Fala, pessoal, tudo bem? Espero que sim, porque o texto de hoje é sensacional: curto, bastante prático e com respostas diretas sobre um assunto muito importante, que é o acesso venoso central. Às vezes, perdemos noites de sono pensando na técnica, mas não nos atentamos ao seguinte: esse procedimento está bem indicado? O nosso foco aqui é justamente esse, te mostrar quais situações demandam a obtenção de um acesso venoso central!
Bora lá?
De modo simplificado, podemos definir como uma cateterização, ou seja, colocar um cateter dentro de um grande vaso venoso.
Os três principais sítios que são “buscados” neste procedimento incluem:
Existem, claro, outros vasos venosos profundos e calibrosos, porém, por segurança, facilidade de acesso e técnicas consagradas, esses 3 são os clássicos. O passo a passo de cada punção é revisado em outro texto, pessoal!
Há, ainda, o PICC (Peripherally Inserted Central Catheter), que, como o nome já diz, é um acesso central, mas em que se punciona uma veia periférica calibrosa, como na fossa antecubital e se direciona um cateter de bom comprimento, até que ele ocupe uma posição “central”. Embora diminua a incidência das punções de grandes artérias e o risco de pneumotórax, não é uma técnica isenta de riscos e os principais incluem trombose e infecção do sítio puncionado.
Antes de respondermos a pergunta, temos uma dica de ouro pra te dar: se você quer dominar a base da analgesia e sedação e se sentir seguro para prescrever um plano de analgesia otimizado e individualizado, sugiro fazer o nosso Curso de Analgesia e Sedação: do PS à UTI.
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Agora, voltando ao assunto, temos as seguintes divisões:
Nesse caso, obteremos o acesso venoso central simplesmente porque se configura uma completa incapacidade de “pegar uma veia” periférica.
Como exemplos, podemos citar cenários nos quais os pacientes estão muito edemaciados, ou muito desidratados (choque hipovolêmico) e com pele mais endurecida. Assim, num contexto em que a equipe tenta puncionar diversos sítios periféricos, inclusive na veia jugular externa, que NÃO é um acesso venoso central, e não obtém sucesso, “passar o central” pode ser a única forma de garantir um acesso venoso.
Existem medicamentos e compostos que, pelo alto risco de flebite, ou necrose em caso de extravasamento, devem ser feitos em vaso venoso de grande calibre. É o caso de:
Uma última mensagem, que aproveito para deixar aqui, sendo uma política de “boa convivência médica” e que merece relativização, é: caso necessário, comece a Nora no periférico e prepare, com tranquilidade, para obter o acesso central, ainda no seu plantão, especialmente se você está no começo da sua jornada naquele dia/noite.
Apesar da infusão em vaso periférico calibroso ser inicialmente segura, deixar essa “função” para o próximo plantonista caso você consiga realizar a punção e estando previsto tempo de infusão prolongado da droga, não é uma conduta bacana, tanto por “delegar” sua função a outro colega, mas principalmente porque isso aumenta a chance dessa medicação ser infundida por bem mais tempo que o ideal em veia periférica, aumentando o risco de complicações.
Óbvio que se o plantão for a “materialização do caos na Terra”, se a indicação do cateter ocorreu muito no fim ou próximo disso, esse conselho pode ser revisto. Em suma, não devemos “nos atropelar” para pegar o acesso às pressas, quando a indicação for pela noradrenalina, mas também não podemos “terceirizar essa tarefa” de modo rotineiro, fechado?
Acesso venoso central para procedimentos e terapias com finalidades, demandas de fluxo e padrões de segurança bastante particulares. Isso inclui:
Podemos realizar avaliação de saturação venosa central, em acesso de duplo-lúmen, por exemplo.
Pessoal, essa decisão é muito particular e deve ser individualizada, incluindo alguns aspectos:
Pneumotórax: se o paciente é extremamente magro, está sob ventilação mecânica, exercendo pressão positiva sobre pulmão e, por isso, com maior risco de pneumotórax, também devemos repensar qual o melhor sítio, sendo a jugular interna mais segura do que a subclávia, por exemplo.
Risco de infecção: o local mais relacionado a essa complicação é a veia femoral, até por dificuldade de limpeza e proximidade com os tratos gastrointestinal e genitourinário. Assim, se o paciente é acamado, está com diarreia, demanda trocas de fraldas constantes, pode ser prudente evitar essa punção. O acesso venoso subclávio parece ser o que menos oferece risco de infecção.
Vale lembrar que o uso recente da Ultrassonografia como guia da punção desses vasos venosos de grande calibre “veio para ficar”, com redução substancial (há trabalhos que falam em até 70%!) das complicações relacionadas ao procedimento. Não tem jeito, se você tem esse recurso no seu serviço, é obrigação se capacitar para utilizá-lo!
Primeira mensagem: em geral, não existe contraindicação absoluta ao procedimento, embora algumas condições possam te motivar a trocar o sítio de punção.
Claro, se o paciente tem uma invasão tumoral de átrio direito ou uma deformidade anatômica grave de veias cavas, a discussão com especialistas pode viabilizar outras alternativas, mas não falaremos nesses cenários extremos, combinado?
Segunda mensagem: as contraindicações devem ser pesadas, considerando risco x benefício. As principais incluem:
Mas como já dito, não há contraindicação absoluta. E como são vários os sítios possíveis, basta individualizar e achar o que oferece melhor relação risco x benefício, fechado?
É isso, pessoal! Esperamos que tudo tenha ficado claro e que você tenha compreendido o conteúdo!
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Referências
HEFFNER A.C. et al. Overview of central venous access in adults. Uptodate. Última Atualização: 10 de Maio de 2021.
Mineiro de Uberlândia, nascido em 1995, formado pela Universidade Federal de Uberlândia. Residência em Clínica Médica no Hospital de Clínicas da USP de Ribeirão Preto.