Fala, galera! Beleza? Certamente, você já atendeu algum idoso com doença de Alzheimer ou até tem algum familiar diagnosticado com a patologia. Se não, com certeza já avaliou um paciente com alguma demência.
As demências são condições neurológicas degenerativas extremamente comuns e, invariavelmente, você vai se deparar com esta queixa em sua vida profissional. A doença de Alzheimer é a causa mais comum de demência, sendo responsável por 60-80% delas.
Neste artigo do Blog, vamos revisar os achados de imagem da doença de Alzheimer, tanto nos métodos estruturais (tomografia e ressonância magnética), quanto nos métodos funcionais (medicina nuclear), para que você seja capaz de prosseguir na investigação dos pacientes com queixa de demência.
Antes de interpretar os achados radiológicos precisamos entender porque e para que os exames de imagem são úteis na avaliação da demência.
A principal utilidade é, sem dúvidas, identificar causas tratáveis de demências, como hidrocefalia, tumores cerebrais e hematomas subdurais. Estas condições podem mimetizar doenças degenerativas causadoras de demência e precisam ser completamente excluídas antes que a gente faça outros diagnósticos.
Em um segundo passo, os exames de imagem podem identificar:
Estes achados podem direcionar o raciocínio clínico-radiológico para algumas condições específicas.
A doença de Alzheimer é uma doença neurodegenerativa que constitui a principal causa de demência, que é resultado do acúmulo e deposição de proteína β-amiloide cerebral. Cerca de 40-70% ocorrem de forma esporádica, enquanto 20-60% têm caráter familiar.
Apesar da tomografia computadorizada ser capaz de demonstrar atrofia cortical com padrão por vezes característico, a ressonância magnética é mais sensível a estas alterações e ainda permite excluir com maior precisão outras causas de demência (vascular, por exemplo), sendo, portanto, a modalidade de escolha.
A atrofia cerebral é o achado esperado, mas é uma manifestação tardia e às vezes difícil de diferenciar das alterações volumétricas esperadas para a faixa etária mais idosa.
O que mais ajuda no diagnóstico é a identificação de redução volumétrica nos locais mais típicos para a doença de Alzheimer:
Existem vários métodos de Medicina Nuclear em uso e em desenvolvimento para a avaliação de processos neurodegenerativos e demências. Os principais são: o PET com fluorodeoxiglicose (PET-FDG) e amiloide-β e o SPECT com iodo 123 (123I) ioflupano.
O PET-FDG é o mais utilizado atualmente, sendo capaz de construir um mapa do metabolismo cerebral já que o radionuclídeo utilizado mimetiza a glicose e é capaz de entrar nas células cerebrais pelos transportadores da mesma.
Na doença de Alzheimer, espera-se o padrão típico de hipometabolismo temporoparietal, no pré-cúneo e giro cingulado posterior, que geralmente corresponde aos locais com atrofia representados em imagens estruturais.
Sei que é um tema bem específico da neurorradiologia e que existem muitos outros detalhes na avaliação da imagem (muitos estudos em curso, inclusive), mas quis trazer aqui o basicão que todo médico precisa saber para indicar corretamente os exames e entender como o relatório do radiologista vai te ajudar a conduzir um paciente com demência.
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Abraço e até a próxima.
Capixaba raiz, nascido em 91. Graduado pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e com residência médica em Radiologia e especialização em Neurorradiologia pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HC-FMUSP). Fanático por filmes e apaixonado pela família. Siga no Instagram: @lorenzomarsolla