Enterocolite necrosante: como suspeitar? Saiba mais sobre!

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Fala, galera. Tudo bem com vocês? Dessa vez vamos conversar sobre um assunto que ama cair nas provas de residências e é uma das emergências gastrointestinais mais comuns no recém nascido: a enterocolite necrosante

Nós dividimos o assunto em três textos: quadro clínico, diagnóstico e tratamento. Nesse texto vamos focar no quadro clínico para aprendermos como suspeitar da patologia ao nos depararmos com ela.

Antes de tudo: O que é enterocolite necrosante?

A enterocolite necrosante (ECN) é um distúrbio caracterizado por necrose isquêmica da mucosa intestinal, associada a inflamação grave, invasão de organismos formadores de gás entérico e dissecção de gás na parede intestinal e no sistema venoso portal. 

Mais de 90 por cento dos casos ocorrem em recém-nascidos de baixo peso (PN < 1.500 g) nascidos com < 32 semanas de gestação, e a incidência diminui com o aumento da idade gestacional.

Como suspeitar ?

Como ressaltado anteriormente, a primeira coisa que precisamos ter em mente é que a maioria dos bebês com ECN são prematuras (90%) e o sinal mais frequente é a mudança repentina na tolerância alimentar. 

Dentre os sinais abdominais, podemos observar:

  • Distensão abdominal;
  • Aumento do volume residual gástrico;
  • Vômitos (geralmente biliosos);
  • Diarreia;
  • Sangramento retal (hematoquezia);
  • Drenagem biliosa pela sonda de alimentação;
  • Eritema da parede abdominal, crepitação e endurecimento (achados físicos adicionais e inespecíficos).
Figura 1: Achados Clínicos da Enterocolite Necrosante. a Distensão abdominal e eritema. b Intestino necrótico encontrado na exploração cirúrgica para enterocolite necrosante. c Radiografia abdominal demonstrando gás venoso portal e pneumatose intestinal. Disponível aqui

Podem existir também achados sistêmicos inespecíficos como apneia, insuficiência respiratória, letargia ou instabilidade de temperatura. Laboratorialmente podemos ainda encontrar anemia, trombocitopenia, coagulopatia intravascular disseminada e em 20% dos casos uma hemocultura positiva.

“Mas parece muito inespecífico né?”. Sim, mas o diagnóstico não é clínico. Você tem que associar a epidemiologia com os sintomas citados para acender na cabeça a possibilidade da ECN e partir pro diagnóstico definitivo.

Agora você já sabe mais sobre o quadro clínico da enterocolite necrosante!

Então já com os dados epidemiológicos e clínicos sedimentados, espero que vocês tenham gostado da nossa série de artigos sobre a ECN. Ah, e se quiser conferir mais conteúdos de Medicina de Emergência, dê uma passada na Academia Medway. Por lá, disponibilizamos diversos e-books e mini cursos completamente gratuitos!

Nos encontramos em breve 🙂

Referências:

  1. Jae H Kim.Neonatal necrotizing enterocolitis: Clinical features and diagnosis. Disponível aqui

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MatheusCarvalho Silva

Matheus Carvalho Silva

Matheus Carvalho Silva, nascido em 1993, em Coronel Fabriciano (MG), se formou em Medicina pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Residência em Cirurgia Geral na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM).