Diretriz Hipertensão Arterial 2025 traz mudanças no manejo da pressão

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A Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial 2025, publicada pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) em parceria com a Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN) e a Sociedade Brasileira de Hipertensão (SBH), promoveu mudanças significativas na forma como médicos e pacientes devem lidar com a pressão arterial no Brasil.

A principal alteração foi a reclassificação da pressão de 12 por 8 mmHg, que deixa de ser considerada normal e passa a ser enquadrada como pré-hipertensão. 

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O que muda na classificação da pressão arterial

Segundo a nova diretriz, a categoria PA ótima foi retirada e incorporada à faixa de pressão normal, agora definida por valores inferiores a 120/80 mmHg.
Com isso:

  • PA normal: <120 e <80 mmHg
  • Pré-hipertensão: 120–139 e/ou 80–89 mmHg
  • HAS estágios 1 a 3: permanecem inalterados em relação a 2020

A mudança tem como racional identificar precocemente indivíduos em risco e incentivar intervenções mais proativas, reduzindo a progressão para hipertensão estabelecida.

Indicações de tratamento e metas universais

Um dos pontos mais discutidos foi a adoção de uma meta universal de pressão arterial <130/80 mmHg, válida para todos os pacientes hipertensos, independentemente de idade, risco cardiovascular ou fragilidade clínica.

A diretriz justifica a recomendação com base em metanálises que apontam benefício consistente em desfechos cardiovasculares mesmo com PAS <120 mmHg, relativizando a antiga preocupação com a curva J.

Na prática:

  • Pré-hipertensos de baixo risco: não recebem indicação de medicamentos.
  • Pacientes com 130–139/80–89 mmHg e alto risco CV: iniciam medidas não medicamentosas por 3 meses, podendo evoluir para farmacoterapia se não houver controle.
  • Hipertensos estágio 1 de baixo risco: passam a ter início imediato de tratamento medicamentoso, preferencialmente em combinação de duas drogas.

Entre as novidades, a eplerenona foi incluída formalmente como alternativa nos casos de intolerância persistente à espironolactona.

Foco nas medidas não medicamentosas

A diretriz reforça a importância das medidas não medicamentosas como pilar fundamental no manejo da pressão arterial.
Entre as recomendações:

  • Manter peso adequado (IMC <25 kg/m² em adultos, <27 kg/m² em idosos)
  • Dieta DASH com redução de sódio (<2 g/dia) e aumento de potássio
  • Atividade física regular: 150 minutos/semana
  • Redução do consumo de álcool (≤2 doses/dia para homens, ≤1 dose/dia para mulheres)
  • Cessação do tabagismo
  • Manejo do estresse e incentivo à espiritualidade

Novos capítulos inéditos

Outra mudança é que a edição 2025 traz pela primeira vez dois capítulos inéditos, sendo eles o de Hipertensão Arterial em Mulheres e o de Melhores práticas no cuidado às pessoas com hipertensão arterial na Atenção Primária à Saúde do SUS. 

Crises hipertensivas: mudança de nomenclatura

Outra alteração relevante foi a substituição do termo “urgência hipertensiva” por “elevação importante da PA sem lesão de órgão-alvo”. Já a emergência hipertensiva permanece, com definição baseada na presença de lesão aguda em órgãos-alvo e necessidade de internação imediata.

A Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial 2025 marca um ponto de virada no cuidado da saúde cardiovascular no país. Ao redefinir limites de normalidade, reforçar a meta universal de <130/80 mmHg, incluir novas opções terapêuticas e valorizar medidas não medicamentosas, o documento busca antecipar diagnósticos, prevenir complicações e ampliar a qualidade de vida dos pacientes.

Com a incorporação de capítulos inéditos e foco na atenção primária, a diretriz também dialoga diretamente com a realidade brasileira, oferecendo ferramentas mais práticas para médicos, residentes e estudantes.

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Ana Carolina Alcântara

Ana Carolina Alcântara

Professora de Clínica Médica da Medway. Formada pela Unichristus, com Residência em Clínica Médica no Hospital Geral Dr. Waldemar Alcântara. Siga no Instagram: @anaalcantara.medway