A tuberculose é uma doença infectocontagiosa transmitida pelas gotículas de aerossóis, causada pelo Mycobacterium tuberculosis. Entretanto, você sabe como realizar um diagnóstico de tuberculose?
O Brasil está em um grupo de 22 países priorizados pela OMS, pois, juntos, concentram 80% da carga mundial de tuberculose, uma doença curável e estável. A maioria dos óbitos ocorre em regiões metropolitanas e unidades hospitalares. Por isso, é importante saber o que é tuberculose, fazer o diagnóstico e tratá-la quanto antes.
De acordo com a nova classificação da OMS 2016-2020, o Brasil ocupa a 20º posição na lista de 30 países prioritários para a doença. Ela representa a 4ª causa de morte por doenças infecciosas e a 1ª entre as doenças infecciosas definidas dos pacientes com AIDS.
Infelizmente, a maioria dos indivíduos com infecção primária é assintomática ou apresenta quadros brandos, com febre e dor torácica ocasional. Normalmente, nas crianças, ocorre a TB primária.
Nos adultos, a doença (TB pós-primária) inicia-se com sintomas inespecíficos, como febre diurna, sudorese noturna, perda ponderal, anorexia, mal-estar e fraqueza. Com a progressão, o paciente desenvolve tosse com hemoptise maciça ocasional, um dos sintomas de tuberculose mais frequentes.
É importante ressaltar que qualquer indivíduo com tosse há mais de três semanas é classificado como sintomático respiratório e deve ser submetido a investigação para o diagnóstico de tuberculose.
Para todos os casos suspeitos, deve ser solicitado radiografia de tórax, embora possa não haver alteração em até 15% dos casos. Os achados são: opacidade parenquimatosa, linfonodomegalia, atelectasia, padrão miliar, derrame pleural.
A tomografia é indicada apenas em casos de sintomáticos respiratórios com pesquisa de BAAR negativa no escarro ou amostra inadequada e radiografia de tórax insuficiente.
Segundo as Diretrizes para Tuberculose da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, a pesquisa de BAAR tem valor preditivo positivo maior que 95%, porém apresenta baixa sensibilidade, entre 40-60%. No Brasil, o método-padrão é a coloração por Ziehl-Neelsen.
O teste tuberculínico é padronizado para triagem da tuberculose, mas, quando for positivo, não fecha diagnóstico, apenas revela que o paciente já entrou em contato com o bacilo ou a cepa vacinal.
Devido à pesquisa de BAAR ter falha em alguns casos, novas tecnologias surgiram, com o Xpert MTB/RIF, teste molecular rápido realizado no sistema GeneXpert MTB/RIF, para detecção do Mycobacterium tuberculosis e da resistência à rifampicina. O teste foi aprovado no Brasil e incorporado ao Sistema Único de Saúde (SUS).
O teste detecta moléculas por reação em cadeia da polimerase e pode ser utilizado para o diagnóstico de várias doenças infecciosas. No Brasil, é utilizado para detecção de tuberculose, fornece o resultado em 105 minutos, tem sensibilidade de 89% e especificidade de 99%. Material insuficiente (pouco escarro) ou inadequado (presença de saliva) é uma limitação durante a realização.
Por se tratar de uma doença de notificação compulsória, é muito importante não se esquecer de notificá-la após o diagnóstico. Outro ponto importante é a busca ativa de contatos do paciente.
Todos os contatos do paciente diagnosticado com TB devem ser testados com prova tuberculínica ou ensaio de liberação de IFN-gama -IGRA. Se o resultado for positivo, tratar o paciente. Se for negativo, repetir em oito semanas.
Se o contactante for HIV positivo, deve-se tratar tuberculose latente. O tratamento consiste na combinação de diversos fármacos antiTB. O esquema com quatro medicamentos é recomendado pelo Programa Nacional de Controle da Tuberculose (PNCT) e pelo Ministério da Saúde:
Essa combinação é utilizada por adultos e adolescentes. Para crianças, não se utiliza etambutol.
Medidas preventivas, como vacina BCG, diagnóstico de tuberculose precoce e tratamento da infecção latente são importantes medidas para diminuir os casos no Brasil. Isso porque a tuberculose continua sendo um problema de saúde pública grave e com elevada morbimortalidade.
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*Colaborou: Kauana Oliveira Gouveia.
Nascido em 1993, em Maringá, se formou em Medicina pela UEM (Universidade Estadual de Maringá). Residência em Medicina de Emergência pelo Hospital Israelita Albert Einstein.