E aí galera, tudo bem? Bom, hoje vamos falar um pouquinho da síndrome de Bouveret, que tenho certeza que muitos de vocês não sabiam nem que ela existia! Mas tudo bem, ela é bem rara mesmo, e, a partir de agora, vocês vão ficar craques no assunto.
A síndrome de Bouveret é uma rara complicação de colelitíase, acometendo cerca de 0,3% – 0,5% dos pacientes com cálculos biliares, sendo mais comum em vigência da colecistite.
Nela, pedras muito grandes (geralmente > 2 cm) em vesículas muito inflamadas, geram uma pressão na parede desse órgão, que acaba ficando em íntimo contato com a parede gástrica ou duodenal, levando a um processo isquêmico numa área previamente inflamada, favorecendo a formação de fístula biliogástrica e/ou bilioduodenal.
Quando isso acontece, as pedras saem da vesícula e vão para o trato digestivo. Por seu grande tamanho, quando uma delas impacta no piloro ou no duodeno, há obstrução do trânsito intestinal, caracterizando a síndrome de Bouveret. Essa patologia é responsável por cerca de 1% – 3% das obstruções gastrointestinais causadas por cálculos biliares.
É um evento raro, sendo encontrado apenas 315 casos reportados na literatura de 1967 a 2016. Mas, vale ressaltar que, pelos sintomas pouco específicos, o subdiagnóstico é bem comum.
Outro fator interessante é que, considerando todos os tipos de fístulas da vesícula biliar, as que envolvem o duodeno somam 68%, e as que envolvem o estômago são apenas 5%. Acredita-se que isso ocorra pois a parede do estômago é mais grossa do que a do duodeno, sendo mais difícil a criação de uma comunicação por ali.
Os fatores de risco para desenvolver a síndrome de Bouveret são:
Bom, agora que sabemos o que é, vamos pensar nos sinais e sintomas que essa síndrome pode causar.
A apresentação clínica da síndrome de Bouveret é não-específica e, por esse motivo, acaba sendo subdiagnosticada. Mas, vamos pensar de maneira lógica: se temos um cálculo impactando o piloro ou o duodeno, teremos um quadro clínico semelhante ao de obstrução intestinal alta, certo?
Então, vamos aos principais achados desses pacientes:
Vale ressaltar que, por conta desses sintomas pouco específicos e pelo fator de risco associado à idade elevada dos pacientes, a mortalidade dessa doença ainda é alta pelo diagnóstico tardio, variando de 12% – 30% dos casos.
Então, no próximo texto, vamos aprender como fechar o diagnóstico para não deixar passar esses casos! Acompanhe nosso blog para saber mais sobre outros conteúdos médicos!
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Médica pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro com residência em Cirurgia Geral pela Unifesp.