Meus amigos, dessa vez o tema é DPOC exacerbado. Tenho certeza que você já se deparou com um paciente apresentando esta condição e alguma noção sobre o tema você tem. Mas nosso objetivo aqui é mais do que isso, vamos te ensinar tudo o que você precisa saber sobre DPOC exacerbado.
Essa é fácil! Cerca de 7 milhões de brasileiros têm DPOC e, dentre os tabagistas de longa data, a prevalência é de 15%. Gente pra caramba.
Em relação à descompensação, tenha em mente que os pacientes têm em média de 2 a 3 exacerbações por ano e a mortalidade intra-hospitalar é de cerca de 10%. Mais do que isso, dentre os que recebem alta, metade interna novamente dentro de 6 meses.
Abaixo te entrego uma lista de várias possíveis causas, mas já memorize que geralmente é decorrente de processos infecciosos.
Sintomas cardinais (≥ 1)
Os sintomas mais comumente relatados são dispneia e tosse e no exame físico costuma-se encontrar taquipneia, sibilância e esforço respiratório.
Agora vamos ver quais são as classificações da DPOC exacerbada, de acordo com o tratamento necessário:
E, agora, pela presença de sintomas cardinais:
Manejo inicial envolve o uso de B2-agonistas de curta ação (Salbutamol ou Fenoterol) e em casos graves podemos associar com os anticolinérgicos de curta ação (Ipratrópio).
Exemplo: Nebulização com 3-5 ml SF 0,9% + 10 gotas Berotec (Fenoterol) + 20-40 gotas Atrovent (Ipratrópio) – Realizar 3 inalações a cada 15-20 minutos.
Seu uso promove uma melhora do fluxo aéreo e dos sintomas, além de diminuir o tempo de internação e de falha terapêutica. Tenha em mente que o uso por via oral é equivalente ao endovenoso, então o uso EV será indicado caso não melhore com o uso VO, ou caso o paciente não consiga tomar o medicamento. Além disso, foi observado, no estudo REDUCE, que o uso por 5 dias foi equivalente ao uso prolongado (14 dias).
Exemplo: Prednisona 40mg/dia VO por 5 dias
Calma aí, não saia prescrevendo para todo mundo, você deve prescrever para aqueles pacientes que tenham 2 ou mais sintomas cardinais. Com uma duração do tratamento de 5 a 7 dias.
Qual antibiótico usar? Depende.
Atenção aqui meu amigo, muita atenção. Meta de SatO2 = 88-92%. Isso mesmo, não forneça mais O2 do que o necessário para manter essa meta, se fizeres isso o teu paciente vai rebaixar!
Vou te explicar o motivo para você nunca mais esquecer: O paciente com uma pCO2 mais elevada (como é o caso no DPOC) faz vasoconstrição fisiológica, ou seja, áreas pouco ventiladas recebem menos suprimento sanguíneo – enquanto que as áreas menos acometidas pelo enfisema, recebem o sangue e conseguem oxigená-lo.
Quando aumentamos a oxigenação, revertemos essa vasoconstrição e passamos a perfundir as áreas acometidas (que não são capazes de oxigenar o sangue) – aumentando o espaço morto. Além disso, quando a hemácia tem muito oxigênio, como consequência é liberado para circulação sanguínea CO2 (Efeito Haldane). A consequência final então é o acúmulo de CO2 e rebaixamento do nível de consciência.
Seu uso melhora a oxigenação e a ventilação, diminui a hipercapnia e melhora a qualidade de vida.
Além de melhorar o quadro ventilatório (melhora oxigenação, acidose respiratória aguda, diminui o trabalho ventilatório e a gravidade da falta de ar), também reduz as complicações, como pneumonia associada à ventilação mecânica e o tempo de internação hospitalar. Mais do que isso, com a VNI há uma redução das taxas de mortalidade e intubação.
Quando podemos “desmamar” da VNI? Assim que o paciente tolerar 4 horas sem VNI.
Parceiro, se possível, VNI! Isso porque existem muitas complicações possíveis decorrentes da VM e muitos quadros são revertidos com o uso de VNI, sem haver de fato necessidade de uma medida invasiva como a intubação/VM.
Bom, agora que você está mais informado sobre o DPOC exacerbado, temos uma dica pra você. Confira mais conteúdos de Medicina de Emergência na Academia Medway. Por lá disponibilizamos diversos e-books e minicursos completamente gratuitos! Por exemplo, o nosso e-book ECG Sem Mistérios ou o nosso minicurso Semana da Emergência são ótimas opções pra você estar preparado para qualquer plantão no país.
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Gaúcho, de Pelotas, nascido em 1997 e graduado pela Universidade Federal de Pelotas (UFPEL). Residente de Clínica Médica na Escola Paulista de Medicina (UNIFESP). Filho de um médico e de uma professora, compartilha de ambas paixões: ser médico e ensinar.
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