Fala, pessoal! Hoje vamos conversar um pouco sobre o transporte do paciente vítima de trauma.
Você sabia que uma das primeiras oportunidades de emprego que surgem para nós após formados são os famosos “serviços de remoção” ou, até mesmo serviços, de atendimento pré-hospitalar em rodovias ou o S.A.M.U
Nos vendem a ideia que tal trabalho “é tranquilo”, e talvez não seja bem assim. Este texto tem como objetivo explicar algumas peculiaridades desse tipo prática médica, bem como as habilidades que você deve desenvolver/possuir para um atendimento padrão nesse contexto.
Você sabia que o conceito de transporte do paciente nasceu no campo de batalha?
Isso mesmo: desde a época das guerras napoleônicas, surgiu a necessidade de transportar um paciente gravemente ferido, no intuito de aumentar sua chances de sobrevivência, deslocando-o para um local com maiores recursos médicos.
Da antiga carroça de outrora, temos, agora, a mais moderna ambulância de suporte avançado da atualidade. Os serviços médicos de emergência desenvolveram-se com o objetivo de fornecer o melhor tratamento, num cenário em que cada segundo importa.
Para que possamos aceitar a missão de cuidarmos de pacientes vítimas de trauma e realizemos seu adequado deslocamento, precisamos entender/desenvolver algumas habilidades específicas para esse tipo de situação. São elas:
No contexto pré-hospitalar, temos que estar preparados para o inusitado. Dessa forma, um pequeno jogo de cintura e uma boa capacidade de adaptar-se rapidamente à situação vão ajudá-lo.
Primeiramente sempre lembrar dos 3 C ‘s – Cena, Cenário, (C)Segurança. Não queremos mais vítimas para atender, certo? Sinalize adequadamente o local, disperse curiosos e avalie se conseguirá chegar ao local da vítima(s) sem se tornar uma delas.
A maioria dos scores de trauma validados, como o prehospital index, START, CRAMS, MGAP e mREMS, utilizam como parâmetros para classificar alteração no:
Portanto, por menos familiarizado que estejamos com tais escores, quanto mais alterações o paciente acumular, mais grave ele pode estar e mais rápido necessita de intervenção/estabilização e remoção adequada.
No contexto do transporte de pacientes, sempre entre em contato com o local que o receberá, para que a equipe de emergência possa ser preparada.
Não tem nada pior do que estar de plantão e chegar um paciente vaga zero vítima de trauma com múltiplas necessidades de intervenção, sem ser avisado, no susto.
Isso pode atrasar o início de um atendimento secundário adequado, bem como causar um estresse desnecessário no local.
Dessa forma, se você irá levar o paciente , esteja preparado para passar o caso da melhor maneira possível. A organização é pessoal de cada um, porém, algumas informações são essenciais, tais como:
Durante a avaliação primária do paciente vítima de trauma, devemos ter em mente o algoritmo do ATLS. Dessa forma iremos, de maneira protocolar, avaliar:
No pré-hospitalar, o manejo adequado da via aérea vai muito além de saber colocar um tubo abaixo das cordas vocais e insuflar o cuff… No contexto pré-hospitalar, a poluição sonora, a adrenalina ou as possíveis lesões faciais podem nos atrapalhar e muito.
Estejam familiarizados com o bougie e dispositivos extraglóticos, pois seu uso pode valer segundos ou minutos preciosos na estabilização da via aérea do paciente.
Fique de olho se há sangramento maciço, ele pode desestabilizar e matar seu paciente rapidamente. rápida intervenção é crucial. Muitas vezes o simples funciona.
Comprima usar a lesão sangrante do paciente; se necessário, faça um ‘’packing’’ colocando compressas no local e comprima-o. Lembre-se do uso do torniquete, use-o sem polêmicas.
Outra questão é o uso precoce do ácido tranexâmico. As evidências atuais sinalizam para o uso em pacientes com pressão sistólica abaixo de 75 mmHg e, na primeira hora do trauma, 1g EV para correr em 10 minutos.
O objetivo desse texto era mostrar um recorte sobre as peculiaridades do transporte de pacientes vítimas de trauma.
Lembre-se de que sempre é preciso verificar a cena, cenário e segurança do local em que irá prestar o atendimento ao paciente, não seja uma nova vítima
Realize o atendimento inicial de forma protocolar, o ATLS existe para que não se esqueça ou deixe de identificar uma situação ameaçadora da vida.
Esteja preparado para manejar a via aérea e para saber controlar hemorragias, pois elas são os principais ceifadores das vidas no trauma.
Por fim, esteja preparado, ao menos mentalmente, para encarar situações inusitadas e aprenda a comunicar-se adequadamente.
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Bons estudos!
Nascido em 1990, em Cuiabá-MT, formado pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) em 2020. Experiência como oficial médico temporário no 37° Batalhão de infantaria leve. Residência em Medicina de Emergência na Universidade de São Paulo (USP - SP). Amante da adrenalina se interessa por resgate aeromédico, usg-point of care e medicina de áreas remotas.