Tratamento da Doença de Parkinson: saiba mais!

Conteúdo / Medicina de Emergência / Tratamento para doença de Parkinson: conheça os principais procedimentos

Já falamos sobre o quadro clínico, você já conhece os principais achados do exame físico e aprendeu como diagnosticar. Agora, é hora de abordar o tratamento para doença de Parkinson.

Quando e como começar o tratamento da doença de Parkinson?

O primeiro passo é saber quando indicar o tratamento. Nem todo paciente com a doença de Parkinson precisa receber terapia imediatamente porque ela não é isenta de efeitos colaterais. 

A decisão sobre o tratamento para doença de Parkinson deve ser individualizada e sempre compartilhada com o paciente. Em geral, é consenso começar a medicação quando os sintomas interferem na qualidade de vida e na funcionalidade.

Indicada a terapia, é preciso escolher a droga. Existem quatro classes principais de medicações para o Parkinson. Falamos um pouco sobre cada uma delas a seguir:

  • inibidores da MAO B: representados pela selegilina. O efeito antiparkinsoniano é moderado, porém, costuma ser bem tolerado e tem indicação em pacientes em fases iniciais com sintomas leves;
  • amantadina: antagonista do receptor NMDA, inicialmente utilizado como antiviral. Também tem um efeito modesto e pode ser usado em pacientes com sintomas leves;
  • agonistas dopaminérgicos: pramipexol é a droga mais utilizada. A principal indicação são pacientes jovens (menores de 65 anos), no início do tratamento para doença de Parkinson, como uma espécie de “poupador de levodopa”. Apesar de ser mais eficaz, a levodopa induz mais discinesia;
  • levodopa: vamos detalhá-la melhor abaixo.

Levodopa: a primeira linha de tratamento

Terapia de escolha de pacientes com sintomas moderados a graves, a levodopa é a grande droga quando falamos sobre o tratamento para doença de Parkinson. Ela deve ser a que a maioria dos residentes já conhece.

O mecanismo de ação é simples: ela é um precursor da dopamina, mesmo mediador que está em falta nos neurônios de quem tem Parkinson. Habitualmente, ela é prescrita em formulações combinadas com um inibidor da descarboxilase periférica.

Drogas como a carbidopa e a benserazida têm como objetivo impedir a conversão da dopamina na circulação periférica e no fígado (o desejo é que ela aumente apenas nos neurônios). Assim, há prevenção dos efeitos colaterais, como náuseas, vômitos e hipotensão ortostática.

Como nem tudo é perfeito, a medicação está associada a uma incidência importante de discinesia tardia, caracterizada por aparecimento de movimentos involuntários dos membros (bem inconveniente para quem está justamente tratando um distúrbio do movimento).

Além disso, está relacionada a náuseas, sonolência, tontura, cefaleia e, especialmente em idosos, confusão mental e alucinações. Em especial, a discinesia pode ser um sintoma incapacitante e difícil de contornar.

Como contornar esse sintoma?

Por vezes, o sintoma é resolvido com o fracionamento de doses mais baixas, mais vezes ao dia. No entanto, isso aumenta o risco de flutuação motora. Ao longo do uso, começam a surgir flutuações motoras, o chamado fenômeno “on-off”. Elas estão associadas à redução do nível sérico com o passar do tempo e da meia-vida da droga.

O paciente toma o remédio para Parkinson e tem um período “on”, em que a levodopa funciona, e os sintomas são minimizados. Após três ou quatro horas (imprevisível), vem o período “off”, em que a levodopa já não funciona mais tão bem, e os sintomas motores aparecem.

A principal estratégia para contornar o problema é aumentar a dose da levodopa e reduzir o intervalo ou até utilizar comprimidos de liberação prolongada. Em último caso, são associadas medicações de resgate, uma segunda droga que irá “cobrir” o período “off”.

Manejando os sintomas não motores

O tratamento para Parkinson não parece nada fácil. O manejo da dose ideal e os efeitos colaterais podem ser bem tênues. Cabe ao especialista conhecer as drogas, as vantagens e as desvantagens.

Além disso, com o avançar da doença, aparecem os sintomas não motores, principalmente os psiquiátricos. Aí entra um problema: esses pacientes desenvolvem um quadro de psicose com frequência.

Se você lembra das causas de parkinsonismo secundário, deve associar que os principais antipsicóticos estão entre elas. Inicialmente, o ideal é tentar buscar e tratar os gatilhos, ajustando a dose dos antiparkinsonianos.

No entanto, quando os sintomas são muito exuberantes (geralmente, quem mais sofre é o cuidador), são utilizados os antipsicóticos menos associados a sintomas extrapiramidais: a clozapina e a quetiapina.

Quando indicar um procedimento cirúrgico?

Sim, existe tratamento cirúrgico para doença de Parkinson. Trata-se de um procedimento de implantação de um dispositivo de estimulação cerebral (deep brain stimulation – DBS). Ele tem benefícios especialmente em pacientes com complicações motoras relacionadas à levodopa, como discinesia e fenômeno on-off.

Não é isento de complicações relacionadas à cirurgia. Porém, por ser reversível e não causar dano ao tecido cerebral, o DBS substitui as antigas cirurgias de palidotomia e talamotomia, utilizadas com o mesmo fim, porém, com muito mais eventos adversos relacionados.

As opções terapêuticas para a doença de Parkinson crescem cada vez mais. Com o tratamento, é possível melhorar a qualidade de vida do paciente diagnosticado com a doença.

Vale lembrar que, idealmente, o paciente deve ser acompanhado por equipe multidisciplinar, sendo fundamental o manejo não farmacológico de suporte, envolvendo atividade física, fonoaudiologia, terapia ocupacional e nutricional.

Saiba muito mais sobre Medicina de Emergência em nosso blog!

Se você gostou de conhecer mais sobre o tratamento para doença de Parkinson, aproveite para conferir mais conteúdos como este em nosso blog. Também conheça a Academia Medway para conferir uma série de conteúdos exclusivos e gratuitos sobre Medicina de Emergência.

É médico e quer contribuir para o blog da Medway?

Cadastre-se
IsabelaCarvalhinho Carlos de Souza

Isabela Carvalhinho Carlos de Souza

Capixaba de Vitória, nascida em 1995. Formada pela Escola de Medicina da Santa Casa de Misericória (EMESCAM) de Vitória em 2018. Formada em Clínica Médica pelo HC FMUSP de São Paulo.