O último trecho da graduação médica, o internato, marca o início de uma jornada de transformações para o estudante, onde teoria e prática finalmente se encontram em um ambiente real de cuidados em saúde. Nesse cenário, surge a questão: é possível conciliar rodízios e estudos para residência médica com sucesso?
Essa dualidade, longe de configurar um obstáculo intransponível, pode representar uma oportunidade valiosa para quem souber harmonizar estas duas dimensões essenciais da formação médica.
Nas próximas linhas, vamos explorar como é possível prosperar nesse período decisivo e conciliar o internato com a preparação para a residência médica.
Também trouxemos o relato de duas alunas da Medway que começaram a estudar para a residência médica durante o internato: Gabriela Vitória (também conhecida como Gabivs), que está no 9º semestre da faculdade e a Keila Sacramento, que está no 4º ano da faculdade.
Sem dúvida, é um assunto bastante pertinente. Aproveite e saiba mais!
O internato de Medicina representa o estágio final da graduação, geralmente ocupando os dois ou três últimos anos do curso, onde o estudante finalmente mergulha na prática médica supervisionada.
Esse período é estruturado em forma de rodízios por diferentes especialidades médicas, incluindo Clínica Médica, Cirurgia, Pediatria, Ginecologia e Obstetrícia, entre outras.
Os estudantes, chamados de internos, atuam em diferentes níveis de atenção à saúde: primária, secundária e terciária, realizando exames físicos, anamneses e consultas nas áreas médicas que estão sendo estudadas.
A rotina dos internos é notoriamente intensa, variando conforme o rodízio em questão. Para garantir o bem-estar dos estudantes, as normas estabelecem que a prática não deve exceder 12 horas diárias, com limite de 40 horas semanais para o estágio não remunerado.
As atividades geralmente são realizadas em grupo, o que promove a troca de conhecimentos e a colaboração entre os colegas, elementos fundamentais para a formação médica completa. Contudo, há desafios a serem superados, sendo um dos principais conciliar os rodízios e estudos para a residência médica:
A transição da sala de aula para o ambiente hospitalar representa uma das maiores rupturas na jornada acadêmica do estudante de Medicina.
Se antes o aprendizado ocorria predominantemente por meio de aulas expositivas, livros e simulações, agora ele acontece diretamente no contato com pacientes reais, suas histórias e suas necessidades particulares.
O ambiente controlado da sala de aula dá lugar à imprevisibilidade dos plantões, das emergências e das intercorrências hospitalares. O conhecimento que antes era avaliado em questões objetivas agora precisa ser mobilizado rapidamente em situações que envolvem vidas humanas.
A linguagem técnica que antes era apenas estudada agora precisa ser dominada fluentemente na comunicação com outros profissionais da equipe de saúde.
Nesse sentido, é natural que a transição gere apreensão. Muitos internos relatam dificuldades para se adaptar aos novos horários, à hierarquia hospitalar e às responsabilidades crescentes.
“A rotina muda 100%. Você passa de ‘aluna da prova de múltipla escolha’ e que às vezes observa a prática para ‘alguém que precisa ajudar de verdade e faz a diferença na vida dos pacientes’. O cansaço bate forte, e o sentimento de insuficiência também… tipo: será que eu dou conta de tudo isso?. É desafiador se adaptar, mas com o tempo, você aprende a confiar em si mesma.”, relata Gabriela sobre o início do internato.
Com a entrada no internato, o estudante deixa de ser apenas um observador e passa a participar ativamente do cuidado aos pacientes.
O contato direto com a dor, o sofrimento e, eventualmente, a morte dos pacientes representa outra dimensão.
Aprender a manter o equilíbrio entre a empatia necessária e o distanciamento profissional que permite tomadas de decisão adequadas é um processo árduo e emocionalmente desgastante.
“A responsabilidade do atendimento, de você atender vários pacientes que são completamente dependentes de você, que você é o principal provedor do cuidado. Então, já estar assumindo a responsabilidade médica, de fato, mesmo que com supervisão, é uma coisa que dá um friozinho na barriga, mas também é a coisa que tem sido mais recompensadora também.”, comenta Keila.
Em meio à adaptação às novas rotinas e responsabilidades do internato em Medicina, surge uma questão que inquieta muitos estudantes: é o momento certo para iniciar a preparação para as provas de residência médica?
