O GOLD 2026 chegou trazendo mudanças importantes no diagnóstico, manejo e prevenção da DPOC — e, como sempre, é fundamental que médicos, especialistas e estudantes se mantenham atualizados.
Afinal, o Relatório Global de Estratégia para Diagnóstico, Manejo e Prevenção da DPOC é a principal diretriz internacional sobre o tema e influencia diretamente a prática clínica, a abordagem de risco e até a forma como os casos são cobrados em provas de residência.
Considerado a sexta grande revisão desde a versão de 2023, o GOLD 2026 reorganiza capítulos inteiros, ajusta critérios de risco, introduz novas figuras terapêuticas e, pela primeira vez, dedica um capítulo exclusivo às tecnologias emergentes e à inteligência artificial no diagnóstico da doença.
O resultado é uma diretriz mais moderna, mais precisa e muito mais conectada aos desafios atuais da prática médica, especialmente no cenário de envelhecimento populacional e avanço da medicina digital.
Neste artigo, você confere as principais atualizações da versão GOLD 2026.
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A DPOC continua sendo definida como uma doença heterogênea, progressiva e marcada por exacerbações que influenciam diretamente o prognóstico. Porém, o GOLD 2026 revisou profundamente dois capítulos fundamentais: Exacerbações (Capítulo 4) e Multimorbidade (Capítulo 5).
A principal mudança está na forma como avaliamos a gravidade das exacerbações. Até o GOLD 2025, o padrão era a classificação baseada no uso de recursos: se o paciente recebeu apenas broncodilatador de curta ação, era leve; se recebeu corticoide oral ou antibiótico, era moderada; e se exigiu hospitalização, era grave.
Agora, o GOLD 2026 rompe com essa lógica e adota uma abordagem centrada em características clínicas, oficializando a Classificação de Roma como novo padrão.
Com base em variáveis definidas, como intensidade da dispneia, frequência respiratória, frequência cardíaca e saturação em ar ambiente, o GOLD 2026 passa a categorizar exacerbações como:
Essa mudança não é apenas metodológica: estudos apontam que 15% a 30% dos pacientes internados por exacerbação, quando avaliados pela Classificação de Roma, teriam sido classificados como leves, e não graves. Ou seja, a utilização exclusiva de recursos hospitalares superestimava a gravidade de muitos casos.
Além disso, o capítulo reforça aspectos que impactam diretamente a condução clínica, como:
O antigo capítulo “DPOC e Comorbidades” foi reformulado no GOLD 2026 e passou a se chamar “DPOC e Multimorbidade”. Essa mudança reflete uma compreensão mais complexa da interação entre condições crônicas, incluindo o conceito de sindemias, coexistência de doenças que compartilham mecanismos biológicos, sociais ou ambientais comuns.
A diretriz agora dá mais destaque a:
Essa abordagem amplia a visão do médico sobre o paciente com DPOC, especialmente em populações envelhecidas, trazendo impacto direto na tomada de decisão terapêutica.
Se você achou que a classificação ABE teria estabilidade após a grande revisão de 2023, o GOLD 2026 mostrou que a história não é bem assim.
A partir da nova diretriz, o Grupo E, associado ao alto risco de exacerbação, sofre um ajuste importante. Antes, o paciente precisava de:
Agora, apenas uma exacerbação moderada ou grave antes do início da terapia de manutenção já coloca o paciente em maior risco.
Essa mudança se baseia em estudos que mostraram que até mesmo um único evento aumenta significativamente a probabilidade de novas exacerbações subsequentes. O objetivo é identificar precocemente quem pode se beneficiar de terapia intensificada.
Dica clínica importante: O sistema ABE permanece o mesmo em conceito, mas o limiar para classificação de alto risco ficou mais sensível, ampliando o número de pacientes que podem ser direcionados para tratamento mais agressivo.
O GOLD 2026 revisou diversas figuras-chave de algoritmos de tratamento, atualizando especialmente:
Em 2025, medicamentos como ensifentrina e dupilumabe já haviam sido incluídos nas recomendações farmacológicas. Em 2026, o GOLD apresenta uma figura específica para biológicos, reconhecendo o papel crescente dessas abordagens em subgrupos de pacientes.
Antes, o uso de antibiótico exigia:
Em 2026, houve mudanças:
O GOLD 2026 traz uma tabela revisada com recomendações atualizadas, com ênfase em:
O reforço da vacinação é motivado pela forte evidência de redução de exacerbações, hospitalizações e mortalidade associadas à DPOC.
Uma das novidades mais marcantes do GOLD 2026 é a introdução de um capítulo inteiro dedicado à Inteligência Artificial e Tecnologias Emergentes na DPOC.
O documento destaca que a IA já é uma ferramenta madura no campo da imagem torácica, sendo capaz de:
Além disso, o relatório aponta aplicações emergentes em:
A presença deste capítulo sinaliza o alinhamento do GOLD com tendências de medicina personalizada e digital.
De forma resumida, os principais destaques incluem:
O GOLD 2026 representa uma evolução significativa na abordagem da DPOC, tanto na organização do documento quanto nos aspectos clínicos. A adoção da Classificação de Roma, o ajuste nos critérios do Grupo E, o foco em multimorbidade e o avanço das terapias biológicas tornam a diretriz mais alinhada à realidade dos pacientes e da prática atual.
Além disso, o novo capítulo sobre IA reforça o compromisso da diretriz com a modernização e com o enfrentamento do subdiagnóstico, um dos maiores desafios da DPOC no mundo.
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Paraense, pai de pet e professor da Medway. Formado pela Universidade do Estado do Pará, Residência em Clínica Médica pela Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Siga no Instagram: @igor.medway