Fala, pessoal! Dificilmente vocês passaram ou passarão pelo estágio de gastro sem precisar realizar o tratamento para acalásia! Já fizemos um texto sobre o conhecimento geral dessa doença, mas hoje vamos aprofundar os conhecimentos que faltaram!
Queremos que vocês entendam a acalásia como uma patologia que consiste na ausência de relaxamento do esfíncter esofágico inferior que, por sua vez, vai levar a um distúrbio de motilidade esofágico. Ou seja, a comida desce pelo esôfago mas encontra um obstáculo para continuar o caminho normal.
Quando falamos em acalásia, precisamos pensar, basicamente, 3 exames:
Antes de tudo, saibam que esse é um exame dinâmico. O paciente vai ingerir o contraste e vamos tirar as radiografias em série para ver o contraste descendo (ou não, hehehe).
Ele vai nos ajudar a descartar outras patologias anatômicas, como divertículos esofágicos, distúrbios funcionais, doença do refluxo gastroesofágico, e estenoses neoplásicas.
Os achados clássicos da acalasia incluem: ondas terciárias (ondas não- peristálticas), afilamento do esôfago distal (aspecto de “cauda de rato” ou “bico de pássaro”), dilatação do corpo esofágico, ausência de bolha gástrica, retardo no esvaziamento de contraste.
Além de sugerir fortemente o diagnóstico, o EED pode classificar a doença de acordo com o grau de dilatação. Colocamos a principal classificação abaixo!
Esse é um exame obrigatório. O EED vai mostrar um esôfago dilatado e um afilamento distal que pode ser por ausência de relaxamento do EEI. Mas e se não for? E se for câncer maligno? Exageremos para que vocês gravem que precisamos descartar processos neoplásicos mesmo se a nossa principal suspeita for acalásia!
Aqui está o nosso grande exame para diagnóstico de acalásia. Afinal, se a patologia consiste na ausência de relaxamento, precisamos verificar que há, de fato, ausência de relaxamento, não é mesmo?
No laudo da manometria esofágica compatível com acalásia, esperaremos os seguintes achados:
Ok, o diagnóstico da acalásia já foi dado. E agora? O que podemos fazer por esse paciente? Depende! Depende da idade do paciente, depende do grau de dilatação, da gravidade dos sintomas…nem tudo é preto no branco na medicina, pessoal.
De forma geral, temos o seguinte:
Temos que achar um jeito de resolver essa ausência de relaxamento…e temos algumas estratégias possíveis. Podemos tentar uma ruptura mecânica do EEI (ex. dilatação pneumática, miotomia cirúrgica, miotomia endoscópica peroral – POEM) ou farmacológica.
A dilatação esofágica apresenta índice de sucesso de 55 a 70% dos casos, mas pode-se chegar a 90% de sucesso terapêutico com dilatações múltiplas. A complicação mais temida da dilatação é de perfuração esofágica, podendo levar a um quadro de pneumomediastino! Se vocês nunca viram um pneumomediastino, vejam como ficaria na radiografia e na TC de tórax:
Também podemos tentar tratamento com toxina botulínica. A aplicação de toxina botulínica bloqueia a liberação de acetilcolina na fibra pré-sináptica, resultando em paralisia reversível do músculo. É um tratamento com bons resultados no curto prazo, mas com elevada recidiva de sintomas.
Sem dúvida, quando falamos em menor taxa de recidiva, o tratamento de escolha é o cirúrgico. Continuamos com a mesma ideia: reduzir a tensão no EEI. Pra isso, realizaremos uma “miotomia” – secção de músculo.
Se o músculo ficar enfraquecido, pensem com a gente: os pacientes poderão evoluir com doença do refluxo esofágico no pós-operatório.
Por isso, para tentar contornar esse efeito colateral, Pinotti et al. acrescentaram uma fundoplicatura póstero-látero-anterior, para evitar a reaproximação das bordas musculares, e também bloqueando eventuais perfurações da mucosa, além de proporcionar mecanismo antirrefluxo, sendo chamada de cardiomiotomia a Heller-Pinotti.
Chegamos ao fim desta parte do assunto discutido com tranquilidade, pessoal! Hoje falamos sobre exame de imagem e tratamento para acalásia, esperem para ver! Por isso, vocês podem encontrar diversos outros assuntos abordados na mesma pegada que fizemos aqui!
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– https://www.uptodate.com/contents/achalasia-pathogenesis-clinical-manifestations-and-diagnosis
– https://www.uptodate.com/contents/overview-of-the-treatment-of-achalasia
– Clínica cirúrgica FMUSP
– Manual do Residente de Clínica Médica – FMUSP