Tratamento da úlcera genital: conheça como manejar cada doença específica

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Fala, pessoal! Hoje vamos falar sobre o tratamento da úlcera genital, tema clássico das provas de residência médica  também do dia a dia de qualquer médico generalista ou ginecologista. 

Vamos começar definindo: o que é uma úlcera? A ulceração é a perda completa da cobertura epidérmica com invasão para a derme subjacente. Já a erosão é a perda parcial da epiderme sem penetração da derme, distinguidas pelo exame físico. 

Já as úlceras genitais infecciosas representam síndrome clínica produzida por agentes infecciosos sexualmente transmissíveis e que se manifestam como lesões ulcerativas erosivas, precedidas ou não por pústulas e/ou vesículas, acompanhadas ou não de dor, ardor, prurido, drenagem de material mucopurulento, sangramento e linfadenopatia regional. 

Os agentes etiológicos infecciosos mais comuns nas úlceras genitais são: 

  • T. pallidum (sífilis primária e secundária); 
  • HSV-1 e HSV-2 (herpes perioral e genital, respectivamente); 
  • H. ducreyi (cancro mole);
  •  C. trachomatis, sorotipos L1, L2 e L3 (linfogranuloma venéreo); 
  • K. granulomatis (donovanose). 

Sabendo disso, e feito o diagnóstico, é preciso iniciar tratamento adequado para cada tipo de úlcera.

E agora? Como tratar?

Nos casos em que a úlcera genital for claramente diagnosticada como uma IST, o paciente deve ser assistido adequadamente, segundo o fluxograma para o manejo de úlcera genital, conforme o fluxograma abaixo. 

Considerando a importância para a saúde pública, em caso de dúvida sobre a hipótese diagnóstica e na ausência de laboratório, o tratamento da úlcera genital como IST deve ser privilegiado.

Fluxograma. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Atenção Integral Às pessoas com Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) — Ministério da Saúde, Brasília — DF — 2020.

Vamos agora, ver individualmente cada tratamento específico

Sífilis

A Penicilina Benzatina é a medicação de escolha para o tratamento da sífilis, especialmente nas gestantes, pois é o único antibiótico que comprovadamente evita a transmissão vertical.  Na sífilis primária, secundária e latente recente o tratamento é com Penicilina Benzatina, 2,4 milhões UI, intramuscular, em dose única. 

Na sífilis latente tardia, latente de duração indeterminada e terciária devemos usar a Penicilina Benzatina, 2,4 milhões UI, intramuscular, semanal, por três semanas. 

Como é uma infecção sexualmente transmissível, as parcerias sexuais devem ser avaliadas e tratadas. Também devemos rastrear outras infecções para que o tratamento seja prescrito, se necessário.

O acompanhamento do tratamento é muito importante para mostrar a remissão da infecção e ele é feito com o VDRL, teste não treponêmico, mensalmente nas gestantes para evitar a transmissão vertical e a cada três meses em pacientes não gestantes. 

Fonte: Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Atenção Integral Às pessoas com Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) — Ministério da Saúde, Brasília — DF — 2020.

Cancro mole

O tratamento deve ser feito com Azitromicina 1 g via oral em dose única, como primeira opção. Sempre devemos pesquisar outras infecções sexualmente transmissíveis e tratar as parcerias sexuais, mesmo que assintomáticas.

Herpes genital

Para a primoinfecção vamos ser mais agressivos e utilizar o aciclovir oral 400 mg 3x/dia por 7 – 10 dias. Para as recorrências, podemos manter essa posologia por 5 dias. Pacientes com mais de seis episódios no ano devem realizar o tratamento supressivo, com aciclovir 400 mg duas vezes por dia por até 6 meses, podendo ser prolongado por até 2 anos. 

Linfogranuloma venéreo

O tratamento deve ser feito com Doxiciclina, 100 mg via oral, duas vezes ao dia, por 21 dias. Todas as parcerias sexuais devem ser tratadas e outras infecções sexualmente transmissíveis devem ser rastreadas. 

Donovanose

O tratamento deve ser prolongado, a primeira linha é com azitromicina 1 g uma vez por semana por 3 semanas ou até a cicatrização das lesões. Um detalhe importante e interessante é que as parcerias sexuais assintomáticas não precisam ser tratadas devido baixo potencial de infectividade. 

Resumindo…

E aí, curtiu saber mais sobre o tratamento úlcera genital infecciosa?

Agora você conhece mais sobre como tratar as diferentes causas de úlceras genitais infecciosas! Então, confira outros conteúdos que publicamos aqui no blog. Eles foram feitos especialmente para você mandar bem no seu plantão e vida profissional, além de ficar por dentro dos mais variados assuntos.

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