O estudante poderia não aproveitar plenamente as oportunidades práticas oferecidas ou estudar de forma insuficiente para as provas de residência — afinal, seria necessário conciliar rodízios e estudos, o que não é tarefa fácil.
Por outro lado, há quem defenda que iniciar os estudos mais cedo permite uma absorção gradual do conteúdo, sem a pressão devastadora do último ano.
Além disso, muitos conteúdos estudados para as provas acabam por complementar a formação prática do internato.
A realidade é que não existe uma resposta universal para este dilema — cada estudante vai precisar avaliar seu perfil, suas capacidades de organização, seu ritmo de aprendizado e seus objetivos de carreira para tomar a decisão que melhor se adeque à sua realidade. Veja alguns motivos para iniciar os estudos já no 6º ano:
Embora conciliar rodízios e estudos seja um grande desafio, isso permite uma integração mais orgânica entre o conhecimento teórico e a prática do internato.
Os conceitos revisados para as provas podem ser imediatamente aplicados e contextualizados durante os rodízios, consolidando o aprendizado de forma mais efetiva.
Essa abordagem também aproveita as “janelas de oportunidade” que naturalmente surgem durante os diferentes estágios. Por exemplo, um rodízio menos intenso pode ser uma chance valiosa para avançar nos estudos teóricos, enquanto um rodízio mais exigente pode ser uma oportunidade de aplicar na prática o conhecimento já estudado.
Em vez de tentar absorver todo o conteúdo em poucos meses, o estudante deve distribuí-lo ao longo de um período maior, com revisões espaçadas que favorecem a retenção de longo prazo.
Dessa forma, você evita a sobrecarga cognitiva e emocional comum entre os que deixam toda a preparação para o último momento.
Com um cronograma mais diluído, é possível manter um ritmo consistente de estudos sem abrir mão de momentos de descanso e lazer.
“Então, começar a estudar no quarto ano é uma coisa que primeiro eu estava meio preocupada de que poderia me dar mais ansiedade, mas eu vi que teve efeito reverso. Eu percebi que eu tenho a possibilidade de estudar com calma, de ver que eu não preciso correr, que já não vai ser esse ano, e de que eu estou aos poucos construindo o meu conhecimento.”, explica Keila.
Contrariamente ao que muitos possam pensar, iniciar os estudos para residência precocemente não significa necessariamente sacrificar a experiência do internato.
Pelo contrário, quando bem planejada, a estratégia possibilita ao estudante ficar mais presente e participativo durante os rodízios, pois reduz a ansiedade relacionada às provas futuras.
Com um plano de estudos estruturado e distribuído ao longo do tempo, o interno pode conciliar rodízios e estudos e mergulhar completamente na experiência de cada rodízio, sabendo que seu preparo para as provas está progredindo de forma constante e segura em paralelo.
A revisão sistemática do conteúdo teórico fortalece a base de conhecimentos do estudante, contribuindo para que ele se destaque nas discussões de casos, rounds e outras atividades acadêmicas do internato.
Uma base sólida também proporciona maior segurança na tomada de decisões clínicas, na proposição de condutas e na comunicação com pacientes e outros profissionais da equipe.
O estudante que domina bem o conteúdo teórico tende a aproveitar melhor as oportunidades práticas, fazendo perguntas mais relevantes e extraindo mais aprendizado de cada experiência.
“Para mim, o maior benefício foi conseguir ligar os pontos entre a prática e a teoria. Aquela matéria que antes era só leitura em PDF começou a fazer sentido vendo acontecer na vida real. Além disso, estudar desde agora tem tirado um pouco da pressão do futuro — porque sei que tô construindo meu caminho aos poucos”, explica Gabriela.
Diante das vantagens citadas, cabe a questão: como conciliar rodízios e estudos corretamente, já que isso é viável e aconselhável?
Uma estratégia eficaz para conciliar rodízios e estudos é alcançar uma sincronização entre ambos. Por exemplo, durante o rodízio de Pediatria, priorizar o estudo de questões e conteúdos relacionados à área ajuda na aplicação imediata do conhecimento revisado.
Essa técnica cria um círculo virtuoso: o conhecimento teórico enriquece a experiência prática, que por sua vez contextualiza e solidifica o aprendizado teórico.
