Vacina da Influenza: tudo que você precisa saber

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Antes de saber sobre a vacina da Influenza, vamos saber tudo sobre o vírus Influenza

Você sabia que a Influenza, vírus sazonal de tipo A, é o responsável pelas grandes pandemias de gripe? Trata-se de um vírus que pode infectar diversos animais (suínos, cavalos, mamíferos marinhos e aves) e isso facilita sua disseminação pelo mundo.

Ele se adaptou muito ao longo do tempo e desenvolveu uma alta infectividade (capacidade do agente etiológico de alojar-se e multiplicar-se no hospedeiro e transmitir-se para outro hospedeiro). Para agravar a situação, a Influenza está relacionada a uma alta patogenicidade (capacidade do agente causar doença no hospedeiro).

Essas características acabam impactando nas taxas de internação hospitalar nos meses de inverno. E ele não está sozinho. O vírus Influenza do tipo B também infecta humanos e provoca internações. Contudo, o tipo B não infecta animais.

O vírus do tipo A é classificado em subtipos relacionados à identificação de algumas proteínas virais, são elas a Hemaglutinina (H) e a Neuraminidase (N). Atualmente, os subtipos H1N1 e H3N2 circulam de maneira sazonal e infectam humanos, mas outros subtipos também podem infectar humanos e circulam entre animais, tais como H5N1, H7N9, H10N8 entre outros. O tipo B não é classificado em subtipos.

Vejam só na imagem abaixo a série histórica de casos de influenza pelo sorotipo A e B. Além da maior prevalência do sorotipo A, é possível observar a sazonalidade da doença, mais prevalente nos meses de inverno.

Série histórica de identificação dos tipos A e B de Influenza no Brasil.
Figura: Série histórica de identificação dos tipos A e B de Influenza no Brasil, dados coletados pelos serviços sentinela de monitoramento da gripe no Brasil entre 2010 e 2020. Fonte: Ministério da Saúde.

Os tipos trivalente e tetravalente para vacina de Influenza

A vacinação é o método mais efetivo para controle do vírus, mas requer um sistema sentinela para monitoramento mundial dos vírus em circulação e atualizações anuais da vacina com as cepas predominantes.

As cepas a serem incluídas na vacina são definidas de acordo com as cepas mais prevalentes no mundo no inverno anterior do hemisfério oposto. Ou seja, a vacina da Influenza do Hemisfério Sul possui as cepas mais prevalentes no inverno anterior do Hemisfério Norte. Deste modo, a vacina da Influenza para o Hemisfério Sul em 2021 foi constituída da seguinte forma:


Vacina Trivalente
Tipo A: Victoria/H1N1Tipo A: Hong Kong/H3N2Tipo B: Washington
Vacina tetravalente Cepas da trivalente e adição de uma segunda cepa do tipo B → Tipo B: Phuket

Comparativamente à vacina de 2020, não houve alteração das cepas do tipo B, seja na trivalente ou na tetravalente, mas houve alteração das duas cepas do tipo A.

A vacinação deve ser recomendada a toda população acima de 6 meses de idade, inclusive as gestantes, sendo que crianças abaixo de 09 anos, que não foram vacinadas previamente, devem receber esquema com duas doses (intervalo de 30 dias). As demais pessoas são vacinadas com esquema de dose única. Por conta da vacina da Influenza ser uma vacina com vírus inativo, não existe restrição para uso em pessoas com imunossupressão.

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Campanha Nacional de Vacinação contra Influenza em 2021

Em 2021, o Brasil promove a 23ª Campanha de Vacinação contra Influenza, reforçando a recomendação para vacinação no contexto de enfrentamento da pandemia de COVID-19, sendo necessário observar o intervalo de 14 dias entre a vacina da COVID-19 e a vacina da Influenza, independente da ordem em que tenha sido efetuada a imunização.

A campanha enfatizou grupos de risco entre abril e julho de 2021, elegendo 79.744.470 como foco para cobertura vacinal:

  • crianças de 6 meses a menores de 6 anos de idade (5 anos, 11 meses e 29 dias);
  • gestantes;
  • puérperas;
  • povos indígenas;
  • trabalhadores da saúde;
  • idosos com 60 anos e mais;
  • professores das escolas públicas e privadas;
  • pessoas portadoras de doenças crônicas não transmissíveis e outras condições clínicas especiais;
  • pessoas com deficiência permanente;
  • forças de segurança e salvamento;
  • forças armadas;
  • caminhoneiros;
  • trabalhadores de transporte coletivo rodoviário de passageiros urbano e de longo curso;
  • trabalhadores portuários;
  • funcionários do sistema prisional;
  • adolescentes e jovens de 12 a 21 anos de idade sob medidas socioeducativas;
  • população privada de liberdade.

No curso dos anos, houve mudança nas metas de cobertura da vacinação, partindo de 70% da população alvo em 1999, passando para 80% em 2008 e chegando a 90% desde 2017. Em 2021, até julho, foram aplicadas 55.329.696 de doses. Portanto, a campanha teve cobertura inferior a 70% da população-alvo, conforme dados publicados em agosto/2021 pelo Ministério da Saúde. Deste modo, como foram fornecidas 80 milhões de doses, existe um remanescente de 25 milhões de doses nos estoques das unidades de saúde.

E aí, bora se tomar a vacina da Influenza?

Você ficou interessado em se vacinar contra a Influenza? Então, consulte informações da secretaria municipal de saúde da sua região e verifique se existe oferta da vacina. A cidade de São Paulo, por exemplo, tem divulgado em site que, desde 12/07/2021, está oferecendo as doses remanescentes a toda população (acima de 6 meses de idade).

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Bons estudos e até a próxima!

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CésarSaletti

César Saletti

Nascido em São Paulo, capital, em 1977, formado em medicina pela USP (2000), residência médica (2003) e mestrado (2008) em medicina preventiva. Especialização em Educação pela PUCRS (2019). MBA em Data Science pela USP Esalq. A educação médica como profissão, sempre com muita dedicação.