu num cursinho e começou a acompanhar os conteúdos da Medway. Ele cita o e-book dos 15 bloqueios que te impedem de ser aprovado na residência e diz que se identificou com vários deles. Um dos maiores era o de querer fazer tudo. Ele conta como foi a preparação a partir daí:

“E meio que foi nesse ano, meu 5º ano foi pautado nessa loucura. (…) Eu achava ‘Ah não, todo mundo falava que não dá pra resumir, então se eu conseguir resumir tudo eu acho que vai dar certo e é isso’. Aí chegou no meu 6º ano (…) Fiz a minha primeira prova de São Paulo, bau! Acho que era uma prova do Einstein, tirei 60 se não me engano. E eu fiquei assustadíssimo! Po, eu resumi tudo, estudei tudo, cheguei lá e tirei 60! 60 não dá nem pra chegar perto de passar em Clínica Médica, então foi um susto assim, sabe? Mas foi um daqueles ‘chacoalhos’ que a vida dá que são muito importantes pra virar a chave, sabe?”.

E agora? Bom galera, a motivação por si só não garante muita coisa, né? Sem a metodologia correta, você vai com muita energia na direção errada. Gabriel percebeu que seus métodos de estudo não estavam dando resultados, então resolveu mudar. Uma dica: faça como ele. Se o seu estudo não está dando resultados, não culpe a prova por ser difícil demais ou pense que “São Paulo é inalcançável”. Provavelmente é a sua estratégia que ainda não está no que chamamos de “padrão-ouro”.

A retomada dos estudos e as metodologias

Com o início da pandemia, Gabriel se formou mais cedo e já começou a atuar no hospital. Mas, após alguns meses trabalhando, percebeu que precisava correr atrás do sonho da residência. Foi aí que, em julho, ele viu os anúncios do Intensivo São Paulo e se inscreveu. Ele relata que as únicas aulas que ele assistiu foram as do Intensivo. A prioridade era de realizar questões e provas antigas. Se liga nas dicas de organização e planejamento de estudos que o Gabriel passou: 

“E com isso foi passando o ano, [fui] fazendo muita questão. Eu tinha montado até uma planilha do Excel onde eu anotava assim: ‘essa semana eu vou fazer questões desse assunto’, e colocava lá o percentual de questões que eu fiz, digamos, de pneumologia. Fiz 20 questões de asma e verificava qual era o meu percentual de acerto, e anotava o que eu estava errando mais. (…) E aí foi passando o ano, foi diminuindo cada vez mais o tempo pras aulas, mas aumentando o ritmo de questões.”

Metrificar o rendimento é algo que SEMPRE falamos sobre no Projeto R1, o Gabriel estava certíssimo! E tem mais:

“Eu lembro que em novembro, que foi o período mais intenso, eu tinha pego o aplicativo do Intensivo e eu montei listas, e nisso continuei fazendo as provas, né? Eu montei uma lista só com questões da Unifesp. Tinham lançado aquele material que eram os 8 principais temas de cada área que caía, né? Eu peguei o da Unifesp, aí eu montei uma lista assim: ‘Semana 1 de novembro: fazer todos os assuntos de preventiva’, aí dava 900 questões. Semana 2: todos de clínica médica. Semana 3: todos de pediatria. Pra estar bem fresca na minha cabeça. E assim, dá pra fazer. Com o tempo, a gente começa a se acostumar a fazer as questões de uma forma mais rápida, de olhar a palavra-chave que é realmente importante naquele caso gigantesco e lendo direto ali no final. E foi um gás muito grande”.

Como fazer o grupo de estudos dar certo

Pra mudar a sua estratégia, primeiramente, ele criou um grupo de estudos. Esse é um método meio polêmico, porque muitas vezes o grupo de estudos pode se tornar bate-papo entre amigos e trazer baixos resultados.

Mas ele dá as dicas pro seu grupo de estudos ser efetivo: ter uma pessoa muito boa pra cada área, fazer provas na íntegra toda semana e depois se reunir com os colegas para corrigir, e fazer rodízios de quem vai tirar as dúvidas dos colegas em cada especialidade a cada semana.

Dessa forma, você consegue aprender lógicas diferentes para a mesma questão, é cobrado por ter o compromisso de ensinar aos seus colegas determinado conteúdo e tem a motivação e o “empurrãozinho pra cima” deles.

Flashcards: sim ou não?

Todo método de estudos vai de pessoa pra pessoa. No caso do Gabriel, ele assinou um grupo de flashcards e estava bem empolgado para começar, mas não viu os resultados que queria. Isso provavelmente se explica porque ele tentava estudar pelos flashcards de outras pessoas, e os flashcards são muito mais efetivos quando você mesmo os faz. Por isso, antes de tentar essa metodologia, se atenha à maneira correta de usá-la. Tem que ser com sabedoria, fechou?

Prestar mais provas é garantir o sucesso?

Gabriel nos conta no nosso Projeto R1 que só prestou pra duas instituições, que eram as suas únicas instituições de interesse: Unifesp e USP. Ele ficava até angustiado de ver seus amigos prestando diversas provas, mas no final foi um sucesso, né? Muitas vezes, quanto mais tiro no escuro, mais difícil se torna acertar. Focar no seu sonho e nas suas prioridades é essencial pra um bom resultado.

Saber exatamente o que você quer fazer e onde quer fazer te dá um “gás” absurdo. Pesquisar sobre as instituições e pesquisar bastante sobre as especialidades te faz ganhar uma motivação a mais. Esse é o poder do sonho. Esse poder faz você adotar condutas alinhadas com o seu objetivo.

Vida pessoal e administração de tempo

Uma outra dica importantíssima que o Gabriel trouxe pro Projeto R1 é a seguinte: não abra mão da sua vida pelos estudos. Os estudos devem fazer parte da sua vida, assim como outras coisas importantes pra você. Claro, em ano de preparação pra residência o foco são as provas. Mas manter a sua saúde física e mental também é importante. Vamos ver o que ele diz sobre isso:

“Parece que precisa estar 9, 10, 12 horas por dia estudando direto. Cara, dá pra tirar 30, 40 minutos pra se exercitar, pra dar uma caminhada, pra ir na academia, pra fazer alguma coisa que goste de fazer. Uma coisa que parecia que não tinha nada a ver, mas só de tirar, assim, uma hora pra estar fazendo alguma coisa que eu gostava e desconectar do mundo de questão, de Medicina, pra voltar depois, parece que é meio um detox, saca? Depois volta com um gás muito grande pra querer fazer. Porque uma coisa que eu percebia também é que quando eu ficava muitas horas estudando direto ou muitos dias estudando direto, eu começava a ficar meio preguiçoso, sabe?”

Viu, galera? As pausas são importantes não só pra manter o seu bem-estar como pra manter os estudos com aquela energia lá em cima!

Como lidar com o fracasso?

Aceitar que você pode falhar é um passo muito importante pra sua preparação. Além da mentalidade positiva, sempre tem a chance de algo dar errado. E você tem que estar preparado pra isso. Aceite: você vai ficar triste, você vai se decepcionar e se frustrar. Não é só porque os estudos e as notas estão decolando que eles vão sempre subir. Às vezes dão uma caída, às vezes despencam. No dia da sua prova não existe só o fator estudo. Existem diversos fatores externos e internos que podem te atrapalhar. O importante é aceitar que isso pode acontecer, saber quais são as suas opções se tudo der errado e bola pra frente! Claro, a gente fica mal. Mas o importante é não desistir do sonho. Afinal, só não acontece quando a gente desiste!

Aprendendo a ser protagonista do seu sonho

Gabriel deixa um último conselho no episódio #4 do Projeto R1 para quem está na jornada de preparação para as provas de residência:

“Um conselho mais importante é decidir o seu sonho, sabe? Decidir o que você quer realmente e não apressar as coisas de ‘Ah, eu preciso passar logo no 6º ano pra fazer alguma coisa.’ Eu tinha alguns amigos que não tinham ideia do que iam fazer na residência, mas tavam lá fazendo prova. Escolher o teu sonho te ajuda muito a seguir toda a barra que é passar por esses anos. Fazer tudo isso aqui porque a gente quer chegar num ponto, chegar num lugar, ou fazer algo que a gente gosta, que a gente ama. E falo por experiência própria, ter decidido meu sonho, o que eu sempre quis, me ajudou a aguentar meu 5º ano, me ajudou a aguentar meu 6º ano.

E aí, curtiu o resumo do episódio #4 do Projeto R1?

Deu pra sentir uma pontinha de esperança com a história do Gabriel? Então continue escrevendo a sua! Quem sabe ela não aparece no podcast Projeto R1 SP como inspiração para outras pessoas? E fica de olho que estamos lançando novos episódios a cada 15 dias, sempre às quartas-feitas. Publicamos também episódios do podcast Finalmente Residente, em que detalhamos a vivência dentro de diferentes especialidades e instituições. Acompanhe!

Pra descobrir ainda mais dicas, é só escutar o bate-papo na íntegra do Gabriel Cunha com o Mica e com o Alê. Aperta o play aí! Te garanto: vai ser uma ótima motivação pra estudar pra residência!

AlexandreRemor

Alexandre Remor

Nascido em 1991, em Florianópolis, formado pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) em 2015 e com Residência em Clínica Médica pelo Hospital das Clínicas da FMUSP (HC-FMUSP) e Residência em Administração em Saúde no Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE). Fanático por novos aprendizados, empreendedorismo e administração. Siga no Instagram: @alexandre.remor