Saiba tudo sobre o título de especialista em Reumatologia Pediátrica

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Enquanto muitos associam reumatismo à terceira idade, um universo de desafios silenciosos afeta milhares de crianças e adolescentes no Brasil. Daí advém a importância de ser um especialista em Reumatologia Pediátrica.

Imagine uma criança que acorda com dores nas articulações, um adolescente com manchas inexplicáveis na pele ou um bebê com febre persistente sem causa aparente.

Esses são apenas alguns cenários que exigem a expertise de um reumatologista pediátrico.

Neste artigo, falaremos sobre o que é a Reumatologia Pediátrica, as doenças que trata, o papel desse especialista e como se tornar um deles, com base no edital 2025 da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).

O que é Reumatologia Pediátrica?

A Reumatologia Pediátrica é uma especialidade médica focada no diagnóstico e tratamento de doenças reumáticas em crianças e adolescentes.

Ao contrário do que se pensa, essas doenças não são exclusivas de adultos. Crianças podem desenvolver inflamações crônicas, distúrbios autoimunes e síndromes dolorosas que exigem intervenção precoce para evitar sequelas.

O especialista em Reumatologia Pediátrica atua como um detetive clínico, conectando sintomas aparentemente desconexos para oferecer tratamentos personalizados.

Quais doenças a especialidade acompanha?

As doenças reumáticas na infância são diversas e, muitas vezes, subdiagnosticadas. Conheça as principais:

Artrite Idiopática Juvenil (AIJ)

É a inflamação articular crônica mais comum em crianças, com causas desconhecidas. Pode causar dor, inchaço e rigidez nas articulações, limitando movimentos.

Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES)

Doença autoimune que ataca múltiplos órgãos, como pele, rins e sistema nervoso. No lúpus neonatal, os anticorpos maternos podem afetar o bebê durante a gestação.

Febre reumática

Complicação pós-infecção por estreptococos, que danifica válvulas cardíacas e articulações. Exige profilaxia com penicilina para evitar recorrências.

Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica (SIM-P)

A Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica está associada à COVID-19, causa inflamação generalizada, febre alta e disfunção cardíaca.

Outras condições

Outras condições tratadas pelo especialista em Reumatologia Pediátrica envolvem doenças como:

  • dermatomiosite juvenil: inflamação muscular e cutânea;
  • esclerodermia: endurecimento da pele e órgãos internos;
  • fenômeno de Raynaud: alteração na circulação das extremidades em resposta ao frio;
  • dor de crescimento: comum em crianças, mas requer avaliação para descartar patologias graves.

Qual o papel do reumatologista pediátrico no cuidado infantil?

O reumatologista infantil não trata apenas sintomas, mas busca melhorar a qualidade de vida a longo prazo. Suas responsabilidades incluem:

  • diagnóstico preciso: combina exames clínicos, laboratoriais (como FAN e ASLO) e de imagem;
  •  tratamento multidisciplinar: trabalha com fisioterapeutas, psicólogos e nutricionistas;
  • acompanhamento contínuo: monitora efeitos de medicamentos (como imunossupressores e biológicos);
  • educação da família: orienta sobre sinais de alerta e adaptações no dia a dia.

Um exemplo prático é o tratamento da dor de crescimento. Enquanto pais podem temer artrite, o especialista diferencia a condição benigna de doenças sérias, estimulando atividade física para alívio dos sintomas.

Como se tornar um especialista em Reumatologia Pediátrica?

A formação em Reumatologia Pediátrica é uma jornada que envolve dedicação, expertise clínica e certificação formal.

Abaixo, detalhamos os passos essenciais para ingressar nessa especialidade, conforme as diretrizes do edital 2025 da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP):

Formação básica: Pediatria ou Reumatologia

Para atuar na área, é necessário ter uma das seguintes bases: residência em Pediatria (3 anos), ideal para quem deseja se dedicar ao cuidado infantil desde o início; residência em Reumatologia (2 anos), opção para médicos que já atuam com adultos e querem expandir conhecimentos para a faixa pediátrica.

