Eritroblastose fetal: saiba o que é como prevenir

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A eritroblastose fetal, também conhecida como doença hemolítica do recém-nascido (DHRN), representa uma condição grave que pode afetar o feto durante a gestação e o período neonatal. 

Neste artigo, você vai compreender o que é a eritroblastose fetal, como ocorre, quais são seus sintomas, além de descobrir como diagnosticá-la, tratá-la e preveni-la. Também vai descobrir como esse tema pode ser abordado nas provas de residência!

O que é eritroblastose fetal? 

A eritroblastose fetal é uma condição séria que pode afetar o bebê durante a gestação e após o nascimento. Ela ocorre quando há incompatibilidade entre o sangue materno (Rh negativo) e fetal (Rh positivo). 

Fisiopatologia 

O processo de sensibilização materna geralmente acontece durante:

  • Gestação anterior com feto Rh positivo
  • Abortamento
  • Procedimentos invasivos (amniocentese, cordocentese)
  • Trauma abdominal com hemorragia feto-materna

Após a sensibilização, anticorpos maternos (IgG) atravessam a placenta e atacam as hemácias fetais, causando hemólise.

Quais são as manifestações clínicas? 

As manifestações variam conforme a gravidade:

  1. Forma leve:
  • Anemia discreta
  • Icterícia após 24h de vida
  1. Forma moderada:
  • Anemia significativa
  • Icterícia precoce
  • Hepatoesplenomegalia
  1. Forma grave:
  • Hidropsia fetal
  • Insuficiência cardíaca
  • Óbito fetal

Como diagnosticar a eritroblastose fetal? 

A) Pré-natal:

  • Tipagem sanguínea materna e paterna
  • Coombs indireto materno (pesquisa de anticorpos)
  • Ultrassonografia com Doppler de artéria cerebral média
  • Espectrofotometria do líquido amniótico (quando indicada)

B) Pós-natal:

  • Tipagem sanguínea do RN
  • Coombs direto
  • Hemograma completo
  • Bilirrubinas

Qual o tratamento? 

  1. Durante a gestação:
  • Monitorização fetal rigorosa
  • Transfusão intrauterina (casos selecionados)
  1. Após o nascimento:
  • Fototerapia intensiva
  • Exsanguineotransfusão (quando indicada)
  • Imunoglobulina endovenosa

Como prevenir a eritroblastose fetal? 

A prevenção é o aspecto mais importante no manejo da eritroblastose fetal.

Indicações de Imunoglobulina anti-D: 

  1. Profilaxia antenatal:
  • 28ª semana de gestação (todas gestantes Rh negativas não sensibilizadas)
  1. Pós-parto:
  • Até 72h após o parto se RN Rh positivo
  1. Situações especiais:
  • Abortamento
  • Gestação ectópica
  • Procedimentos invasivos
  • Trauma abdominal
  • Sangramento vaginal significativo

Dose recomendada: 300µg IM

Pontos cruciais para prova

  1. A imunoglobulina anti-D NÃO está indicada em gestantes já sensibilizadas (Coombs indireto positivo)
  2. A profilaxia antenatal (28 semanas) NÃO substitui a profilaxia pós-parto
  3. O diagnóstico precoce da sensibilização materna permite intervenção oportuna e melhora do prognóstico fetal

Agora que você já sabe o que é a eritroblastose fetal, seus mecanismos, diagnóstico, tratamento e formas de prevenção, que tal resolver uma questão modelo? Esse tipo de exercício é muito comum em provas de residência médica e concursos da área da saúde!

Questão modelo

Primigesta, 26 anos, Rh negativo, apresenta sangramento vaginal com 12 semanas de gestação. O parceiro é Rh positivo. Qual a conduta mais adequada?

A) Aguardar evolução do quadro 

B) Administrar imunoglobulina anti-D 

C) Solicitar Coombs indireto 

D) Realizar amniocentese

Resposta: B Justificativa: Em gestante Rh negativo não sensibilizada, qualquer sangramento vaginal significativo é indicação de profilaxia com imunoglobulina anti-D, independentemente da idade gestacional.

Esses são os aspectos essenciais da eritroblastose fetal. Para acessar mais conteúdos médicos, continue acompanhando nosso blog!

Bibliografia

  1. ACOG Practice Bulletin No. 192: Management of Alloimmunization During Pregnancy. Obstet Gynecol. 2018
  2. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Imunoprofilaxia Rh(D) em Gestantes. Ministério da Saúde, 2023
  3. Williams Obstetrics. 25th ed. McGraw Hill; 2018

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Gabriel Duque Pannain

Gabriel Duque Pannain

Olá! Sou formado em Medicina pela Universidade Federal de Juiz de Fora em Minas Gerais e a minha especialidade é Ginecologia e Obstetrícia. Comecei o R1 em Ginecologia e Obstetrícia em Minas Gerais, mas acabei não me adaptando muito bem e decidi refazer as provas de R1 e refazer o R1 inteiro, fazendo o R1 de Ginecologia e Obstetrícia no Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual (IAMSPE/SP). Alguns dos projetos ao decorrer da minha trajetória estão relacionados a projetos de pesquisa e alguns vários artigos na área de Ginecologia e Obstetrícia. Fora da Medicina, gosto de assistir séries e filmes. Atualmente, estou acompanhando 37 séries (não adianta me perguntar como pois também não sei! hahaha)