As dúvidas surgidas durante o rodízio podem ser prontamente esclarecidas no momento do estudo, e as questões enfrentadas nos casos reais ajudam a dar sentido e relevância ao conteúdo estudado.
É fundamental desenvolver um cronograma personalizado que leve em consideração a carga horária e a intensidade de cada rodízio, prevendo períodos de maior e menor disponibilidade para os estudos.
O planejamento deve ser flexível o suficiente para se adaptar às contingências inevitáveis da rotina hospitalar, como plantões extras ou intercorrências imprevistas.
Aplicativos de gestão de tarefas são aliados valiosos no processo, na organização de projetos, na definição de prazos e na visualização do progresso das diferentes tarefas de estudo.
Além dos aplicativos de gestão de tarefas, plataformas de organização de conteúdo permitem criar e acessar facilmente anotações estruturadas, mesmo nos intervalos entre atendimentos.
Para a memorização, sistemas de flash cards são particularmente úteis, favorecendo a breve revisão de conceitos importantes em qualquer momento disponível.
Métodos como a Técnica Pomodoro, que alternam períodos de concentração intensa com breves intervalos, também podem aumentar a produtividade durante as sessões de estudo.
Aplicativos específicos para estudantes de Medicina, como o Medscape (com informações sobre doenças, procedimentos e medicamentos), Calculate by QxMD (calculadoras médicas) e Pocket Lab Values (valores de referência de exames) facilitam o dia a dia no internato.
Em meio aos desafios de conciliar rodízios e estudos para a residência, um curso estruturado especificamente para essa realidade pode fazer toda a diferença.
Ao contrário dos cursos tradicionais, que seguem um calendário rígido independente da rotina do aluno, um curso personalizado, que respeita o ritmo e as particularidades de cada estudante, costuma ser o diferencial entre o sucesso e o esgotamento.
Esses cursos geralmente oferecem recursos como bancos de questões, simulados personalizados, resumos objetivos e análises detalhadas de provas anteriores, promovendo uma preparação eficiente mesmo com tempo limitado.
A possibilidade de acessar o conteúdo de forma assíncrona, estudando quando e onde for possível, é particularmente útil para internos com horários irregulares e imprevisíveis.
Além disso, plataformas que utilizam inteligência artificial e métodos de revisão para personalizar o plano de estudos conforme o desempenho do aluno potencializam o aproveitamento do tempo disponível.
Por fim, mas não menos importante, é fundamental destacar a necessidade de respeitar os próprios limites físicos, cognitivos e emocionais.
Cultivar hábitos saudáveis de sono, alimentação e atividade física é uma estratégia para otimizar o desempenho acadêmico e profissional. O cérebro cansado ou estressado simplesmente não aprende nem retém informações em todo seu potencial.
Reconhecer sinais de fadiga excessiva, burnout ou outros problemas de saúde mental e buscar ajuda é uma atitude que demonstra maturidade e autoconhecimento.
“Vai com calma, mas começa. Não espera o ‘cenário ideal’, porque ele nunca vai existir. A vida do internato é uma loucura, mas dá sim pra se organizar com metas pequenas, bons materiais e leveza. E se eu puder te dar um conselho: não se compare. Cada um tem seu ritmo. Você vai chegar lá.”, comenta Gabriela.
Chegamos ao final de nossa jornada pelos desafios e estratégias de conciliação entre o internato médico e a preparação para as provas de residência.
Como vimos, conciliar rodízios e estudos não é uma tarefa simples, mas certamente é possível e pode ser extremamente enriquecedora quando efetivada com planejamento, organização e respeito aos próprios limites. Uma preparação equilibrada, que respeita seu bem-estar e valoriza sua formação prática, é o caminho mais seguro para se tornar um excelente médico especialista.
Pensando nessa questão, a Medway desenvolveu o Extensivo Programado 2 Anos e Meio, o curso que acompanha o ritmo do internato.
Nesse curso, você terá uma jornada de estudos sincronizada com o seu internato, construindo uma base sólida para chegar nos rodízios com segurança e confiança, aulas ultradidáticas, ultrabanco com mais de 70 mil questões comentadas, flashcards e o Medbrain, nossa IA que vai tornar seu estudo personalizado e sob medida para você.
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Professor da Medway. Formado pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), com Residência em Clínica Médica pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Siga no Instagram: @djondamedway