Da estabilização à fixação do trauma pélvico

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Já abordamos em outro texto aqui no blog sobre o trauma pélvico com ênfase no seu diagnóstico, mas dessa vez vamos focar no que fazer diante desse cenário. 

Antes mesmo de pensar em realizar exames de imagem como recomendado, a estabilização externa da pelve aparece como medida fundamental no manejo inicial de pacientes hemodinamicamente instáveis com fraturas pélvicas.

Para começar a falar sobre o trauma pélvico…

A ideia aqui é diminuir o volume pélvico, de modo a promover o tamponamento do sangramento venoso (90% dos casos) e evitar o deslocamento de elementos ósseos que podem levar à hemorragia secundária.

Existem diversas maneiras de estabilizar a fratura, sendo a estabilização externa passível de realização imediata. Em um cenário ideal poderíamos utilizar uma cinta pélvica, mas trazendo pra realidade do dia a dia, um lençol é suficiente. 

A ideia aqui é amarrá-lo na região transtrocantérica da cabeça do fêmur! Lembrando que se trata de uma estabilização temporária.

Estabilização externa com lençol - trauma pélvico
Figura 1: Estabilização externa com lençol . Disponível em: AQUI

Estabilidade hemodinâmica do paciente 

“Amarrei a pelve, tudo certo agora?” Calma, que ainda tem mais coisa. Após a estabilização da fratura você precisa avaliar a estabilidade hemodinâmica do paciente. 

Se estável, encaminha para realização de TC de abdome e pelve: na presença de blush (escape de contraste) solicita arteriografia; na ausência de blush, encaminhe para avaliação do ortopedista para avaliar fixação da pelve.

Se instável a gente corre pro nosso bom e velho FAST: se positivo, laparotomia explorada + tamponamento pré peritoneal + fixação da pelve; se negativo: tamponamento pré peritoneal + fixação da pelve. 

“O que seria esse tamponamento pré-peritoneal?” Ele se refere a um procedimento cirúrgico para colocar compressas comprimindo a pelve, sem acessar o peritônio. 

Com isso, o peritônio empurra as compressas contra a pelve e auxilia na hemostasia de lesões venosas. A fixação externa da pelve pode ser realizada de forma concomitante a esse procedimento. 

Figura 2
Figura 2:Tamponamento pré peritoneal. Disponível em: https://www.uptodate.com/contents/images/SURG/63131/Pelvicpacking.jpg

Fratura de bacia com fixadores externos - trauma pélvico
 Figura 3: Fratura de bacia com fixadores externos. Disponível em: www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1646-69182013000300004

“Existem outras tentativas de controle do sangramento se manutenção da instabilidade hemodinâmica?’ Sim! A arteriografia com angioembolização, principalmente ao pensarmos em lesões arteriais (minoria dos casos). Então pra deixar tudo bem amarradinho pra vocês, deem uma olhada nesse fluxograma que resume tudo o que conversamos até aqui:

Fluxograma

Curtiu saber mais sobre trauma pélvico?

Espero ter esclarecido as dúvidas em torno do trauma pélvico! Aqui no nosso blog, disponibilizamos uma série de conteúdos que podem fazer a diferença na sua prática médica, tanto com foco em Medicina de Emergência quanto na preparação para as provas de residência médica, então continue de olho!

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Hoje ficamos por aqui, pessoal! Até a próxima!

Referências

  1. Clay Cothren Burlew, Ernest E Moore. Severe pelvic fracture in the adult trauma patient. Disponível clicando AQUI
  2. Spencer Tomberg, Austin Heare. Pelvic trauma: Initial evaluation and management. Disponível clicando aqui

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MatheusCarvalho Silva

Matheus Carvalho Silva

Matheus Carvalho Silva, nascido em 1993, em Coronel Fabriciano (MG), se formou em Medicina pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Residência em Cirurgia Geral na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM).