Transtorno depressivo maior (TDM): como diagnosticar?

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As condições psicológicas são extremamente importantes para os estudos que envolvem a Psiquiatria. Um dos temas cada vez mais discutidos, principalmente por conta do momento vivido durante a pandemia, é o TDM, ou seja, o transtorno depressivo maior.

O TDM representa a condição clássica entre os transtornos depressivos. Ele envolve alterações de afeto, cognição e funções neurovegetativas, com remissões interepisódicas e duração de, pelo menos, duas semanas.

Tristeza e transtorno depressivo maior são a mesma coisa?

Dizemos que a tristeza ou a apatia se torna um transtorno quando há prejuízo da funcionalidade, ou seja, quando a rotina é prejudicada por conta das alterações de cognição e afeto que ocorrem de maneira persistente, sem relação a uma temática específica.

Sintomas de TDM

De acordo com a 5ª edição do Manual Diagnóstico e Estático de Transtornos Mentais (DSM- 5), o transtorno depressivo maior é caracterizado pelos fatores listados abaixo.

É possível observar um caso de TDM quando cinco (ou mais) dos seguintes sintomas estiverem presentes durante um período de duas semanas e representarem uma mudança em relação ao funcionamento anterior. Além disso, pelo menos um dos sintomas é humor deprimido, perda de interesse ou prazer.

  • Humor deprimido na maior parte do dia, quase todos os dias (por exemplo: sentimento de tristeza, vazio e falta de esperança). O próprio paciente ou os familiares podem fazer esse relato. Em crianças e adolescentes, esse humor pode ser irritável; 
  • Forte diminuição do interesse, ou do prazer, em todas ou quase todas as atividades na maior parte do dia, quase todos os dias (indicada por relato subjetivo ou observação feita por outras pessoas);
  • Perda ou ganho significativo de peso sem dieta (uma alteração de mais de 5% do peso corporal em um mês). Também pode ocorrer redução ou aumento do apetite quase todos os dias;
  • Insônia ou hipersonia quase todos os dias;
  • Agitação ou retardo psicomotor quase todos os dias (percebido por outras pessoas, sem se tratar apenas de sensações subjetivas de inquietação ou de estar mais lento);
  • Fadiga ou perda de energia quase todos os dias;
  • Sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva, ou inapropriada (que podem ser delirantes), quase todos os dias (não se trata apenas de autorrecriminação ou culpa por estar doente);
  • Dificuldade para pensar ou se concentrar. Ademais, ocorre indecisão quase todos os dias (por relato subjetivo ou observação feita por outras pessoas);
  • Pensamentos frequentes de morte (não somente medo de morrer), ideação suicida sem um plano específico, tentativa de suicídio ou plano específico para cometer suicídio.

Esses sintomas de transtorno depressivo maior causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional e em outras áreas importantes da vida do indivíduo. Vale lembrar que o episódio não é atribuível aos efeitos fisiológicos de uma substância ou a outra condição médica.

Para finalizar, é importante dizer que, para obter o diagnóstico de transtorno depressivo maior (TDM), o paciente nunca pode ter tido um episódio maníaco ou hipomaníaco.

Mais sobre o transtorno depressivo maior

O TDM pode aparecer pela primeira vez em qualquer idade, sendo mais comum a incidência do primeiro episódio no início da puberdade. Entretanto, é mais frequente entre os 18 aos 29 anos, comparando os índices com os quadros em idosos. Também acontece mais entre as mulheres.

É importante dizer que o transtorno depressivo maior pode ser crônico ou ter períodos de remissão ao longo da vida. Os prejuízos acarretados podem ser leves ou levar à total incapacidade do indivíduo, inclusive, ao catatonismo.

Como abordar o risco de suicídio?

Para isso, é necessário realizar uma anamnese bem completa, com perguntas diretas e abertas em relação a tentativas prévias, pensamentos recorrentes ou elaboração de planos. Aqui, é importante acolher o paciente e entender contexto e motivações, sempre mantendo a calma e a cordialidade.

Existem algumas características associadas ao risco de suicídio, como ser do sexo masculino, solteiro ou viver sozinho, ter sentimentos predominantes de desesperança e presença de transtorno de personalidade borderline.

Diagnósticos diferenciais

É importante realizar uma anamnese bem feita e completa para tentar, ao máximo, compreender o que é TDM e saber diferenciá-lo de outras condições psiquiátricas. Confira algumas abaixo:

  • episódios maníacos com humor irritável ou episódios mistos;
  • transtornos de humor devido a outra condição médica;
  • transtorno depressivo, ou bipolar, induzido por substância ou medicamento;
  • transtorno de déficit de atenção e hiperatividade;
  • transtorno de adaptação com humor deprimido;
  • tristeza.

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BiancaBolonhezi

Bianca Bolonhezi

Bianca Bolonhezi. Nascida em São Paulo/SP em 1996, formou-se em medicina pela Faculdade de Medicina do ABC em 2020. Apaixonada pelo comportamento humano e seus desdobramentos. Uma ávida leitora que, no meio de tantos livros, se encantou pela educação.