Demografia médica no Brasil: Qual é a projeção da oferta de médicos até 2035?

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A população de médicos é muito numerosa. Além disso, a tendência é que haja mais mulheres que homens exercendo a profissão. Vamos falar sobre a demografia médica no Brasil. 

Outra tendência é que a população médica seja mais jovem e mais desigualmente distribuída pelo Brasil. O desequilíbrio entre provisão de médicos e necessidades dos sistemas de saúde e das populações é um problema que afeta todo o mundo.

No Brasil, além de estarem mal distribuídos geograficamente, os médicos também estão distribuídos de forma desigual entre os setores privado e público.

Confira qual é a projeção da oferta de médicos até 2035. Os dados aqui apresentados foram retirados da “Demografia Médica no Brasil 2023”.

Projeção prevista para o Brasil

Conforme explicamos, a população de médicos no país tende a ser mais feminina, mais jovem e, provavelmente, mais desigualmente distribuída. Estima-se que, para 2035, mais de um milhão de médicos estarão atuando no Brasil.

Com isso, a projeção da DMB se baseou em um modelo de Dinâmica de Sistemas e foi executada no contexto do projeto Provmeda, conforme pesquisa realizada entre a USP (Universidade de São Paulo), a Opas (Organização Panamericana de Saúde) e o MS (Ministério da Saúde).

Mesmo considerando uma grande concentração de profissionais, ainda há “vazios assistenciais”, “desertos médicos” ou “áreas desassistidas”. Esses conceitos definem situações em que não há médicos ou existem dificuldades de repor profissionais, o que cria demoras e longas distâncias a percorrer pelas pessoas que precisam de atendimento.

Mulheres serão maioria em 2035

De acordo com o estudo, a partir de 2024, as mulheres serão maioria entre os médicos no Brasil a partir de 2024. É um evento que já vinha sendo verificado desde 2009 em relação aos egressos da graduação e os novos registros em CRM, de acordo com pesquisas anteriores da Demografia Médica no Brasil.

Entre 2009 e 2022, o total de mulheres aumentou de, aproximadamente, 133 mil para cerca de 260 mil — quase o dobro. Em relação aos homens, o crescimento foi mais lento no mesmo período: aumento de, aproximadamente, 43%.

Já entre 2023 e 2035, que foi o período em projeção, o crescimento previsto para as mulheres formadas em Medicina alcançará cerca de 118%. Entre a população masculina, o crescimento estimado será de 62%. Vejamos os valores anuais previstos para o período de 2023 a 2035:

  • 2023: 278.446 (49,3%);
  • 2024: 299.749 (50,2%);
  • 2025: 323.730 (50,9%);
  • 2026: 348.156 (51,6%);
  • 2027: 373.028 (52,3%);
  • 2028: 398.330 (52,9%);
  • 2029: 423.498 (53,5%);
  • 2030: 448.279 (54,0%);
  • 2031: 472.775 (54,5%);
  • 2032: 497.020 (54,9%);
  • 2033: 520.921 (55,3%);
  • 2034: 544.852 (55,7%);
  • 2035: 568.720 (56,0%).

Mais de 85% dos médicos terão menos de 45 anos

Outro ponto relevante é que o aumento na quantidade de médicos jovens vai aumentar nos anos seguintes. Assim, a média de idade do médico brasileiro vai diminuir e, conforme a projeção, em 2035, mais de 85% desses profissionais terão entre 22 e 45 anos.

Além da população mais jovem de médicos, a tendência é que o número de mulheres aumente nas menores faixas etárias. Em 2035, entre médicos com idade até 40 anos, um percentual superior a 70% corresponderá a mulheres. Os homens, por seu lado, não chegarão a 60%.

A partir da projeção, percebemos que a feminização e a juvenização da Medicina estarão, em 2035, totalmente consolidadas em nosso país.

Distribuição dos médicos em 2035

De acordo com a Demografia Médica 2023, haverá 4,43 médicos por mil habitantes em 2035 no Brasil. Porém, a densidade de profissionais não será homogênea entre as unidades federativas: haverá variação de 8,29 (Distrito Federal) a 1,91 (Acre) e 1,86 (Pará).

Além do Distrito Federal, os seguintes estados apresentarão mais médicos por mil habitantes do que a taxa nacional: Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Santa Catarina, Espírito Santo e Paraná. Em conjunto, essas unidades federativas concentrarão mais de 70% da quantidade de médicos do Brasil.

Quanto aos estados que, em 2035, apresentarão densidades muito baixas, inferiores à metade da taxa nacional, eles concentrarão um percentual de médicos inferior a 5%. São os estados de Amapá, Roraima, Maranhão, Amazonas, Acre e Pará, os quais concentrarão, no ano projetado, mais de 11% da população nacional.

