Tratamento para acalásia e os exames de imagem: saiba mais!

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Fala, pessoal! Dificilmente vocês passaram ou passarão pelo estágio de gastro sem precisar realizar o tratamento para acalásia! Já fizemos um texto sobre o conhecimento geral dessa doença, mas hoje vamos aprofundar os conhecimentos que faltaram!

Queremos que vocês entendam a acalásia como uma patologia que consiste na ausência de relaxamento do esfíncter esofágico inferior que, por sua vez, vai levar a um distúrbio de motilidade esofágico. Ou seja, a comida desce pelo esôfago mas encontra um obstáculo para continuar o caminho normal.

Exames de imagem

Quando falamos em acalásia, precisamos pensar, basicamente, 3 exames:

  • EED – esôfago-estômago-duodenografia; alguns locais chamam de serigrafia;
  • endoscopia digestiva alta;
  • manometria esofágica – esse é o exame que nos dará o diagnóstico.

EED

Antes de tudo, saibam que esse é um exame dinâmico. O paciente vai ingerir o contraste e vamos tirar as radiografias em série para ver o contraste descendo (ou não, hehehe). 

Ele vai nos ajudar a descartar outras patologias anatômicas, como divertículos esofágicos, distúrbios funcionais, doença do refluxo gastroesofágico, e estenoses neoplásicas.

Os achados clássicos da acalasia incluem: ondas terciárias (ondas não- peristálticas), afilamento do esôfago distal (aspecto de “cauda de rato” ou “bico de pássaro”), dilatação do corpo esofágico, ausência de bolha gástrica, retardo no esvaziamento de contraste. 

Além de sugerir fortemente o diagnóstico, o EED pode classificar a doença de acordo com o grau de dilatação. Colocamos a principal classificação abaixo!

Tabela 1. Classificação de Mascarenhas et al. apud Rezende e Moreira. Fonte: Clínica Cirúrgica – Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) – 2º edição (2008).

Figura 1.Classificação de Mascarenhas et al. apud Rezende e Moreira. Fonte:http://scielo.iec.gov.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-49742016000500007

Endoscopia digestiva alta

Esse é um exame obrigatório. O EED vai mostrar um esôfago dilatado e um afilamento distal que pode ser por ausência de relaxamento do EEI. Mas e se não for? E se for câncer maligno? Exageremos para que vocês gravem que precisamos descartar processos neoplásicos mesmo se a nossa principal suspeita for acalásia!

Manometria esofágica

Aqui está o nosso grande exame para diagnóstico de acalásia. Afinal, se a patologia consiste na ausência de relaxamento, precisamos verificar que há, de fato, ausência de relaxamento, não é mesmo?

No laudo da manometria esofágica compatível com acalásia, esperaremos os seguintes achados: 

  • aperistalse esofágica;
  • ausência de relaxamento ou relaxamento incompleto do EEI;

Tratamento para acalásia

Ok, o diagnóstico da acalásia já foi dado. E agora? O que podemos fazer por esse paciente? Depende! Depende da idade do paciente, depende do grau de dilatação, da gravidade dos sintomas…nem tudo é preto no branco na medicina, pessoal.

De forma geral, temos o seguinte:

  • Ausência de relaxamento -> Problema de motilidade

Temos que achar um jeito de resolver essa ausência de relaxamento…e temos algumas estratégias possíveis. Podemos tentar uma ruptura mecânica do EEI (ex. dilatação pneumática, miotomia cirúrgica, miotomia endoscópica peroral – POEM) ou farmacológica. 

A dilatação esofágica apresenta índice de sucesso de 55 a 70% dos casos, mas pode-se chegar a 90% de sucesso terapêutico com dilatações múltiplas. A complicação mais temida da dilatação é de perfuração esofágica, podendo levar a um quadro de pneumomediastino! Se vocês nunca viram um pneumomediastino, vejam como ficaria na radiografia e na TC de tórax:

Em A, radiografia de tórax mostrando opacidade linear paralela à borda mediastinal esquerda, representando a pleura mediastinal deslocada lateralmente, separada do mediastino por uma faixa de ar (setas). Em B, TCAR de tórax mostrando a presença de gás livre no mediastino, dissecando as estruturas anatômicas (brônquios e vasos). Notar também a presença de gás envolvendo vaso pulmonar à direita (setas). Fonte:J Bras Pneumol. 2019;45(4):e20190169 

Também podemos tentar tratamento com toxina botulínica. A aplicação de toxina botulínica bloqueia a liberação de acetilcolina na fibra pré-sináptica, resultando em paralisia reversível do músculo. É um tratamento com bons resultados no curto prazo, mas com elevada recidiva de sintomas.

Sem dúvida, quando falamos em menor taxa de recidiva, o tratamento de escolha é o cirúrgico. Continuamos com a mesma ideia: reduzir a tensão no EEI. Pra isso, realizaremos uma “miotomia” – secção de músculo. 

Se o músculo ficar enfraquecido, pensem com a gente: os pacientes poderão evoluir com doença do refluxo esofágico no pós-operatório. 

Por isso, para tentar contornar esse efeito colateral, Pinotti et al. acrescentaram uma fundoplicatura póstero-látero-anterior, para evitar a reaproximação das bordas musculares, e também bloqueando eventuais perfurações da mucosa, além de proporcionar mecanismo antirrefluxo, sendo chamada de cardiomiotomia a Heller-Pinotti.

Ainda vamos falar mais sobre o tratamento para acalásia!

Chegamos ao fim desta parte do assunto discutido com tranquilidade, pessoal! Hoje falamos sobre exame de imagem e tratamento para acalásia, esperem para ver! Por isso, vocês podem encontrar diversos outros assuntos abordados na mesma pegada que fizemos aqui! 

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Referências

– https://www.uptodate.com/contents/achalasia-pathogenesis-clinical-manifestations-and-diagnosis

– https://www.uptodate.com/contents/overview-of-the-treatment-of-achalasia

– Clínica cirúrgica FMUSP

– Manual do Residente de Clínica Médica – FMUSP

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A Redação

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