Classificação ASA: o que é e como funciona

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A Classificação ASA (American Society of Anesthesiologists) é um sistema padronizado que categoriza pacientes de acordo com seu estado de saúde pré-operatório. 

Desenvolvida pela Sociedade Americana de Anestesiologistas em 1940, essa classificação auxilia na avaliação do risco cirúrgico e na estratificação da morbidade perioperatória. Vamos entender mais detalhadamente sobre essa ferramenta? 

Objetivo da classificação ASA

A classificação ASA tem como principal finalidade estimar o risco anestésico e cirúrgico com base nas condições clínicas do paciente. Ela não leva em consideração a cirurgia em si, mas sim as comorbidades e o impacto delas no desfecho perioperatório. 

Essa classificação é amplamente utilizada por anestesiologistas e cirurgiões para tomar decisões fundamentadas sobre a abordagem anestésica e o manejo perioperatório.

Categorias da Classificação ASA

A classificação ASA divide os pacientes em seis categorias, numeradas de I a VI:

  • ASA I – Paciente sadio, sem doença sistêmica. Exemplo: adulto jovem sem histórico de doenças crônicas, tabagismo ou etilismo.
  • ASA II – Paciente com doença sistêmica leve, sem limitação funcional significativa. Exemplo: hipertensão arterial controlada ou diabetes mellitus sem complicações, etilista social, obesidade leve, gestantes sem outras complicações.
  • ASA III – Paciente com doença sistêmica moderada a grave que impõe alguma limitação funcional.  Exemplo: insuficiência cardíaca leve, doença pulmonar crônica moderada, DM mal controlada, obesidade mórbida, hepatite ativa, presença de marcapasso, IAM ou AVC > 3 meses.
  • ASA IV – Paciente com doença sistêmica grave que representa ameaça constante à vida. Exemplo: insuficiência cardíaca descompensada, doença renal em estágio terminal, disfunção valvar grave, IAM ou AVC < 3 meses, sepse, CIVD.
  • ASA V – Paciente moribundo, cuja sobrevivência sem cirurgia é improvável.

Exemplo: aneurisma roto de aorta, traumatismo craniano grave.

  • ASA VI – Paciente com morte cerebral, cuja cirurgia é realizada para doação de órgãos.

Adendo: “E” de Emergência → Quando o procedimento é realizado em caráter de urgência, adiciona-se a letra “E” ao número da classificação. Por exemplo, um paciente ASA III submetido a uma cirurgia de urgência é classificado como ASA IIIE.

Como e Quando Deve Ser Aplicada?

A classificação ASA deve ser aplicada durante a avaliação pré-anestésica, antes de qualquer procedimento cirúrgico ou anestésico. Sua definição se baseia em história clínica detalhada, exame físico e, quando necessário, exames complementares. 

Deve ser aplicada por um profissional treinado, geralmente o anestesiologista, e pode ser revisada se houver mudanças no estado clínico do paciente antes da cirurgia.

Relevância Clínica 

A classificação ASA é amplamente utilizada para planejamento perioperatório e decisão sobre condutas anestésicas. Seu impacto está relacionado a:

  • Estratificação de Risco: Estudos mostram que pacientes com classificação ASA mais elevada têm maior taxa de complicações perioperatórias e mortalidade.
  • Escolha da Técnica Anestésica: Pacientes ASA III ou superior podem demandar abordagens anestésicas mais cautelosas, como monitoração hemodinâmica invasiva.
  • Preparação e Otimização: Em pacientes ASA III ou IV, pode ser necessário otimizá-los antes da cirurgia, por meio de controle glicêmico, ajuste de terapia anti-hipertensiva, entre outros.
  • Documentação Médico-Legal: A classificação ASA pode ser usada para justificar decisões anestésicas e estratégias perioperatórias.

Limitações da Classificação ASA

Apesar de sua ampla aceitação, a classificação ASA apresenta algumas limitações:

  • Subjetividade: a classificação pode variar entre avaliadores diferentes, pois não há critérios laboratoriais ou marcadores objetivos para cada categoria.
  • Não Considera o Tipo de Cirurgia: o risco cirúrgico está ligado não apenas ao estado clínico do paciente, mas também à complexidade do procedimento.
  • Não Avalia Escores de Fragilidade: pacientes idosos ou frágeis podem ter maior risco perioperatório, mesmo sendo classificados como ASA I ou II.

Conclusão

A classificação ASA é uma ferramenta fundamental na avaliação perioperatória, permitindo uma estratificação simples do risco anestésico baseado na condição clínica do paciente. 

Embora não substitua outros métodos de avaliação de risco, é um sistema prático e amplamente utilizado na prática médica. Seu uso adequado contribui para um planejamento anestésico mais seguro e eficaz, beneficiando tanto pacientes quanto a equipe cirúrgica.

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Referências

https://www.anestesiologiausp.com.br/wp-content/uploads/graduacao/informacoes-gerais/avaliacaoemedicacaopre-anestesica-graduacao-2010.pdf

https://saesp.org.br/wp-content/uploads/Sistema-de-classificacao-de-estado-fisico.pdf

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LizandraRener Cavioli

Lizandra Rener Cavioli

Médica pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro com residência em Cirurgia Geral pela Unifesp.