Limiar epidêmico: sinal de alerta para detecção de epidemias

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A conceituação de epidemias e pandemias já é conhecida pela maioria dos estudantes e dos residentes de Medicina. Agora, é hora de conhecer o instrumento utilizado para detecção precoce das epidemias, chamado Diagrama de Controle e, mais especificamente, o limiar epidêmico.

Como o limiar epidêmico funciona?

Você sabe como determinar uma epidemia? Como diferenciar, por exemplo, se um aumento nos casos de uma doença ocorre devido a uma variação sazonal já esperada ou se configura uma epidemia? 

Em um lugar onde a dengue é endêmica, a título de exemplificação, no verão, já há uma expectativa de que os casos aumentem. Porém, como diferenciar essa elevação de uma nova epidemia?

O Diagrama de Controle serve para isso! Ele é uma ferramenta gráfica, construída por meio dos coeficientes de incidência de determinada doença ao longo do tempo. 

Por meio dele, dá para perceber, precocemente, aumentos inesperados do número de casos e implementar as medidas cabíveis de saúde pública. Isso é possível porque, no Diagrama de Controle, há parâmetros que orientam acerca de uma faixa de valores na qual o número de novos casos estará dentro do esperado. 

Uma epidemia é identificada quando o número de casos está acima do limite superior estipulado, e esse limite é chamado de limiar epidêmico. Antes de explicarmos como calcular esse limiar, vale falarmos o que é o Diagrama de Controle na prática.

O que é o Diagrama de Controle?

Saiba mais sobre o diagrama de controle. (Texto sobre limiar epidêmico)

Diagrama de Controle dos casos de coqueluche conforme semana epidemiológica de sintomas. Fonte: https://www.gov.br/saude/pt-br/media/pdf/2021/outubro/08/diagrama-de-controle-dos-casos-de-coqueluche0001.pdf

Os Diagramas de Controle são gráficos que se baseiam na teoria de probabilidade. A partir deles, é possível observar a incidência de um determinado evento e compará-la com os limites máximo e mínimo da incidência esperada para esse evento, no mesmo período. 

No eixo Y do gráfico, estão representadas as medidas de incidência. No eixo X, está a variável relacionada ao tempo (em geral, expressa em semanas, semanas epidemiológicas, meses ou anos). 

Para entender esse diagrama, é interessante começar por quatro elementos:

  • valor central (índice endêmico);
  • limite superior endêmico (limiar epidêmico);
  • limite inferior;
  • faixa endêmica.

Basicamente, há duas linhas no Diagrama de Controle de epidemiologia: o limite superior endêmico e o limite inferior endêmico. O espaço gráfico delimitado por essas duas linhas se chama faixa endêmica. 

Essas linhas são formuladas a partir do índice endêmico que surge da observação dos valores da incidência de determinada doença ao longo do tempo, estabelecendo-se uma média. 

Como interpretar os valores de incidência

Valores de incidência maiores que esse limite superior configuram uma epidemia, pois denotam um aumento inesperado do número de casos. Enquanto isso, os valores de incidência que se situam na faixa endêmica estão dentro do esperado para aquela época do ano. 

Por fim, valores menores que o limite inferior são considerados abaixo do esperado. Eles traduzem um bom controle de epidemia e número de casos, sendo um sinal de boas políticas públicas de enfrentamento e prevenção à doença estudada.

Como calcula o limiar epidêmico? 

Existem diferentes formas para construção do Diagrama de Controle e determinação do limiar epidêmico. O primeiro passo é a indicação do índice endêmico, o valor central. 

Para isso, as médias ou a mediana do número de novos casos da doença nos períodos referentes a anos anteriores devem ser estudadas. Com esse índice determinado, é hora de delimitar a faixa endêmica.

Para descobrir o limite superior e inferior a partir do índice endêmico, é possível utilizar diferentes métodos estatísticos: 

  • média ± 2 desvios padrões; 
  • frequências máxima e mínima; 
  • quartis (limite inferior ao 1º quartil e o limite superior ao 3º quartil).

Por exemplo, se o desvio padrão for utilizado, o limite superior será a média acrescida de dois desvios padrões. O limite inferior será a média subtraídos dois desvios padrões. Essas são as linhas que delimitam a faixa endêmica. 

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VaninaCastro Dória de Almeida

Vanina Castro Dória de Almeida

Sergiparaibana, nascida em Aracaju-SE em 1993, mas paraibana de coração. Formada em Medicina pelo Centro Universitário de João Pessoa (UNIPÊ). Residência em Medicina Preventiva e Social pela Unicamp. Apaixonada pela Saúde Coletiva e convicta de que a preventiva é uma área que você pode garantir na prova de residência.