Trauma penetrante em dorso: saiba mais!

E aí, pessoal? Tudo certo por aí? Vamos falar um pouco de cirurgia no texto de hoje e, mais especificamente, de trauma penetrante de dorso. Vamos explorar, aqui, como conduzir um caso desses, para que vocês tenham um norte na hora que se depararem com isso na vida profissional. Vamos lá? 

Para começar a falar do trauma penetrante em dorso… 

Galera, revisar anatomia quando estamos falando de cirurgia é um primeiro passo essencial, pois ao falar de ferimento penetrante em dorso, já conseguimos ter uma noção dos órgãos que podem ter sido acometidos.

Vendo essa imagem bem didática tirada do ATLS 10ª edição, no dorso, temos algumas estruturas importantes que podem ser lesadas como veia cava inferior, rins, cólon descendente, cólon ascendente e duodeno.

Agora que demos essa relembrada rápida de quais as estruturas mais importantes que podem ser atingidas, vamos pensar no seguinte cenário:

“Você está na sala de trauma e chega protocolada uma paciente do sexo feminino de 42 anos, vítima de um ferimento penetrante por pedaço de vidro. Ao exame físico, você se depara com essa lesão em dorso.” 

E, aí? Deu aquele friozinho na barriga ou vontade de explorar digitalmente essa ferida?

Mas calma que agora vamos te ensinar passo a passo de como abordar esse tipo de lesão. 

Fluxograma do trauma penetrante em dorso

Aqui ainda vale aquela máxima de indicação de laparotomia exploradora direto: presença de instabilidade hemodinâmica, evisceração ou sinais de peritonite exigem uma conduta cirúrgica imediata, assim como os ferimentos de parede abdominal anterior.

Mas se o paciente não preencher nenhum desses critérios, aqui nós NÃO indicamos a exploração digital por conta da musculatura mais espessa presente no dorso, vulgo o famoso psoas. 

A resposta aqui é a TOMOGRAFIA COM TRIPLO CONTRASTE – via oral, retal e endovenosa – que se trata de um exame que consegue avaliar de forma mais completa as porções retroperitoneais de cólon e demais lesões localizadas nesse espaço anatômico. 

Caso sejam detectadas lesões, aí vamos partir para o tratamento específico de cada uma delas. 

O ATLS 10ª edição também dá a opção de realizar exame físico seriado como uma ferramenta de precisão compatível com a tomografia, no entanto, no cotidiano optamos pelo exame de imagem pela capacidade dele detectar as lesões de forma mais precoce.

Fica aqui o fluxograma ilustrado pra guardar com carinho para a vida: 

Para finalizar nossa conversa, não ia deixar vocês sem contar mais o caso da nossa paciente da sala do trauma. Infelizmente, ela acabou falecendo antes de ser abordada e foi submetida à autópsia. 

O ferimento acabou penetrando a cavidade peritoneal, além de se notar um grande hematoma retroperitoneal. O culpado dessa história toda foi uma secção completa do rim esquerdo, que provocou um choque hemorrágico na paciente, sendo esta a causa de óbito dela.

Esse caso serviu para ilustrar a importância de vocês conhecerem o básico da abordagem frente a um ferimento penetrante de dorso que pode ser, muitas vezes, fatal, como o caso que aqui mostramos. Lembrando que ele aconteceu por conta da localização anatômica de algumas estruturas importantes. 

Provavelmente, essa paciente teria chegado instável na sala de trauma e vocês já saberiam que se trataria de um caso. Devido a ele, deveríamos correr para o centro cirúrgico.

Além disso, agora vocês também já sabem que se o paciente estiver estável, não vamos inventar de explorar digitalmente como fazemos na parede abdominal anterior, mas sim passar o caso para o radiologista pedindo uma tomografia com triplo contraste.

Curtiu saber mais sobre o assunto? 

Agora já discutimos sobre o trauma penetrante em dorso! Mas ainda há mais conteúdo sobre essas patologias pulmonares, né? Então, fique de olho no nosso blog para saber mais! Continuem estudando e nos encontramos em breve! 

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Referências 

1. ATLS – Suporte Avançado de Vida no Trauma 10ª Edição
2. Bodwal J, et al. Glass table tops: An unusual source of lethal domestic injury