Tratamento do pólipo endometrial: saiba mais sobre!

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Em outro post aqui no blog discutimos sobre o diagnóstico da doença, no qual suspeitamos do diagnóstico pela realização de ultrassonografia com imagem sugestiva de pólipo e a confirmação é feita através da histeroscopia. Dessa vez, vamos falar sobre o tratamento do pólipo endometrial.

E aí, o que fazer com um achado de pólipo endometrial?

Depende principalmente da sintomatologia, do tamanho do pólipo e do risco de malignidade.

Para pacientes na pré e pós-menopausa com pólipo endometrial e sangramento (ou seja, sangramento uterino anormal ou sangramento na pós-menopausa), devemos realizar a remoção do pólipo endometrial. 

O objetivo da polipectomia é o alívio dos sintomas e a detecção de malignidade, uma vez que os pólipos sintomáticos em comparação com os assintomáticos têm maior probabilidade de serem malignos.

A malignização de um pólipo endometrial é rara, portanto é possível realizar seguimento de pacientes assintomáticas com pólipos menores que 1cm no menacme. Os pólipos endometriais maiores que 1,5cm possuem maior chance de hiperplasia, portanto a maioria dos autores recomenda tratamento excisional. 

O manejo de pacientes na pré e pós-menopausa com pólipo endometrial, mas sem sangramento ou outras indicações para remoção é menos claro. 

Embora muitos desses pacientes possam ser tratados com expectativa, o aconselhamento deve ser individualizado, e as pacientes que continuam preocupadas com o risco de malignidade podem razoavelmente optar pela remoção.

Abaixo, montamos uma tabelinha com as principais indicações de remoção do pólipo endometrial:

Indicações para remoção de pólipos endometriaisComentários
SangramentoSangramento (ou seja, sangramento uterino anormal, sangramento pós-menopausa) é o sintoma de apresentação mais comum e está associado a um risco aumentado de malignidade em comparação com pacientes sem sintomas.
InfertilidadeA maioria dos médicos realiza polipectomia em pacientes com infertilidade, embora os dados sobre o impacto da remoção do pólipo na fertilidade sejam limitados.
Múltiplos póliposÉ improvável que múltiplos pólipos regridam e provavelmente se tornem sintomáticos.
Pólipos prolapsadosÉ improvável que os pólipos prolapsados ​​regridam, provavelmente se tornem sintomáticos e geralmente possam ser removidos facilmente em um ambiente ambulatorial.
Pólipos recorrentesEmbora muitos médicos removam pólipos recorrentes, os dados sobre o tratamento são limitados.
Fatores de risco para hiperplasia endometrial ou câncerOs fatores de risco para hiperplasia endometrial ou carcinoma incluem disfunção ovulatória crônica, obesidade, menarca precoce, menopausa tardia, aumento da idade, terapia com tamoxifeno, síndrome de Lynch e síndrome de Cowden.
Tamanho > 1,5 cm na maior dimensãoEstudos relatam que pólipos >1,5 cm de diâmetro estão associados a um risco aumentado de malignidade ou hiperplasia.
Indicações de remoção para o tratamento do pólipo endometrial.

Mas como iremos realizar a ressecção?

A histeroscopia é o método padrão-ouro para o diagnóstico e tratamento dos pólipos endometriais e, sempre que possível, a polipectomia ambulatorial deve ser realizada, evitando internações hospitalares desnecessárias e uso excessivo de fármacos. 

O maior risco de malignização do pólipo endometrial ocorre em pacientes na pós-menopausa, com pólipos maiores que 15 mm ou que apresentam sangramento uterino anormal, portanto recomenda-se polipectomia nesses casos. 

A maior dificuldade da polipectomia endometrial é o diâmetro da base da lesão no endométrio.

Se o pólipo tiver a base séssil e grande ocorrerá maior desconforto na exérese da lesão, sendo necessário em alguns casos, que esse procedimento seja realizado no centro cirúrgico sob sedação, pois podemos usar instrumentos mais amplos e conseguimos realizar ressecções maiores.

A técnica da histeroscopia cirúrgica se baseia no acesso à base da lesão para ressecção da mesma, sempre direcionando o ressectoscópio do fundo do útero para o canal cervical, evitando a perfuração do útero. 

Pólipos muito volumosos podem ter sua retirada da cavidade dificultada, sendo necessária uma nova histeroscopia de revisão posteriormente para retirada do material. No entanto, nesses casos é possível que a paciente expulse o material em casa, logo é fundamental que um fragmento da peça tenha sido encaminhado para avaliação anatomopatológica.

Visão histeroscópica de pólipos endometriais. Fonte: Endometrial polyps – UpToDate (https://www.uptodate.com/contents/endometrial-polyps?search=polipo%20endometrial&source=search_result&selectedTitle=1~64&usage_type=default&display_rank=1#H5)

Todo pólipo endometrial ressecado deve ser encaminhado para anatomopatologia para excluir malignidade concomitante. A malignização dos pólipos é rara (< 3%), porém não pode ser negligenciada, portanto o material deve ser encaminhado para o patologista para avaliação. 

E aí, curtiu saber mais sobre o tratamento do pólipo endometrial?

Pessoal, os pólipos endometriais são projeções endometriais na maioria das vezes benignas, que podem ser assintomáticas ou podem causar sangramento uterino anormal. 

Nem todo pólipo endometrial precisa ser ressecado, mas se o risco de malignidade for mais relevante, como nos casos de pólipos em pacientes após a menopausa, com sangramento relacionado ou maiores que 15 mm, a polipectomia deve ser realizada.

Agora você já sabe o que fazer com o tratamento dos pólipos endometriais! Então, confira outros conteúdos que publicamos aqui no blog. Eles foram feitos especialmente para você mandar bem no seu plantão e vida profissional, além de ficar por dentro dos mais variados assuntos.

Referências bibliográficas 

  1. Lasmar RB, Lasmar BP, Zagury DB, Bruno R, Cardeman L. Pólipo uterino. São Paulo: Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO); 2018. (Protocolo FEBRASGO – Ginecologia, no. 7/ Comissão Nacional Especializada em Endoscopia Ginecológica)
  2. Peterson WF, Novak ER. Endometrial polyps. Obstet Gynecol. 1956;8(1):40–9.
  3. UpToDate. Uptodate.com. Disponível AQUI.

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DanielGodoy Defavari

Daniel Godoy Defavari

Paulista, nascido em Americana em 1995. Formado pela Universidade de Brasília em 2019. Residência em Ginecologia e Obstetrícia no HC-FMUSP. Sucesso é o acúmulo de pequenos esforços repetidos dia a dia. Siga no Instagram: @danielgodamedway