Bloqueio de ramo direito: tudo que você deve saber

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Qualquer obstrução ou retardo do fluxo de eletricidade ao longo das vias normais de condução elétrica é chamado bloqueio de condução. Há três tipos de bloqueio de condução, definidos pela localização anatômica: bloqueio do nó sinoatrial, bloqueio atrioventricular e bloqueio de ramo direito e esquerdo.

Um bloqueio de condução pode ocorrer em qualquer parte do sistema de condução do coração. Sendo assim, continue a leitura para compreender as principais informações sobre o que é bloqueio de ramo direito e como identificar essa condição no eletrocardiograma.

Tipos de bloqueio de condução

Tipos de bloqueio de condução (bloqueio de ramo direito)
Figura 1: Tipos de bloqueio de condução

O coração possui um sistema especial para gerar impulsos elétricos responsáveis por contrações rítmicas do miocárdio e conduzir esses impulsos rapidamente por todo o coração. O caminho fisiológico de ativação ventricular ocorre da seguinte maneira:

  • a onda de despolarização segue do nó atrioventricular e do feixe de His pelos ramos ventriculares;
  • os ramos direito e esquerdo fornecem a corrente aos ventrículos direito e esquerdo, respectivamente.

Assim, quando a despolarização ventricular normal ocorre, o complexo QRS é estreito, e o eixo elétrico se posiciona entre 0º e 90º. Tudo isso se altera no bloqueio dos ramos. A sequência de ativação ventricular muda na presença do bloqueio de ramo direito.  

Como resultado da obstrução na via de condução do ramo direito, a despolarização ventricular direita é retardada de maneira que não começa até que o ventrículo esquerdo estar quase completamente despolarizado.

Quais são as principais causas de bloqueio de ramo direito?

Mesmo sendo muito comum em corações normais, o bloqueio de ramo direito pode estar relacionado a patologias como: doença de Chagas, cardiomiopatia hipertrófica, infarto agudo do miocárdio, fibrose, cor pulmonar e embolia pulmonar.

O bloqueio de ramo direito no ECG

Figura 2: Local do BRD

A leitura do bloqueio de ramo no ECG é diagnosticada olhando a largura e a configuração dos complexos QRS. Em condições normais, é estreito e tem duração de até 120 ms (três quadradinhos). 

Como o sistema de condução estará comprometido, é obrigatório que o complexo QRS esteja alargado, ou seja, terá duração maior que 120 ms. Além disso, é possível encontrar outros achados eletrocardiográficos no BRD:

Sinal da orelha de coelho em V1
Figura 3: Sinal da orelha de coelho em V1
 BRD típico (bloqueio de ramo direito)
Figura 4: BRD típico
  • onda R secundária (R´) larga: padrão pode ser rsr´, rsR´ou rSR´, em derivações V1 e V2 (orelhas de coelho); 
  • onda S profunda, ampla e empastada nas derivações precordiais esquerdas – V5 e V6: padrão de qRS;
  • deflexão intrinsecóide retardada: o início do complexo QRS até o pico da onda R’ tem duração > 50 ms nas derivações precordiais direitas – V1 e V2.

Como a ativação ventricular esquerda é normal, anormalidades do ventrículo esquerdo ainda podem ser reconhecidas, como isquemia ou infarto agudo e crônico do miocárdio, hipertrofia ventricular esquerda e pericardite. 

A sequência de ativação ventricular direita é anormal, logo, anormalidades do ventrículo direito não podem ser reconhecidas, como a hipertrofia ventricular direita. Casos de bloqueio alternante de ramos direito e esquerdo podem indicar doença difusa e avançada do sistema de condução, com chance de evolução para bloqueio atrioventricular total.

O bloqueio de ramo direito também pode ser causado por doenças do sistema de condução, como o bloqueio de ramo esquerdo. Porém, diferentemente do bloqueio de ramo esquerdo, é um fenômeno bastante comum em corações normais. Sendo assim, é de extrema importância saber diferenciá-los no eletrocardiograma.

No nosso Atlas do ECG, temos um capítulo apenas dedicado aos bloqueios de ramo. Neste material, você vai encontrar uma abordagem completa sobre eletrocardiogramas. Ao final, você vai assimilar o processo de avaliação sistemática dos ECGs, que, como explicaremos a seguir, são fundamentais na identificação de irregularidades. Então não perde tempo e já clique AQUI pra baixá-lo gratuitamente.

A importância do ECG na identificação de irregularidades

Para detectar alterações cardíacas e verificar se o coração apresenta alguma falha na condução elétrica, o eletrocardiograma é um procedimento simples, usado para confirmação de uma série de diagnósticos e algumas suspeitas. Além disso, é um dos exames mais utilizados nas diversas práticas e funções da Medicina de Emergência.

As mudanças mais comuns identificadas no funcionamento do coração por meio do ECG são: bloqueio de ramo direito e esquerdo, arritmias cardíacas, hipertrofia ventricular esquerda (HVE) e outras condições. É possível obter todo o aprendizado das técnicas de leitura do exame por meio de cursos.

O curso de eletrocardiograma é recomendado para quem também tem o sonho de ingressar em programas de residência médica. Além de proporcionar um aprendizado completo, é útil para a bagagem profissional dos residentes de qualquer especialidade. Conheça algumas opções para aprender tudo sobre ECG.

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Dessa forma, é disponibilizado um passo a passo para você compreender e  identificar os principais padrões de um eletrocardiograma. Após o curso, é emitido um certificado. Assim, você estará pronto para fazer a leitura dos exames com total segurança e propriedade no assunto.

Aprenda mais sobre outras condições cardíacas

Agora que você aprendeu tudo a respeito do bloqueio de ramo direito e como fazer a leitura dessa alteração no eletrocardiograma, aproveite para se aprofundar em outras condições, como a sobrecarga atrial esquerda. Assim, seu aprendizado ficará em dia, e você estará pronto para brilhar nos plantões de emergência!

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