Confira a definição de diarreia aguda, epidemiologia e conduta inicial

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Fala, moçada! Vamos falar de mais um assunto quente e do dia a dia de todos! Você sabe qual é a definição de diarreia aguda? Essa é uma queixa muito frequente tanto no pronto socorro pediátrico quanto no adulto. Então, aqui colocamos tudo que você precisa saber para não comer bola!  

Definição de diarreia aguda

Antes de tudo, é importante entender que diarreia é definida como evacuações amolecidas ou líquidas com frequência de três ou mais episódios nas últimas 24 horas. Podemos usar a escala de Bristol para auxiliar os pacientes a esclarecer o formato das fezes (figura clássica e simples); e os tipos 6 e 7 indicam quadro diarreico. 

Escala de Bristol - definição de diarreia aguda
Escala de Bristol. Imagem disponível aqui.

Diferentes classificações

Para nos ajudar na formulação de hipóteses diagnósticas e tratamento, podemos classificar as diarreias em tempo e mecanismo. Quanto ao tempo, pode ser aguda (até 14 dias de duração), persistente (mais de 14 dias de duração) e crônica (mais de 4 semanas de duração). 

Quanto ao mecanismo, pode ser secretora (geralmente apresenta fezes volumosas), osmótica (pode melhorar com jejum e apresenta pH baixo e substâncias redutoras nas fezes), alteração de motilidade e inflamatória (pode apresentar sangue nas fezes = disenteria). 

Fisiopatologia da diarreia aguda 

Discutindo especificamente a fisiopatologia da diarreia aguda, esta ocorre devido a um desequilíbrio entre absorção e a secreção de líquidos e eletrólitos, geralmente um quadro autolimitado. 

Etiologia

A etiologia mais frequente é viral, sendo o rotavírus o principal agente, seguido de adenovírus, norovírus e astrovírus. Os mecanismos de transmissão do rotavírus são amplos, tornando-o de fácil disseminação: via fecal-oral, contato pessoa a pessoa, água e alimentos contaminados, objetos contaminados e via aerossol. 

Nesses casos, os quadros são autolimitados, variando de 4 a 6 dias de sintomas, não ultrapassando 14 dias. Dentre as bactérias, Escheria coli, Salmonella e Shigella (pensar em disenteria) são os principais representantes e dentre os parasitas, Entamoeba histolytica, Giardia lamblia e Strongyloides. 

Com a vacina contra rotavírus incluída no calendário de vacinação brasileiro em 2006 e associada a melhorias das condições gerais de vida e saúde pública, notou-se redução na mortalidade por diarreias infecciosas em crianças menores de 5 anos nas últimas décadas.

Quadro clínico e diagnóstico da diarreia aguda

Clinicamente, o paciente pode apresentar quadros de diarreia associada à febre, mal-estar, náuseas e vômitos e dor abdominal. Aqui não podemos nos esquecer de descartar sinais de alarme para diagnósticos diferenciais, como abdome agudo, porque o fluxograma é outro. 

O diagnóstico é basicamente clínico. Exames laboratoriais complementares são solicitados em casos de choque séptico, desidratação grave, imunossuprimidos e uso de antibióticos ou hospitalização recentes. 

Manejo

Para manejo desses pacientes, é preciso primeiramente avaliar o grau de hidratação. Observa-se estado geral (alerta, irritado ou comatoso), olhos (fundos ou não), presença de lágrimas, mucosas boca e língua (úmida ou seca) e sede. 

Ao exame físico, é imprescindível checar pulso (cheio ou débil), enchimento capilar (normal até 3 segundos ou prejudicado) e sinal da prega (desaparece rapidamente ou muito lentamente). 

Assim, é possível classificar a gravidade do paciente e adequar a terapia de reidratação: com base nisso, foi construído um protocolo de tratamento com Plano A (para pacientes sem desidratação), Plano B (para pacientes com dois ou mais sinais de desidratação) e Plano C (para pacientes com desidratação grave, com características de choque). 

Em resumo, no Plano A, o tratamento é domiciliar; no Plano B, é necessário terapia de reidratação oral no serviço de saúde e no Plano C a terapia de reidratação é parenteral. 

Por fim, na alta, temos que orientar os pacientes ou responsáveis da necessidade de ingesta hídrica após cada evacuação, como tentativa de prevenção de evoluir para desidratação grave, se possível; evitar alimentos gordurosos, leite e derivados, bebidas com cafeína, grãos, frutas e verduras cruas; reintroduzir lentamente a dieta habitual após 3 dias. 

Agora você já qual é a definição de diarreia aguda

Espero ter esclarecido as dúvidas em torno da definição de diarreia aguda. Aqui no nosso blog, disponibilizamos uma série de conteúdos que podem fazer a diferença na sua prática médica, tanto com foco em Medicina de Emergência quanto na preparação para as provas de residência médica, então continue de olho!

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Hoje ficamos por aqui, pessoal! Até a próxima!

Referências

1. Botoni A, Cardoso CF, Garnes SA, Botoni A. Diarreia Aguda. In: Guimarães HP, Borges LAA, Assunção MSC, Reis HJL. Manual de Medicina de Emergência. São Paulo: Editora Atheneu:2017: 99-111. 

2. Marra AR, Segalla E, Flaquer F et al . Gastroenterite em adultos diretrizes para diagnóstico e tratamento. Protocolo Assistencial. Hospital Israelita Albert Einstein. Disponível em https://medicalsuite.einstein.br/ pratica-medica/Paginas/diretrizes-assistenciais.aspx

3. https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/2017/03/Guia-Pratico-Diarreia-Aguda.pdf