O médico precisa desenvolver aptidões de raciocínio clínico. Ele é fundamental para os médicos e outros profissionais da área de saúde. Isso é mais importante em situações mais complicadas, que necessitam de atenção e cuidados mais específicos.
É preciso praticar o raciocínio clínico mesmo em casos mais simples, pois a prática clínica por si mesma consegue definir a necessidade de diagnósticos objetivos e tomadas de decisões.
O assunto é interessante, não é? Então continue conosco, leia nosso artigo e veja mais informações sobre o conceito!
O raciocínio clínico é um processo cognitivo em que o médico dá o diagnóstico do paciente e define o procedimento mais adequado de acordo com o problema constatado. Assim, o médico desenvolve, em período curto, uma estratégia integral para alcançar uma solução satisfatória.
Podemos considerá-lo como uma habilidade básica que o médico precisa desenvolver. Um bom profissional precisa desenvolver um raciocínio preciso e rápido.
O processo cognitivo referente a esse tipo de raciocínio é necessário em todos os níveis de complexidade, no contexto privado e no contexto público — e no cenário de saúde brasileiro, ele é ainda mais relevante, considerando as precariedades financeiras e estruturais do Sistema Único de Saúde (SUS).
Conforme dados do Ministério da Saúde, o SUS presta atendimento a mais de 70% da população do país.
Mesmo considerando o desenvolvimento na compreensão das causas das patologias e a rápida evolução das técnicas de detecção e tratamento de doenças, a lógica clínica é uma ferramenta importante que ajuda a não sobrecarregar financeiramente e estruturalmente o sistema de saúde com exames desnecessários e, algumas vezes, não disponíveis.
O desenvolvimento dessa habilidade envolve planejamento para antes e após a consulta. A seguir apresentamos algumas orientações que ajudarão o médico:
Os esquemas diagnósticos são muito dependentes de associações semiológicas, envolvendo sinais e sintomas, e da epidemiologia de diferentes doenças no contexto cultural, social e econômico. A partir desse fato, surgiu a Teoria da Construção de Scripts de Doenças.
Essa teoria define três estágios durante a graduação e a prática médica, por meio dos quais se conquista a habilidade de elaborar o raciocínio clínico e diagnóstico mais adequado:
Corresponde ao início da graduação. Nele, o estudante aprende detalhes sobre o funcionamento do organismo e as causas das doenças, o que ajuda a relacionar a etiologia e suas consequências.
Com a continuidade do curso e o estudo da semiologia, começa o efetivo contato com os pacientes, com a exposição clínica das doenças, os sinais e os sintomas.
A maior exposição aos casos clínicos leva o estudante a um maior desenvolvimento do processo cognitivo e à organização de padrões diagnósticos.
O aluno deve ser estimulado a explicar os sinais e sintomas conforme a fisiopatologia de cada problema. É dessa forma que começa a se desenvolver a relação entre apresentação clínica e bases fisiopatológicas.
Esse estágio se fundamenta na exposição frequente a casos clínicos, uma característica da prática clínica. A organização do conhecimento ocorre com a estruturação das patologias em modelos mentais que serão melhorados com as experiências do estudante de Medicina.
Participar de grupos de discussão fortalece o raciocínio. Nessas sessões, os estudantes podem compartilhar e analisar diferentes perspectivas sobre casos clínicos, o que facilita a compreensão dos processos de diagnóstico e tratamento. A interação com colegas e profissionais experientes ajuda a identificar vieses cognitivos e promover um aprendizado mais rico.
A criação de esquemas é outra estratégia para desenvolver o raciocínio. Esses esquemas ajudam a organizar e relacionar as informações dos casos clínicos, promovendo uma melhor compreensão das doenças e seus sintomas.
O estudo constante e aprofundado é necessário para estimular o raciocínio. Ler livros, artigos científicos e outros materiais de referência proporciona uma base confiável de conhecimentos fisiopatológicos para analisar e solucionar casos clínicos complexos.
Vale a pena conhecer algumas estratégias para reduzir erros relacionados a essa habilidade. Confira a seguir quatro estratégias:
Devido à pressa ocasional, alguns médicos podem realizar uma anamnese incompleta, com um resumo físico resumido demais. Outro ponto relevante é que os pacientes, muitas vezes, não contam sua história da forma certa. Diante desse cenário, o médico precisa desenvolver raciocínio rápido a partir de dados escassos, como é comum em atendimentos emergenciais.
Essas limitações aumentam a possibilidade de erros de diagnóstico, já que, ao analisar dados insuficientes, é mais fácil deixar de lado indícios relevantes. Por isso, recomendamos fazer um exame clínico detalhado e coletar uma história clínica completa.
Palavras-chave ou qualificadores semânticos são pares de vocábulos, normalmente contrários entre si, que caracterizam e classificam sinais e sintomas:
· súbito x insidioso;
· agudo x crônico;
· bem localizado x difuso;
· constante x intermitente;
· episódio único x evento recorrente.
É considerável que o médico defina os sinais e os sintomas mais destacáveis e descreva-os com as palavras-chave. Reunindo muitas palavras-chave, é possível compor um resumo de boa qualidade (representação do caso) que servirá para motivar o raciocínio.
Um resumo bem feito é meio caminho, pois ajuda a conferir um diagnóstico certo mesmo que o profissional não conheça a doença do paciente.
Essa prática é habitual entre os médicos mais experientes, sendo uma estratégia eficaz para evitar a perda de um diagnóstico. Caso o diagnóstico seja óbvio, ainda assim cogite outra possibilidade e pergunte-se: o que mais pode ser?
O que achou das informações sobre o raciocínio clínico? Percebe como ele é uma ferramenta valiosa para a prática do médico em sua rotina? Ele ajuda a agilizar o diagnóstico e a aliviar a sobrecarga no sistema de saúde.
Comece a desenvolver desde cedo seu raciocínio no curso de Medicina. Vá se aperfeiçoando ao longo do curso. Assim, quando concluir seus estudos, você já estará com ele mais consolidado.
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Nascido em 1991, em Florianópolis, formado pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) em 2015 e com Residência em Clínica Médica pelo Hospital das Clínicas da FMUSP (HC-FMUSP) e Residência em Administração em Saúde no Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE). Fanático por novos aprendizados, empreendedorismo e administração. Siga no Instagram: @alexandre.remor