Vejamos, por estado, a projeção da DMB para 2035, considerando o número de médicos, o percentual em relação ao total de médicos do país e a razão por 1.000 habitantes:

  • Distrito Federal: 29.350 (2,9%), razão de 8,29;
  • Rio de Janeiro: 114.364 (11,3%), razão de 6,24;
  • São Paulo: 283.380 (27,9%), razão de 5,63;
  • Rio Grande do Sul: 60.724 (6.0%), razão de 5,16;
  • Minas Gerais: 108.292 (10,7%), razão de 4,82;
  • Paraíba: 20.241 (2,0%), razão de 4,76;
  • Santa Catarina: 38.459 (3,8%), razão de 4,63;
  • Espírito Santo: 21.256 (2,1%), razão de 4,61;
  • Paraná: 56.676 (5,6%), razão de 4,56;
  • Mato Grosso do Sul: 13.157 (1,3%), razão de 4,14;
  • Goiás: 33.398 (3,3%), razão de 4,04;
  • Pernambuco: 37.447 (3,7%), razão de 3,64;
  • Sergipe: 9.109 (0,9%), razão de 3,57;
  • Rondônia: 7.085 (0,7%), razão de 3,51;
  • Mato Grosso: 14.169 (1,4%), razão de 3,50;
  • Rio Grande do Norte: 13.157 (1,3%), razão de 3,42;
  • Tocantins: 6.072 (0,6%), razão de 3,36;
  • Alagoas: 11.133 (1,1%), razão de 3,18;
  • Ceará: 30.362 (3,0%), razão de 3,11;
  • Bahia: 47.567 (4,7%), razão de 3,10;
  • Piauí: 10.121 (1,0%), razão de 3,04;
  • Amapá: 3.036 (0,3%), razão de 2,82;
  • Roraima: 2.024 (0,2%), razão de 2,51;
  • Maranhão: 15.181 (1,5%), razão de 2,04;
  • Amazonas: 10.121 (1,0%), razão de 2,01;
  • Acre: 2.024 (0,2%), razão de 1,91;
  • Pará: 18.217 (1,8%), razão de 1,86.

Como o estudo foi realizado?

O estudo da DMB usou o método de System Dynamics (Dinâmica de Sistemas), com base matemática a partir do cálculo diferencial e integral.

É uma linguagem gráfica que permite modelar sistemas complexos de maneira mais simplificada do que a forma geralmente usada em Matemática, que se fundamenta em sistemas de equações. Na Dinâmica de Sistemas, as equações são solucionadas numericamente usando a computação digital.

Considera-se que a oferta de médicos, a demanda do sistema de saúde e as necessidades de saúde das pessoas estão relacionadas a fatores dinâmicos e dependentes. É um método que já foi utilizado na projeção da oferta e necessidade de médicos em países como Japão, Espanha, Croácia, Irã e Canadá.

O estudo considera a oferta de médicos no país até 2035. Além de valorizar a quantidade de médicos no decorrer dos anos, o sistema envolve variáveis qualitativas ou categóricas (quem serão?), considerando importantes características como idade e sexo das pessoas.

A projeção se iniciou a partir de dados coletados entre 2009 e 2022. Depois de 2022, dois cenários foram considerados:

  • cenário A: considera que haverá um “congelamento” na abertura de cursos de graduação e vagas de Medicina: entre 2023 e 2029, não haverá acréscimo de novos médicos além dos que proveem das novas vagas de graduação autorizadas até 2022;
  • cenário B: considera que a abertura de cursos e vagas será regulada pela legislação vigente em 2022, mas não haverá interrupção nos próximos anos; baseando-se no histórico de ofertas dos anos anteriores, o segundo cenário considerou aumento de mil vagas de graduação em Medicina entre 2023 e 2029.

Essa é demografia médica do Brasil para os próximos anos

A demografia médica ajuda a conhecer o futuro da Medicina no país, oferecendo um panorama mais objetivo, o que ajudará o profissional a tomar decisões, visando ao longo prazo.

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MicaelHamra

Micael Hamra

Nascido em 1991, médico desde 2015, formado pela Faculdade de Medicina de Catanduva (FAMECA) e com Residência em Clínica Médica pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HC-FMUSP) finalizada em 2018. "Nunca quis seguir o fluxo. Sempre acreditei que existe uma fórmula do sucesso para cada um de nós. Se puder conquistar sua mente, poderá conquistar o mundo." Siga no Instagram: @mica.medway