A malária: conheça tudo sobre essa doença tropical

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Salve, meu povo! A malária é uma das doenças infecciosas mais comuns e perigosas do mundo, afetando principalmente países tropicais e subtropicais. Neste post, vamos revisar um pouco sobre a doença, sua prevenção, sintomas, diagnóstico, tratamento e sobre um caso que deu o que falar na mídia. 

Introdução e sintomas da malária

A malária é causada pelo parasita Plasmodium, transmitido aos seres humanos através da picada de mosquitos infectados (fêmeas do mosquito Anopheles). Os sintomas podem incluir febre, dor de cabeça, calafrios, fadiga e dor muscular, entre outros. 

O quadro clínico pode ser muito variado e facilmente confundido com outras doenças, principalmente outras arboviroses, em seu estágio inicial. 

Existem quatro tipos de agentes causadores: Plasmodium falciparum, Plasmodium vivax, Plasmodium ovale e Plasmodium malariae. Cada tipo tem seus sintomas e gravidades diferentes:

  • o Plasmodium falciparum costuma causar a forma mais grave da doença. Os sintomas incluem febre alta, dor de cabeça intensa, dor abdominal, vômitos e diarreia. Em casos graves, pode ocorrer insuficiência renal, icterícia, convulsões e coma.
  • o Plasmodium vivax costuma causar uma forma menos intensa do que o falciparum, mas ainda assim pode ser grave. Os pacientes com Plasmodium vivax também podem experimentar episódios recorrentes de febre a cada 48 horas.
  • a malária causada pelo Plasmodium ovale é menos comum do que a malária vivax ou falciparum. Os sintomas são semelhantes aos da vivax, mas menos graves.
  • a malária causada pelo Plasmodium malariae é a forma mais rara da doença e geralmente mais leve. 

Outro conceito interessante é o da febre terçã e quartã.

Se o paciente é infectado pelo Plasmodium falciparum ou vivax, por exemplo, pode apresentar um dia com febre e dois dias sem. Essa é a febre terçã.


Já nos casos de infecções por Plasmodium malariae, há um dia com febre e três dias sem. Essa é a febre quartã. 

Diagnóstico da malária

O diagnóstico da malária é fundamental para o tratamento adequado e o controle da doença. Existem vários métodos disponíveis, incluindo exames de sangue e testes rápidos, além da avaliação clínico-epidemiológica do caso (pacientes com sintomas clássicos e histórico de viagem a locais com alta incidência, por exemplo).

Um método comum, principalmente em regiões endêmicas, é a análise da gota espessa. Coleta-se o sangue da pessoa e uma amostra é examinada sob o microscópio para identificar a presença de parasitas da malária. Esse é o padrão ouro, mas pode ser demorado e requer habilidades especializadas de um microscopista.

Os testes rápidos são outra opção de diagnóstico disponível. Eles detectam antígenos específicos do parasita no sangue do paciente. São rápidos, fáceis de realizar e podem fornecer resultados em cerca de 15 minutos. Podem ser menos sensíveis do que a análise microscópica e, portanto, levar a resultados falsos negativos.

Outra forma é por meio de técnicas de biologia molecular, como a reação em cadeia da polimerase (PCR) com a detecção do DNA do parasita no sangue, sendo altamente sensível e específico. 

Tratamento da malária

O tratamento depende de diversos fatores, inclusive do tipo de parasita causador da doença e obviamente da gravidade dos sintomas. Aqui entram os famosos antimaláricos.

Vamos revisar rapidamente os esquemas de tratamento segundo o Ministério da Saúde. 

Nos casos de malária por P. vivax ou por P. ovale, usamos cloroquina por 3 dias e primaquina por 7 dias. Lembrando que a primaquina não é indicada para gestantes, puérperas ou crianças menores de 6 meses. Infecções comprovadas por P. Vivax ou P. Malariae podem ser tratadas com cloroquina por 3 dias. 

O Ministério indica “combinações fixas de derivados de artemisinina (ACT), artemeter + lumefantrina ou artesunato + mefloquina, por 3 dias para o tratamento clínico e a primaquina em dose única para eliminação dos gametócitos” nas infecções por P. falciparum

Já nas infecções mistas (P. falciparum com P. vivax), indicamos artemeter + lumefantrina ou artesunato + mefloquina.

Nos casos graves da doença, por P. falciparum ou vivax, utilizamos artesunato intravenoso (IV) ou intramuscular (IM) por, pelo menos 24 horas, passando para o tratamento via oral assim que possível. 

Obviamente além desses medicamentos, todo o tratamento de suporte deve ser fornecido, de acordo com cada quadro e sua gravidade. 

E a prevenção?

Quando falamos nas medidas para evitar a ocorrência da doença (prevenção primária), temos algumas ações:

  • Controle de vetores: a principal forma de prevenção é através do controle dos mosquitos transmissores. Isso pode ser feito através de medidas como a eliminação de criadouros, uso de mosquiteiros impregnados com inseticida, aplicação de inseticidas em residências e áreas públicas, entre outras medidas.
  • Tratamento: o tratamento imediato e eficaz é essencial para prevenir a propagação da doença.
  • Educação: é importante que as pessoas que vivem em áreas endêmicas entendam como se proteger. As autoridades devem difundir informações sobre como evitar picadas de mosquito, identificar sintomas e procurar tratamento imediatamente.
  • Proteção individual: medidas de proteção individual incluem o uso de roupas que cubram a maior parte do corpo, uso de repelentes de insetos, evitar sair de casa durante o horário de maior atividade dos mosquitos e uso de telas nas janelas e portas.
  • Prevenção de casos importados: em áreas onde a malária não é endêmica, é importante prevenir a importação de casos através de medidas como a triagem de viajantes de áreas endêmicas e a administração de medicamentos antimaláricos profiláticos para viajantes que visitam áreas endêmicas.

Infecção extra-amazônica

Em 2020, tivemos um caso bem discutido na mídia que foi a infecção pela doença na atriz Camila Pitanga e em sua filha. Elas a contraíram no litoral de São Paulo, região não endêmica da doença (diferente da região amazônica, por exemplo). 

Isso, obviamente, gera um alerta nas autoridades de saúde locais, necessitando maior vigilância e entendimento da ocorrência de casos na região. 

A diferença é tão importante que, quando olhamos a lista de doenças de notificação compulsória do Ministério da Saúde, os casos de malária na região amazônica são de notificação compulsória semanal e aqueles fora dessa região de notificação imediata (em até 24h) para as Secretarias Municipais e Estaduais de Saúde e Ministério da Saúde. 

Fechamos por aqui

Curtiu entender mais sobre a malária? É uma doença muito comum e perigosa, então fique muito atento com isso durante seu período no PS.

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Referências

https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/m/malaria/tratamento-da-malaria/esquemas-de-tratamento

http://www.fiocruz.br/ioc/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=1066&sid=32&tpl=printerview

https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2020/08/11/entenda-o-que-e-e-qual-o-tratamento-para-malaria-doenca-de-camila-pitanga.htm

https://www.gov.br/saude/pt-br/composicao/svsa/notificacao-compulsoria/lista-nacional-de-notificacao-compulsoria-de-doencas-agravos-e-eventos-de-saude-publica

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