Teste da hiperóxia: como funciona e para que serve?

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Se você chegou até aqui e quer saber mais sobre o teste da hiperóxia, é bem capaz que você esteja estudando algo sobre cardiopatias congênitas, não é? Esse mundo é vasto e, na prática, o diagnóstico dessas malformações pode não ser tão fácil de ser realizado, especialmente nos recém-nascidos, onde qualquer sintoma é bastante inespecífico! 

Para ajudar nesse diagnóstico e diferenciar cardiopatias congênitas cianóticas de outras doenças que causam cianose, de causa pulmonar por exemplo, o teste da hiperóxia pode ser uma mão na roda. 

Quando e como utilizar o teste da hiperóxia?

O melhor dos mundos seria que, diante da gravidade do quadro, conseguíssemos rapidamente confirmar ou excluir uma cardiopatia congênita cianótica (ou cianogênica) através de um ecocardiograma, mas sabemos que nem sempre isso é possível em todos os hospitais do Brasil. 

Visto isso, podemos utilizar o teste da hiperóxia para diferenciar a cianose cardiogênica da não-cardiogênica.

Para realizá-lo, precisamos apenas de poucas coisas: uma gasometria arterial e uma fonte de oxigênio que consiga oferecer uma FiO2 de 100%. Vamos entender melhor:

O teste começa com a administração de oxigênio a 100% por 5 a 10 minutos. Após esse período, procedemos à coleta da gasometria arterial:

  • se a pO2 na gaso vier > 250 mmHg: o paciente respondeu à oferta de O2. O problema aqui não é mistura de sangue! Logo, a possibilidade de cardiopatia congênita está excluída e estamos diante de um provável problema pulmonar;
  • se a pO2 vier entre 100 e 250 mmHg: diagnóstico compatível com uma possível cardiopatia congênita com shunt misto. Nessa situação, o paciente respondeu parcialmente à oferta de O2, e o resultado é indeterminado;
  • se a pO2 vier < 100 mmHg: concorda comigo que essa pO2 veio baixíssima? O paciente não respondeu nada à oferta de O2! Nessa situação, uma cardiopatia congênita cianótica crítica, dependente de canal arterial, se torna muito provável: não importa o quanto de O2 dermos para ele, o problema não ocorre na troca gasosa, e sim no desvio de sangue oxigenado do lado direito para o esquerdo sem que esse sangue passe pelo pulmão. Logo, tanto faz quanto O2 ele receba, esse sangue simplesmente não vai ser oxigenado.

Como exemplo, podemos ter testes da hiperóxia com resultados menores que 100 mmHg em algumas cardiopatias cianóticas clássicas, como a transposição de grandes artérias e a atresia tricúspide.

O teste da hiperóxia é um exame simples que podemos executar muitas vezes à beira-leito para uma maior suspeição de uma cardiopatia congênita e, na prática e na prova, ele é bastante executado. Apesar disso, ele não exclui a necessidade de exames mais sofisticados para o diagnóstico de uma malformação, caso em que o ecocardiograma vira nosso padrão-ouro.

Ficamos por aqui!

Deu pra entender um pouco melhor esse exame? Por ora, ficamos por aqui, mas se o seu objetivo é entender um pouco mais as cardiopatias congênitas, temos uma aula inteirinha sobre esse assunto aberta para todo mundo no youtube! Se liga:

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Nos vemos numa próxima!

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A Redação

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