A Reumatologia Pediátrica demanda compreensão profunda do organismo em desenvolvimento. Pediatras trazem experiência em crescimento e doenças infantis, enquanto reumatologistas adultos dominam mecanismos autoimunes. Ambos os caminhos são válidos, mas exigem complementação.

Residência Médica em Reumatologia Pediátrica

Duração de 2 anos em programas reconhecidos pela Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM).

Onde fazer: hospitais universitários, como o Hospital das Clínicas da USP e o Hospital Universitário da UNIFESP. O conteúdo da grade envolve:

  • estágios em ambulatórios especializados;
  • rotinas em enfermarias de Reumatologia Pediátrica;
  • participação em pesquisas clínicas e manejo de medicamentos imunobiológicos.

Certificação via Prova de Título (para quem não fez residência específica)

Médicos com experiência prática podem comprovar atuação na área por meio de

4 anos de exercício profissional, comprovados via declarações institucionais (Anexo 1 do edital), assinadas por chefias e reconhecidas em cartório. Os requisitos são:

  • atuação contínua em serviços de Reumatologia Pediátrica (não vale experiência isolada em Pediatria Geral);
  • carga horária mínima de 20 horas semanais.

Prova de Título da SBP/SBR/AMB

A certificação é obrigatória para comprovar expertise na área. Em 2025, o exame será online. Mais adiante, entraremos em detalhes sobre ela.

Mercado de trabalho e atuação

Reumatologistas pediátricos podem atuar em diversos lugares. Vejamos alguns dos principais locais de trabalho para o especialista em Reumatologia Pediátrica:

  • hospitais universitários: combinação de assistência, ensino e pesquisa;
  • clínicas privadas: atendimento a pacientes com doenças crônicas, como artrite idiopática juvenil;
  • equipes multidisciplinares: colaboração com ortopedistas, fisioterapeutas e psicólogos.

Exemplo de carreira: um reumatologista pediátrico no Hospital Sírio-Libanês (SP) acompanha cerca de 200 pacientes por ano, com salário médio de R$ 18.000,00.

Desafios e recompensas da especialidade

Os desafios envolvem principalmente o diagnóstico complexo (como diferenciar dor de crescimento de artrite) e falta de acesso a medicamentos de alto custo.

Como recompensas na profissão de especialista em Reumatologia Pediátrica há, entre outros, o impacto direto na qualidade de vida de crianças que, com tratamento adequado, podem ter infâncias ativas e saudáveis.

Pronto para mergulhar nesse universo? Siga os passos, prepare-se para a prova e junte-se aos profissionais que transformam histórias de dor em caminhos de esperança.

E já que falamos em prova de título, que tal entendermos mais a fundo como funciona a Prova de Título em Reumatologia Pediátrica?

O que é a prova de título em Reumatologia Pediátrica?

O exame nacional confere o Certificado de Área de Atuação, credenciado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM).

Em 2025, a prova será online e incluirá avaliação de currículo, casos clínicos e questões teóricas. A aprovação é essencial para comprovar expertise na área.

Quem pode prestar a prova de título da SBP?

Podem se inscrever médicos que atendam a um dos critérios: Título de Especialista em Pediatria (TEP) ou Reumatologia e/ou Certificado de Residência em uma das áreas citadas. Outro critério requisitado é a experiência comprovada de 4 anos de atuação exclusiva em Reumatologia Pediátrica.

Etapas e estrutura da prova de título (edital 2025)

A prova de título, organizada pela SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria), SBR (Sociedade Brasileira de Reumatologia) e AMB (Associação Médica Brasileira), avalia conhecimentos técnicos, habilidades clínicas e trajetória profissional.

Em 2025, o exame manterá o formato online com critérios atualizados. Abaixo, detalhamos cada etapa:

Prova escrita teórico-objetiva

O formato da prova teórico-objetiva é de 50 questões de múltipla escolha, com apenas uma alternativa correta. A duração é de 4 horas, realizadas em sequência após a prova teórico-prática. Outros aspectos importantes são:

  • pontuação: cada questão vale 2 pontos, totalizando 100 pontos;
  •  nota mínima para aprovação: 60 pontos.

