Leishmaniose tegumentar: saiba mais sobre o seu diagnóstico

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Fala, pessoal! Hoje, vamos falar sobre o diagnóstico de leishmaniose tegumentar, um problema de saúde pública mundial. Estima-se que 350 milhões de pessoas estejam expostas ao risco, com registro aproximado de 2 milhões de novos casos das diferentes formas clínicas ao ano. 

Quer saber de tudo a respeito desse assunto? Basta continuar a leitura com a gente e ficar atento a todas as informações sobre o diagnóstico de leishmaniose tegumentar. Você pode precisar delas em um futuro bem próximo. Vamos lá!

Visão geral sobre a leishmaniose

As leishmanioses são um conjunto de doenças parasitárias não contagiosas endêmicas das regiões tropicais e subtropicais. No Brasil, são agravos de notificação compulsória e atingem todas as regiões, sendo mais frequentes no Norte, no Nordeste, no Centro-Oeste e no Sudeste. 

A princípio, tinham distribuição predominantemente rural, alojando-se nos animais silvestres, como as raposas e os marsupiais. Porém, ultimamente, estão se expandindo para as áreas urbanas. Nessas regiões, as Leishmanias têm como hospedeiros os animais domésticos, principalmente os cachorros. 

Existem 20 tipos diferentes protozoários da família Trypanosomatidae, todos transmitidos por insetos hematófagos (que se alimentam de sangue), mais especificamente pela fêmea do mosquito-palha

Aspectos clínicos da leishmaniose tegumentar 

Essa é uma das síndromes clínicas mais comuns, gerando quatro possíveis apresentações, que serão descritas abaixo. A seguir, veja como ela pode se apresentar no corpo humano, algo que facilita o diagnóstico de leishmaniose tegumentar.

Leishmaniose cutânea localizada

A leishmaniose cutânea localizada é a manifestação clínica mais comum, com uma a dez lesões de pele habitualmente indolores nas áreas expostas (face, pescoço e membros). As feridas se apresentam como pápulas eritematosas, que podem evoluir para lesões nodulares ou ulceradas, frequentemente com adenomegalia satélite.

Leishmaniose cutânea disseminada

A leishmaniose cutânea disseminada é rara, com mais de dez lesões destrutivas e localizadas, principalmente, na cavidade oral e nas narinas, em vários segmentos corporais e tipos variados (pápulas, nódulos, úlceras e lesões acneiformes).

Leishmaniose cutânea difusa

A leishmaniose cutânea difusa é rara e grave, ocorre em pacientes com deficiência específica de resposta celular a antígenos da Leishmania. Evolui de forma lenta, com formação de múltiplos nódulos recobrindo grandes extensões da pele.

Forma recidiva cútis

Caracteriza-se pela ativação da lesão nas bordas, após cicatrização, mantendo-se o fundo com aspecto cicatricial. A resposta terapêutica costuma ser inferior à da lesão primária.

Diagnóstico de leishmaniose tegumentar

Quando se deparar com um caso suspeito, pergunte sobre história de residência ou viagem para áreas endêmicas e histórico de imunossupressão. Isso pode facilitar o diagnóstico de leishmaniose tegumentar.

No exame físico, procure por linfadenopatia, lesões na pele nas áreas expostas e examine as mucosas nasal e oral. Se encontrar lesões sugestivas de leishmaniose e houver história de visita a regiões endêmicas, o diagnóstico presuntivo pode ser feito. 

Não se esqueça dos diagnósticos diferenciais das leishmanioses mucocutâneas. Para te ajudar a identificá-las fizemos uma lista, que você pode conferir logo abaixo. Você também pode buscar mais informações na Academia Medway. Veja com atenção:

  • abscessos e furúnculos;
  • tuberculose cutânea;
  • hanseníase;
  • sífilis secundária;
  • blastomicose;
  • esporotricose;
  • úlceras vasculares.

O próximo passo é confirmar sua suspeita por meio de exames complementares. A utilização de métodos de diagnóstico laboratorial visa não somente a confirmação dos achados clínicos, mas pode fornecer importantes informações epidemiológicas, como a identificação da espécie de Leishmania circulante.

O HIV deve ser descartado

Para orientar quanto às medidas a serem adotadas para o controle do agravo, especialmente naqueles casos com evolução clínica fora do habitual ou má resposta ao tratamento anterior, também está indicado investigar a coinfecção pelo HIV.

O diagnóstico da coinfecção Leishmania-HIV pode ter implicações na abordagem da leishmaniose quanto à indicação terapêutica, ao monitoramento de efeitos adversos, à resposta do tratamento e à ocorrência de recidivas. 

Conheça os procedimentos para identificar o tipo de Leishmania

A demonstração direta do parasita é o procedimento de primeira escolha por ser mais rápido, de menor custo e fácil execução. Vale lembrar que a probabilidade de encontro do parasita é inversamente proporcional ao tempo de evolução da lesão cutânea, sendo rara após um ano. 

O isolamento em cultivo in vitro é uma segunda opção, que permite a posterior identificação da espécie de Leishmania envolvida. Esse método e o PCR são pouco utilizados devido ao alto custo dos procedimentos e à relativa indisponibilidade de laboratórios que os realizam. 

Outros tipos de exame

O exame histopatológico pode identificar aspectos típicos da dermatite causada pela doença, mas só fecha diagnóstico em caso da visualização direta dos parasitas intra ou extracelular, que nem sempre é obtida. 

Também é possível realizar testes sorológicos e de antígenos, mas que não possuem boa sensibilidade e especificidade, especialmente para a forma cutânea. Porém, é uma alternativa que não deve ser descartada.

Por quanto tempo a doença ainda pode ser identificada?

Após a cura clínica, o exame segue positivo durante vários anos. Um teste negativo em pacientes com lesões com mais de seis semanas de evolução indica a necessidade de outras provas diagnósticas para leishmaniose tegumentar e diagnóstico diferencial. 

Lembre-se de que a sensibilidade e a especificidade de cada método de diagnóstico pode variar de acordo com a experiência de cada serviço, a qualidade do equipamento e dos insumos utilizados, o tempo de evolução das lesões, as formas clínicas e as diferentes espécies de Leishmania envolvidas. 

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IsabelaSimoneti Busch

Isabela Simoneti Busch

Paulista, nascida em Limeira em 1987, médica graduada pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas em 2014 e especializada em Medicina de Família e Comunidade pela RMFC-Rio. Interessada por tudo que permeia os processos de raciocínio e comunicação clínica. Busca novas formas de pensar o ensino e a prática médica.