Obesidade: o que precisamos saber sobre essa condição?

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A obesidade é uma condição médica complexa e que assola toda a humanidade. Para se ter noção, o Atlas da Federação Mundial da Obesidade prevê que mais de 4 bilhões de pessoas serão obesas ou terão sobrepeso nos próximos 12 anos, o que corresponderia a mais de 50% das pessoas do mundo! 

Além da obesidade ser este problema global, precisamos lembrar que ela é um fator de risco para diversas doenças, incluindo diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares e certos tipos de câncer. Em essência, a obesidade é um mal que contribuirá para o aumento da morbimortalidade mundial nos próximos anos. 

Neste contexto, nós da Medway, sendo uma das maiores empresas formadoras de conhecimento de profissionais da saúde do mundo, temos um papel importante na conscientização das pessoas e, por isso, discutiremos a obesidade e alguns tópicos sobre como preveni-la e tratá-la.

Mas afinal, o que é a obesidade e como ela ocorre?

Que a obesidade é uma condição caracterizada pelo acúmulo excessivo de tecido adiposo ou gorduroso no corpo, a maioria das pessoas devem saber. Mas, o que muitos não sabem é como este excesso de tecido influencia o nosso corpo.

O excesso de gordura corporal pode levar a alterações no metabolismo e na produção hormonal do corpo, o que pode afetar vários sistemas e órgãos. Por exemplo, um dos efeitos da obesidade é o aumento na resistência à insulina, um hormônio que auxilia a regulação adequada dos níveis de açúcar no sangue, podendo contribuir para o desenvolvimento de diabetes tipo 2. 

Outro exemplo é o fato da obesidade estar associada a um estado de inflamação crônica de baixo grau, podendo impactar no desenvolvimento de doenças cardiovasculares, como aterosclerose e doenças hepáticas, como esteatose hepática.

Estes foram apenas dois exemplos sobre o que a obesidade pode desencadear em nosso corpo, mas existem outros infinitos efeitos que até hoje ainda não sabemos. 

O segundo ponto é: será que a obesidade ocorre apenas porque alguém comeu mais do que o corpo precisava? Definitivamente não! 

A obesidade é uma condição multifatorial, sendo alguns dos seus fatores desencadeadores o sedentarismo, o excesso de consumo de alimentos calóricos, alguns aspectos genéticos, fatores psicológicos (como a alimentação emocional e os transtornos alimentares) e fatores socioeconômicos (como a falta de acesso a verduras e legumes).

Certo, e como eu descubro se tenho obesidade?

O diagnóstico de obesidade deve ser feito por um médico especialista, pois ele levará em consideração diversos fatores para chegar a um diagnóstico preciso e um tratamento específico para cada pessoa.

Mas, de forma muito simplista, podemos dizer que o diagnóstico da obesidade pode ser baseado no índice de massa corporal (IMC), que é uma medida da relação entre peso e altura. Um IMC entre 25 e 29,9 é considerado sobrepeso, e um IMC de 30 ou mais é considerado obesidade.

É importante ressaltar que o IMC é uma medida bastante genérica e que não leva em consideração a composição corporal ou outros fatores de risco para o desenvolvimento de doenças, como idade, gênero e histórico familiar.  Mas, se você tem maiores dúvidas sobre seu IMC e se possui obesidade ou não, realize uma consulta médica para sanar essas dúvidas.

O tratamento da obesidade?

O tratamento da obesidade é complexo e multidisciplinar, devendo ser abordado em várias frentes e de forma específica para cada pessoa. Mas, em geral, as abordagens mais comuns para o tratamento da obesidade incluem mudanças no estilo de vida e, em casos selecionados, o tratamento medicamentoso e a cirurgia bariátrica.

Mudanças no Estilo de Vida

As mudanças no estilo de vida são a primeira linha de tratamento para a obesidade e podendo incluir medidas como dieta, prática de exercício físico e terapia comportamental. De forma mais específica, temos o seguinte:

  • Dieta: a redução da ingestão de calorias e uma escolha por alimentos mais saudáveis são componentes-chave da perda de peso bem-sucedida. Aqui vale enfatizar que dietas muito restritivas ou drásticas não são sustentáveis a longo prazo e podem ter um efeito negativo na saúde geral do indivíduo.
  • Exercício físico regular: o exercício físico é um componente importante da perda de peso e da manutenção do peso saudável. O exercício pode ajudar a queimar calorias, aumentar o metabolismo e melhorar a saúde geral. A American Heart Association recomenda, por exemplo, que cada pessoa realize pelo menos 150 minutos por semana de exercícios aeróbicos de moderada intensidade, ou 75 minutos por semana de exercícios aeróbicos de intensidade vigorosa;
  • Terapia comportamental: pode ajudar os pacientes a identificar e mudar comportamentos relacionados à alimentação e ao exercício físico, que possam estar impedindo a perda de peso. A terapia também pode ajudar os pacientes a estabelecer metas realistas e a desenvolver estratégias para lidar com os desafios que possam surgir durante o tratamento de obesidade.

Tratamento medicamentoso

Os medicamentos podem ser prescritos, por exemplo, para pacientes com obesidade e que têm dificuldade em perder peso apenas com mudanças no estilo de vida. Estes medicamentos para perda de peso atuam na redução do apetite, no aumento da saciedade ou na redução da absorção de gordura. Os mais comuns são:

  • Orlistat: Um medicamento que impede a absorção de gordura no intestino;
  • Fentermina: Um medicamento que suprime o apetite;
  • Liraglutida: Um medicamento que aumenta a sensação de saciedade e ajuda na redução da ingesta de alimentos.

É importante destacar que os medicamentos para perda de peso não são uma solução milagrosa e não funcionam para todos os pacientes. Eles devem ser prescritos em combinação com mudanças no estilo de vida para maximizar os resultados, e sempre de forma bastante específica para cada paciente. 

Por isso, se tiver alguma dúvida, procure a opinião de um médico de sua confiança.

Tratamento cirúrgico

O tratamento cirúrgico da obesidade, as populares cirurgias bariátricas, possuem indicações bastante específicas, como para pacientes com IMC igual ou superior a 40 kg/m² ou para pacientes com obesidade grau 3 e que apresentam comorbidades associadas. 

As técnicas cirúrgicas mais comuns para o tratamento da obesidade incluem a gastrectomia vertical, a banda gástrica ajustável e o bypass gástrico. De forma simplista, as técnicas cirúrgicas atuam na redução do tamanho do estômago para limitar a ingestão de alimentos e, em alguns casos, também alteram a absorção de nutrientes pelo corpo.

Ficamos por aqui

A obesidade é uma condição endêmica que afeta cada vez mais pessoas pelo mundo, de todas as idades, gêneros e condições sociais. É importante estarmos cientes dos fatores de risco e dos impactos desta condição, para que possamos tomar medidas preventivas que de fato diminuam os casos de obesidade e de suas complicações. 

Portanto, não deixem de compartilhar este texto com seus familiares e amigos. Precisamos urgentemente aumentar a conscientização sobre o tema, ou então, como previsto pelo Atlas da Federação Mundial da Obesidade, teremos mais de 4 bilhões de pessoas com sobrepeso ou obesidade nos próximos anos.

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Referências

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