O conteúdo é abrangente, mas nada do outro mundo para o médico que já vem se preparando para a residência médica:

  • diagnóstico diferencial de doenças reumáticas (como artrite idiopática juvenil vs. febre reumática);
  • terapêutica medicamentosa (corticoides, imunossupressores, biológicos);
  • interpretação de exames laboratoriais (FAN, ASLO) e de imagem;
  • emergências reumatológicas (como síndrome de ativação macrofágica).

Também existem regras a serem seguidas: não é possível retornar a questões anteriores após salvar a resposta e questões em branco ou não respondidas recebem nota zero.

Avaliação de currículo e prova prática

A avaliação do currículo é uma etapa para quem vai tirar o Título de Especialista em Reumatologia Pediátrica. A avaliação de currículo tem peso 1 – até 100 pontos.

Pontua atividades profissionais e acadêmicas comprovadas:

1.      publicações científicas:

  • artigos nacionais: 12 pontos cada;
  • artigos internacionais: 15 pontos cada.

2.      participação em eventos:

  • congressos nacionais com apoio da SBP/SBR: 12 pontos por evento;
  • cursos internacionais: 11 pontos cada.

3.      formação acadêmica:

  • mestrado: 20 pontos;
  • doutorado: 25 pontos;
  • nota mínima: 50 pontos.

Já a prova teórico-prática tem peso 4, com nota mínima 60/100. O candidato deve resolver 5 casos clínicos dissertativos, com respostas limitadas a um número pré-definido de linhas.

Exige diagnóstico diferencial, plano terapêutico e justificativas baseadas em diretrizes (como os critérios da ACR/EULAR para lúpus).

Documentos e prazos importantes do edital 2025

Os documentos para inscrição de participação da prova de título são indispensáveis. Obrigatoriamente, o candidato deve levar:

  • cópia do CRM frente e verso;
  • certidão de regularidade profissional emitida pelo CRM (até 30 dias antes da inscrição);
  • certificado de residência em Pediatria ou Reumatologia ou declaração de experiência em Reumatologia Pediátrica (4 anos de atuação contínua);
  • foto recente sem acessórios que cubram o rosto;
  • comprovação de atividades curriculares;
  • certificados de participação em eventos, publicações e diplomas de pós-graduação.

Os prazos críticos se referem ao processo de inscrição, pagamento de taxa, envio do currículo e provas, como veremos a seguir:

  • inscrições: 10/02 a 12/03/2025 (até 17h, horário de Brasília);
  • pagamento da taxa: associados SBP/SBR/AMB: R$ 840,00; não associados: R$ 2.000,00;
  • envio do currículo: até 12/03/2025;
  • provas: 08/06/2025 (das 14h às 18h);
  • resultados: publicação em 20/08/2025.

Candidatos com deficiência têm direito a 1 hora adicional de prova, mediante comprovação médica. Já as candidatas lactantes podem fazer pausas para amamentação, com tempo compensado.

Atenção: o não cumprimento dos prazos ou a falta de documentos implica em eliminação automática. Para mais detalhes, consulte o edital completo no site da SBP. Além disso, questões não respondidas recebem nota zero. Quanto ao cálculo da nota final, a fórmula de aprovação é:

  • nota final = (prova teórica × 5) + (prova teórico-prática × 4) + (currículo × 1) / 10;
  • nota mínima: 6,0.

Agora você sabe como se tornar um especialista em Reumatologia Pediátrica!

Pronto para mergulhar nesse universo? Siga os passos, prepare-se para a prova e junte-se aos profissionais que transformam histórias de dor em caminhos de esperança.

Se deseja impactar vidas e garantir que crianças com doenças crônicas tenham um futuro saudável, opte por ser um especialista em Reumatologia Pediátrica. Certamente vale a pena!

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Adriana Cristina Viesti

Adriana Cristina Viesti

Professora da Medway. Formada pela Faculdade de Medicina do ABC (FMABC), com Residência em Pediatria pelo Hospital do Tatuapé e pós-graduação pelo Hospital Albert Einstein (HIAE) - docência e preceptoria médica. Siga no Instagram: @dri.medway