Fala, galera. Como vocês estão? Muito se fala sobre os procedimentos cirúrgicos, mas cuidados básicos no pós-operatório acabam ficando de lado. Devo manter o paciente internado ou dar alta precoce? Mantenho antibiótico ou tiro? Dou dieta em quanto tempo? Preciso de anticoagulação profilática? E se preciso, posso voltar em quanto tempo? O objetivo deste post é facilitar sua vida na enfermaria cirúrgica nos pacientes em pós-operatório (PO) de apendicite aguda.
O pós-operatório de uma apendicite aguda, seja em relação a uma cirurgia aberta ou laparoscópica, é semelhante em muitos aspectos. O que diferencia é o fato de ser uma apendicite complicada ou não complicada.
Sempre que falamos de PO, precisamos pensar em prescrição e condutas até a alta e após a alta. Não existe um protocolo universal que dita como deve ser o PO especificamente, mas a ideia é elencar pontos principais e práticos. Para sistematizar, vamos utilizar o FAST-HUG e destacar algumas peculiaridades.
F: podemos começar a introdução de dieta logo após o procedimento cirúrgico, quando o paciente estiver com o sensório pós-anestesia/sedação recuperado. Iniciamos com uma dieta leve, com progressão já no dia seguinte para dieta geral;
A: antibióticos não são necessários no pós-operatório da apendicite aguda não complicada;
Manter uma analgesia regular para facilitar na recuperação:
S: sem necessidade;
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T: Não é necessário anticoagulação profilática. O paciente deve ser estimulado a andar e sair do leito;
H: Manter cabeceira elevada;
U: Não é necessário profilaxia para úlcera de estresse;
G: Se jejum, manter controle glicêmico de 6/6 horas;
F: Três a sete por cento dos pacientes podem desenvolver íleo ou obstrução intestinal precoce após a cirurgia, portanto a dieta deve ser avançada conforme a situação clínica do paciente.
A: Antibióticos são necessários no pós-operatório da apendicite aguda complicada, por um período de três a cinco dias para adultos, conforme parâmetros clínicos e laboratoriais como febre e leucocitose. Ex: Metronidazol 500 mg EV 8/8 horas + Ceftriaxone 1 g EV 12/12 horas;
Manter uma analgesia regular para facilitar a recuperação.
S: A depender das condições clínicas no PO (necessidade de manter IOT);
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T: Anticoagulação profilática pode ser reiniciada doze horas após o procedimento cirúrgico, se não houver contraindicações;
H: Manter cabeceira elevada;
U: Omeprazol 40 mg EV, 1 x ao dia. Prescrever inibidor de bomba de prótons se o paciente for considerado de alto ou médio risco para lesão aguda de mucosa gástrica (10 ou mais pontos):
*Enoxaparina > 60 mg/dia
*INR > 1,5, PTTr > 2x controle e/ou plaquetas < 50 mil.
G: Em caso de jejum, manter controle glicêmico de 6/6 horas.
Operar é ótimo, mas saber conduzir o paciente na enfermaria é fundamental para o sucesso do procedimento. Cada paciente deve ser avaliado individualmente conforme a evolução clínica, mas se garantir no básico já é meio caminho andado. Espero que tenham curtido o texto e não deixem de checar as outras leituras disponíveis no blog se quiserem se praticidade e segurança para enfrentar o dia a dia da vida médica. Abraços e até a próxima leitura!
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Até a próxima!
Referências
Matheus Carvalho Silva, nascido em 1993, em Coronel Fabriciano (MG), se formou em Medicina pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e hoje é residente em Cirurgia Geral na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM).