Tratamento da hérnia hiatal: tudo que você precisa saber

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Fala, pessoal, tudo bem? Hoje vamos falar sobre o tratamento da hérnia hiatal. A partir da leitura deste texto, você vai conseguir se aprofundar no assunto e não errar mais nada relacionado a ele. E aí, bora lá? Vamos juntos!

Tratamento da hérnia hiatal 

Bom, para a sorte dos pacientes e azar dos cirurgiões, a maioria dos casos de hérnia de hiato são assintomáticos (apenas achados de exame) e não demandam qualquer tratamento.

Para os pacientes com sintomas, o tratamento se inicia com medidas clínicas correspondentes às queixas. 

Como boa parte apresenta sintomas de refluxo gastroesofágico, começamos com inibidores da bomba de prótons para diminuir a acidez e pró-cinéticos, em prol de melhorar a motilidade do esôfago e esvaziar o estômago mais rápido, reduzindo o refluxo.

Vale ressaltar aqui que as hérnias paraesofágicas, que correspondem a apenas 5% das hérnias hiatais, costumam precisar de cirurgia mesmo que assintomáticas pelo risco elevado de estrangulação, isquemia e necrose do estômago.

As hérnias hiatais se tornam necessariamente cirúrgicas se: 

  • forem muito grandes;
  • os pacientes sintomáticos forem refratários ao tratamento clínico;
  • exista evidência de sangramentos ou sinais de estrangulação e isquemia.

A via cirúrgica preferencial é a laparoscópica por ser menos invasiva, causar menos cicatrizes, ter um menor risco de infecção, causar menos dor e permitir uma recuperação mais rápida do paciente. Isso é importante pois a maioria das hérnias hiatais está presente em pessoas mais idosas ou com múltiplas comorbidades (obesos, principalmente).

Estudos relatam que são raros os pacientes que precisam de cirurgia aberta por via abdominal ou torácica.

A cirurgia pode ser feita pelo lado esquerdo do tórax ou por via abdominal e tem quatro tempos:

  • redução do conteúdo herniado para cavidade abdominal;
  • completa remoção do saco herniado do mediastino posterior, com fechamento do hiato do diafragma; 
  • mobilização do esôfago distal para que ele tenha pelo menos 3cm de sua extensão dentro da cavidade abdominal;
  • associação de cirurgia para correção de refluxo gastroesofágico (geralmente fundoplicatura).

Para auxiliar na identificação de estruturas, o cirurgião pode usar um bougie no esôfago para ter maior precisão de onde deve realizar a dissecção.

Vale ressaltar que, durante a redução da hérnia hiatal, o cirurgião precisa ter cuidado com a tração exercida na redução do estômago, pois se usar muita força pode causar laceração do esôfago. 

Além disso, o nervo vago posterior, pericárdio, aorta e veias pulmonares inferiores estão intimamente ligados aos pilares do hiato do diafragma e ao saco herniado, e podem ser lesados durante a dissecção, exigindo o máximo de cuidado.

Quando o esôfago e estômago já estão na localização correta, as bordas do diafragma que permitiram que a hérnia hiatal existisse devem ser aproximadas com pontos contínuos com fio não absorvível e o hiato deve ser fechado sem tensão.

Se não for possível a aproximação por conta de hérnia de grande tamanho, deve ser feita incisões de relaxamento para soltar um pouco o músculo diafragmático e permitir seu fechamento ou o uso de malha biológica.

Visão laparoscópica do fechamento da hérnia hiatal, evidenciando o esôfago e as suturas. Nesse caso, com malha biológica. Fonte: Sabiston - Tratado de Cirurgia 4ª edição.
Imagem 1: Visão laparoscópica do fechamento da hérnia hiatal, evidenciando o esôfago e as suturas. Nesse caso, com malha biológica. Fonte: Sabiston – Tratado de Cirurgia 4ª edição.
Visão laparoscópica de cirurgia de hérnia hiatal. Aqui visualizamos a retirada de tensão do músculo do diafragma. Fonte: ResearchGate.
Imagem 2: Visão laparoscópica de cirurgia de hérnia hiatal. Aqui visualizamos a retirada de tensão do músculo do diafragma. Fonte: ResearchGate.
Ilustração do antes e depois de feita a cirurgia de correção de hérnia de hiato. A segunda figura evidencia os 3cm de esôfago que devem estar dentro da cavidade abdominal e o fsechamento do hiato diafragmático. Fonte: iersurgery.com
Imagem 3: Ilustração do antes e depois de feita a cirurgia de correção de hérnia de hiato. A segunda figura evidencia os 3cm de esôfago que devem estar dentro da cavidade abdominal e o fsechamento do hiato diafragmático. Fonte: iersurgery.com

Atenção: malhas sintéticas não devem ser usadas nessa cirurgia, pois seu uso está associado à erosão do tecido esofágico e estenose.

Por fim, costuma-se fazer a cirurgia de correção de refluxo gastroesofágico, a fundoplicatura de Nissen, a não ser que o paciente tenha mobilidade esofágica prejudicada, ou até aperistalse.

Cirurgia de fundoplicatura para correção de refluxo gastroesofágico. O fundo gástrico é utilizado para criar uma válvula anti refluxo. Fonte: Sabiston - Tratado de Cirurgia 4ª edição.
Imagem 4: Cirurgia de fundoplicatura para correção de refluxo gastroesofágico. O fundo gástrico é utilizado para criar uma válvula anti refluxo. Fonte: Sabiston – Tratado de Cirurgia 4ª edição.

Complicações

Para finalizar, algumas das complicações que podem acontecer na hérnia hiatal são:

  • estrangulamento da hérnia;
  • isquemia e necrose do esôfago e estômago;
  • perfuração do esôfago ou estômago pela compressão e distensão;
  • volvo gástrico.

Todas elas demandam cirurgia imediata. 

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Referências

Sabiston – Tratado de Cirurgia – Townsend, Courtney; Beauchamp,Daniel – 2 Volumes – 18ª Ed. Cirurgia Vascular: Doenças Vasculares Periféricas, 4ª edição, volume 01 e 02 Maffei, Lastória, Yoshida, Rollo, Giannini, Moura.

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LizandraRener Cavioli

Lizandra Rener Cavioli

Médica pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro com residência em Cirurgia Geral pela Unifesp.