A formação médica no Brasil tem passado por expressivas transformações nos últimos anos. As regiões Nordeste e Centro-Oeste, historicamente com menor concentração de profissionais de saúde, agora despontam como protagonistas em um movimento de expansão da residência médica e, consequentemente, aumento de residentes.
Segundo o estudo Demografia Médica 2025, o aumento de residentes nessas regiões reflete uma série de fatores, como políticas públicas voltadas para a interiorização dos serviços de saúde, criação de novos programas de residência médica e investimentos na infraestrutura hospitalar.
Esse novo cenário abre um leque de oportunidades para melhorar o atendimento à população. A expansão da residência médica nas regiões Nordeste e Centro-Oeste representa um avanço para o equilíbrio na distribuição de profissionais, mas demanda estratégias para garantir que essa tendência se converta em benefícios duradouros para o sistema de saúde brasileiro. Aproveite e saiba mais em nosso artigo!
O aumento de residentes médicos no Brasil entre 2018 e 2024 foi marcado por uma tendência de descentralização, com destaque para as regiões Nordeste e Centro-Oeste.
Enquanto o Sudeste ainda absorve a maior parte dos programas e vagas de Residência Médica (RM), o Nordeste registrou um crescimento de 33,4% no número de vagas de primeiro ano (R1), com estados como Alagoas (70,2%), Paraíba (37,4%) e Bahia (36,2%) apresentando taxas acima da média regional.
No Centro-Oeste, o aumento foi de 30,9%, com Mato Grosso do Sul (37,3%) e Goiás (36%) liderando esse avanço. Esse crescimento é resultado de esforços para descentralizar a formação médica, ampliando a oferta de vagas em regiões com carência de especialistas.
Apesar da expansão, persistem desigualdades regionais na distribuição de médicos residentes. Em 2024, as regiões Norte e Nordeste apresentavam as menores densidades de residentes por 100 mil habitantes, com 9,61 e 14,63, respectivamente, em comparação com 29,24 no Sudeste.
Essa disparidade reflete a dificuldade de fixar médicos em áreas remotas, mesmo diante de políticas de incentivo e expansão da infraestrutura.
A expansão das vagas nas regiões Nordeste e Centro-Oeste também foi acompanhada pelo fortalecimento da infraestrutura de saúde.
Hospitais universitários e unidades de saúde foram ampliados para servir como campo de prática para os novos residentes, principalmente em cidades fora das capitais.
Além disso, programas de capacitação para preceptores foram implementados para garantir a qualidade da formação.
Mesmo com o crescimento, persistem desafios na distribuição dos residentes em municípios menores. Cerca de 62% dos residentes estavam nas capitais em 2024, enquanto apenas 16% estavam em municípios com menos de 300 mil habitantes.
Superar essa concentração é importante para assegurar uma melhor cobertura assistencial e fortalecer o Sistema Único de Saúde (SUS).
A continuidade dos investimentos e o desenvolvimento de políticas de fixação serão determinantes para consolidar a presença dos especialistas nas regiões Norte e Nordeste, contribuindo para uma distribuição mais equitativa dos profissionais de saúde no Brasil.
O aumento de residentes nas regiões Nordeste e Centro-Oeste reflete um movimento importante na descentralização da formação médica no Brasil.
Esse crescimento tem sido impulsionado por uma combinação de fatores que envolvem políticas públicas, investimentos na infraestrutura de saúde e estratégias de fixação de profissionais em áreas historicamente carentes.
As políticas públicas desempenham um papel de destaque na expansão da residência médica nessas regiões. Programas federais como o Mais Médicos e o Mais Acesso a Especialistas incentivaram a criação de novas vagas e a distribuição mais igualitária dos profissionais.
A criação de hospitais universitários, clínicas-escola e unidades de saúde tem sido um fator decisivo para o crescimento da residência médica.
Esses investimentos garantem locais adequados para a formação prática dos residentes, ampliando as soluções de treinamento fora das grandes capitais.
Cidades como Goiânia e João Pessoa passaram a aglutinar maior número de programas de residência, promovendo a desconcentração geográfica dos profissionais.
Outro fator relevante é o investimento na capacitação dos preceptores — profissionais responsáveis por supervisionar os residentes.
Programas de qualificação para preceptores têm sido criados pelo Ministério da Saúde e instituições parceiras, permitindo uma formação mais completa e alinhada às necessidades regionais.
O crescimento do número de residentes nas regiões Nordeste e Centro-Oeste tem impactos consideráveis na formação e distribuição de médicos especialistas.
Muitos residentes tendem a permanecer nas localidades onde realizaram sua formação, o que ajuda a reduzir a rotatividade e a escassez de médicos em áreas periféricas. Consequentemente, fica reduzida a dependência de profissionais formados em outras regiões.
Com mais residentes sendo formados em hospitais e clínicas locais, há um fortalecimento da infraestrutura de saúde e uma melhoria na qualidade do atendimento prestado à população.
A expansão dos programas de residência contribui para reduzir a convergência de médicos nas capitais e grandes centros urbanos, favorecendo o desenvolvimento de polos regionais de saúde.
O fortalecimento da rede de saúde nessas regiões contribui para a geração de empregos e valorização dos serviços públicos locais.
A presença de residentes amplia o acesso à assistência médica em regiões com carência de profissionais, especialmente em áreas distantes e municípios do interior.
O aumento de residentes em programas de RM no Brasil traz novas oportunidades para a qualificação da força de trabalho em saúde, mas também apresenta desafios importantes para o sistema de saúde.
A expansão recente das vagas busca atender à crescente demanda por médicos que se dedicam a uma área específica da Medicina, principalmente em regiões historicamente pobres, como Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
Contudo, esse crescimento precisa ser acompanhado por investimentos e políticas públicas que fomentem a qualidade da formação e a distribuição equilibrada dos profissionais.
As políticas públicas desenvolvem um papel fundamental na ampliação da oferta de vagas para residência médica.
Projetos como o Mais Acesso a Especialistas e a Política Nacional de Atenção Especializada em Saúde (PNAES) têm direcionado recursos para regiões com déficit de especialistas.
Esses incentivos visam descentralizar a formação médica, oferecendo benefícios financeiros e melhores condições de trabalho para atrair residentes para áreas remotas.
Apesar dos avanços, o desafio é garantir que esses incentivos sejam suficientes para manter os profissionais nas regiões menos favorecidas após a conclusão da residência.
O aumento de residentes exige uma infraestrutura adequada para acolher novos profissionais em formação.
A criação e ampliação de hospitais universitários, clínicas e unidades de saúde são necessárias para oferecer campos de prática supervisionada.
Entre 2018 e 2024, o número de instituições que ofertam residência médica cresceu cerca de 20%, passando de 846 para 1.011.
Contudo, a concentração dessas instituições ainda é maior nas regiões Sudeste e Sul, enquanto o Norte e Nordeste permanecem com infraestrutura limitada.
A qualidade da formação médica depende tanto do número de vagas quanto da capacitação dos preceptores e da estrutura pedagógica dos programas.
A criação de cursos de capacitação para preceptores tem sido uma estratégia para melhorar a supervisão e o acompanhamento dos residentes.
A implementação de matrizes de competências atualizadas, como as que foram adotadas para Medicina Intensiva e Cirurgia Cardiovascular, também auxilia em uma formação mais alinhada às demandas do sistema de saúde.
Um dos maiores desafios do aumento de residentes é a distribuição desigual dos recursos. A maior parte das vagas ainda se condensa nas regiões Sudeste e Sul, que abrigam mais de 70% dos médicos residentes.
Cerca de 20% das vagas credenciadas continuam ociosas, com ênfase nos programas de áreas menos atrativas ou localizados em regiões periféricas.
Ainda de acordo com o estudo demográfico, cerca de 62% dos residentes estavam nas capitais em 2024, enquanto apenas 16% estavam em municípios com menos de 300 mil habitantes.
Superar essa concentração garantirá uma melhor cobertura assistencial e fortalecer o Sistema Único de Saúde (SUS).
Assegurar um financiamento adequado e uma gestão eficiente dos programas é decisivo para reduzir as desigualdades regionais e permitir que o aumento na oferta de vagas se traduza em uma melhor cobertura assistencial para toda a população.
O aumento de residentes nas regiões Nordeste e Centro-Oeste representa um avanço importante na busca por uma distribuição mais justa de médicos titulares em alguma especialidade.
No entanto, esse crescimento deve ser acompanhado de investimentos em infraestrutura, capacitação e políticas públicas que garantam a qualidade da formação e a retenção de profissionais nas regiões mais carentes.
A residência médica é um pilar fundamental para o SUS, e seu fortalecimento é fundamental para confirmar o acesso da população a serviços de saúde especializados. O desafio atual é equilibrar a expansão quantitativa com a qualidade da formação, qualificando os médicos residentes para que estejam preparados para encarar a complexidade da saúde pública no Brasil.
Com políticas adequadas e investimentos estratégicos, o país pode transformar o aumento de residentes em uma oportunidade para reduzir desigualdades regionais e melhorar a qualidade do atendimento em todo o território nacional.
E, caso você esteja estudando para processo seletivo em algum estado do Nordeste, conheça as principais cidades da região para fazer residência médica!
Paraense, pai de pet e professor da Medway. Formado pela Universidade do Estado do Pará, Residência em Clínica Médica pela Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Siga no Instagram: @igor.medway