14 especialidades com redução de vagas na residência médica: veja quais e por quê

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Todos os anos, novos médicos ingressam nos programas de residência, buscando aprimorar seus conhecimentos e habilidades em diversas áreas. No entanto, um dado chamou atenção na última edição do estudo Demografia Médica no Brasil, publicado em novembro de 2024: 14 especialidades tiveram redução no número de vagas de residência médica entre 2018 e 2024.

Mas o que pode estar por trás dessas mudanças? Por que algumas áreas da Medicina sofreram cortes nas vagas de residência enquanto outras tiveram crescimento? Vamos explorar esses dados com base nas informações do relatório oficial. Fique sabendo de tudo lendo nosso post!

O que é a Demografia Médica?

A Demografia Médica no Brasil é um estudo realizado periodicamente para analisar a distribuição e a evolução da força de trabalho médica no país.

Esse levantamento inclui informações sobre o número de médicos formados, a distribuição geográfica das especialidades e as mudanças nos programas de residência médica.

O relatório publicado em novembro de 2024 fornece uma visão detalhada sobre o cenário da residência médica entre 2018 e 2024, destacando quais especialidades tiveram aumento ou redução de vagas.

Com base nos dados presentes no documento conseguimos identificar as especialidades que passaram por mudanças expressivas no número de vagas oferecidas para novos residentes.

Especialidades que tiveram aumento no número de vagas

Antes de falarmos sobre as especialidades que perderam vagas, vale destacar algumas áreas que tiveram crescimento expressivo. De acordo com o estudo:

  • Medicina de Família e Comunidade: 751 vagas a mais;
  • Clínica Médica: 679 vagas a mais;
  • Medicina Intensiva: 432 vagas a mais;
  • Ginecologia e Obstetrícia: 213 vagas a mais.

O aumento no número de vagas de residência médica nessas especialidades reflete a necessidade de fortalecimento da Atenção Primária e da assistência hospitalar intensiva, áreas que se tornaram ainda mais estratégicas nos últimos anos.

Especialidades que tiveram redução no número de vagas

Por outro lado, 14 especialidades tiveram uma redução no número de vagas de residência médica entre 2018 e 2024. A queda foi mais acentuada nas áreas cirúrgicas, que perderam um número elevado de vagas.

1. Cirurgia Geral (-10,9%)

A especialidade, que forma médicos para atuar em procedimentos cirúrgicos gerais, teve uma redução de 10,9% nas vagas de residência​, o que pode estar ligado à extinção do Programa de Pré-Requisito em Área Cirúrgica Básica.

2. Cirurgia Oncológica (-26,6%)

A Cirurgia Oncológica, essencial no tratamento de cânceres por meio de remoção de tumores, apresentou queda de 26,6% no número de vagas de residência.

3. Cirurgia Plástica (-1,2%)

Embora pequena, a redução de 1,2% nas vagas de Cirurgia Plástica pode indicar uma menor abertura de programas em algumas regiões.

4. Cirurgia Torácica (-23,4%)

Com uma queda de 23,4%, essa especialidade, voltada para procedimentos cirúrgicos no tórax e pulmões, teve um impacto relevante.

5. Cirurgia do Aparelho Digestivo (-10,7%)

A redução de 10,7% na Cirurgia do Aparelho Digestivo pode estar relacionada à diminuição da procura por programas que exigem um longo período de formação.

6. Cirurgia de Cabeça e Pescoço (-45,3%)

Uma das quedas mais altas, essa especialidade teve uma redução de 45,3% nas vagas. O treinamento é complexo e exige dedicação extrema, o que pode ter impactado a procura.

7. Cirurgia Vascular (-8,6%)

A especialidade, que trata doenças das artérias e veias, perdeu 8,6% das vagas de residência.

8. Urologia (- 2,3%)

A Urologia, responsável pelo tratamento de doenças do trato urinário e do sistema reprodutor masculino, também teve redução de vagas.

9. Acupuntura (-18,2%)

A Acupuntura, que integra a medicina tradicional chinesa e a prática médica ocidental, teve uma queda de 18,2% nas vagas​.

10. Angiologia (-50%)

A Angiologia, que trata doenças dos vasos sanguíneos e linfáticos, sofreu a maior queda percentual, com redução de 50% nas vagas.

11. Mastologia (-1,8%)

A Mastologia, voltada ao diagnóstico e tratamento de doenças das mamas, registrou uma queda de 1,8%.

12. Medicina do Tráfego (-20%)

Com uma redução de 20%, essa especialidade, que estuda os impactos do trânsito na saúde pública, também foi afetada.

13. Medicina Nuclear (-39,3%)

A Medicina Nuclear, utilizada no diagnóstico por imagem e tratamento de doenças como o câncer, sofreu uma redução de 39,3% nas vagas.

14. Radioterapia (-20,8%)

A Radioterapia, necessária no tratamento do câncer, também teve uma redução considerável no número de vagas.

Qual o motivo dessa redução?

A redução no número de vagas de residência em 14 especialidades, principalmente nas cirúrgicas, tem causas variadas.

Extinção do Programa de Pré-Requisito em Área Cirúrgica Básica

Um dos principais motivos é a extinção do Programa de Pré-Requisito em Área Cirúrgica Básica, que foi interrompido em 2021.

Esse programa tinha duração de dois anos e servia como etapa preparatória para diversas especialidades cirúrgicas, mas não concedia título de especialista.

Com o seu fim, a estrutura da formação médica precisou ser readequada, o que impactou diretamente a oferta de vagas.

Falta de infraestrutura e investimentos

Além disso, fatores como a falta de infraestrutura e investimentos em determinados programas podem ter levado à redução das vagas.

Algumas especialidades exigem equipamentos avançados, leitos hospitalares e um alto número de profissionais experientes para atuar como preceptores, o que nem sempre está disponível em todas as instituições.

Alteração na demanda médica

Outro ponto relevante é a mudança no perfil da demanda médica. Com o crescimento da Atenção Primária e da necessidade de especialistas em áreas como Medicina de Família, Clínica Médica e Medicina Intensiva, algumas áreas cirúrgicas podem ter perdido prioridade nos investimentos.

Desigualdade na distribuição geográfica

Por fim, a distribuição geográfica desigual das vagas também influencia. Regiões com menor estrutura hospitalar podem enfrentar dificuldades em manter programas de residência funcionando plenamente, reduzindo o número de oportunidades para novos médicos.

Esses fatores combinados explicam a queda na oferta de vagas de residência médica em especialidades estratégicas e apontam para a necessidade de reavaliação das políticas de formação médica no Brasil.

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RodrigoFranco

Rodrigo Franco

Paraense e professor de Clínica Médica da Medway. Formado pelo Centro Universitário do Estado do Pará, com Residência em Clínica Médica pelo Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE). Siga no Instagram: @ro.medway