Como fazer evolução do paciente?

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A evolução do paciente é um processo que documenta a condição clínica ao longo do tempo e orienta as decisões da equipe de saúde, provendo um atendimento seguro e eficaz.

Ela serve como um histórico detalhado da jornada de tratamento, permitindo que diferentes profissionais compreendam rapidamente o quadro clínico e tomem decisões embasadas.

Seja para a administração correta de medicamentos, para a identificação de complicações ou para a revisão de condutas médicas, essa prática exerce impacto direto sobre a qualidade do atendimento.

Neste artigo, vamos explorar o que é a evolução do paciente, sua importância e como realizá-la corretamente. Conheça o método SOAP, uma ferramenta muito usada para organizar as informações com objetividade e clareza!

O que é a evolução do paciente?

A evolução do paciente é o registro contínuo das condições clínicas de um indivíduo durante sua internação ou acompanhamento médico.

Trata-se de uma documentação sistemática, que contém detalhes sobre sintomas, exames, tratamentos realizados e respostas terapêuticas.

Esse acompanhamento permite que toda a equipe de saúde tenha acesso ao histórico do paciente, facilitando a tomada de decisões e garantindo que nenhum detalhe relevante seja perdido.

A evolução pode ser feita em prontuários físicos ou eletrônicos, sempre seguindo normas éticas e legais, para que as informações estejam disponíveis de maneira organizada e confiável.

Esse processo melhora a comunicação entre os membros do time multiprofissional. Médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e outros profissionais podem registrar suas observações e alinhar as condutas terapêuticas de forma integrada.

Por que a evolução do paciente é importante?

Registrar a evolução do paciente é mais que uma formalidade, mas sim um pilar essencial do trabalho médico. Entre os principais motivos para sua importância, podemos destacar:

  • segurança do paciente: um registro bem feito evita erros médicos, como a administração incorreta de medicamentos ou a repetição de exames desnecessários;
  • continuidade do tratamento: pacientes atendidos por diferentes profissionais terão suas informações disponíveis de forma clara, contribuindo para um suporte qualificado;
  • base legal e ética: a evolução médica serve como documentação oficial, protegendo médicos e pacientes de eventuais problemas jurídicos.
  • avaliação da eficácia terapêutica: com os registros adequados, é possível analisar a resposta do paciente ao tratamento e fazer adequações, se forem necessárias;
  • facilidade na auditoria e pesquisa: evoluções bem registradas ajudam na realização de auditorias médicas e em estudos clínicos, promovendo o aprimoramento da prática médica.

Em resumo, uma boa evolução providencia um atendimento seguro, eficiente e baseado em evidências clínicas.

Como funciona a evolução do paciente?

A evolução do paciente deve ser feita de forma objetiva e detalhada, seguindo uma estrutura lógica. Ela pode incluir:

  • identificação do paciente: nome, idade, sexo, diagnóstico principal e motivo da internação ou consulta.
  • descrição da evolução clínica: conferir, por exemplo, quais sintomas persistem, melhoraram ou surgiram; e/ou se há alterações nos sinais vitais;
  • resultados de exames: análise dos exames laboratoriais e de imagem realizados;
  • conduta médica e terapêutica: ajustes na medicação, intervenções e orientações dadas ao paciente;
  • plano de tratamento: estratégias para os próximos dias, alta médica ou encaminhamentos necessários.

Além da clareza e objetividade, o profissional deve manter um tom técnico e impessoal, para não dar margem a impressões subjetivas.

Principais dúvidas ao realizar a evolução dos pacientes

Ainda que seja uma práxis essencial, muitos profissionais ainda têm dúvidas na hora de registrar a evolução do paciente. Vamos esclarecer algumas das principais questões:

Como descrever os sintomas do paciente de forma objetiva?

É importante utilizar termos técnicos sempre que possível, mas sem exageros que dificultem a compreensão.

Se um paciente relata dor, por exemplo, o registro pode apresentar localização, intensidade, fatores de melhora ou piora e outros sintomas associados.

Qual a frequência ideal para registrar a evolução?

A frequência depende do estado clínico do paciente. Em casos clínicos mais graves, a evolução deve ser feita várias vezes ao dia. Já em pacientes estáveis, pode ser realizada uma vez ao dia ou conforme a necessidade.

É permitido incluir opiniões pessoais na evolução?

Não. O registro deve conter apenas informações objetivas e baseadas em fatos clínicos. Termos como “parece estar melhor” ou “acho que não está respondendo bem ao tratamento” devem ser evitados. Em vez disso, descreva os sinais e sintomas observados.

O que fazer em caso de erro no registro?

Se um erro for identificado, deve-se corrigir com toda transparência, sem rasuras (no caso de prontuários físicos) e sem apagar o erro original.

No caso de registros eletrônicos, muitas plataformas permitem a adição de uma nota explicativa sobre a correção.

Conheça o método SOAP

Para garantir que a evolução do paciente seja organizada e atenda ao que se propõe, muitos profissionais utilizam o método SOAP. Essa técnica padroniza o registro das informações, tornando-as mais fáceis de interpretar.

Conceitos do método SOAP

SOAP é um acrônimo, ou seja, cada letra que constitui o termo representa um dos quatro elementos essenciais:

  • Subjetivo (S);
  • Objetivo (O);
  • Avaliação (A);
  • Plano (P).

Cada um desses itens corresponde a uma parte fundamental do processo de evolução do paciente. Vamos compreender melhor cada um deles.

Subjetivo

Essa seção contém informações relatadas pelo paciente, considerando sintomas, queixas e histórico médico. Aqui, são descritas as percepções individuais, sem interpretação clínica por parte do profissional de saúde.

Exemplo: “Paciente relata dor torácica intensa há 2 horas, em aperto, sem irradiação. Nega febre ou tosse.”

Objetivo

Aqui são registrados os dados mensuráveis obtidos pelo profissional de saúde, como sinais vitais, exames físicos e laboratoriais.

Exemplo: “PA: 140×90 mmHg, FC: 98 bpm, FR: 18 irpm. Ausculta pulmonar sem alterações, ECG com supradesnivelamento de ST em parede inferior.”

Avaliação

Nesta parte, o profissional faz a análise clínica dos dados coletados, sugerindo hipóteses diagnósticas ou avaliando a resposta ao tratamento.

Exemplo: “Quadro sugestivo de síndrome coronariana aguda. Necessário início imediato de protocolo de infarto.”

Plano

O plano descreve a conduta médica a ser adotada, levando em conta exames, medicamentos, internação ou encaminhamentos.

Exemplo: “Solicitados enzimas cardíacas e ecocardiograma. Iniciado AAS 200 mg VO e heparina SC. Encaminhado para cardiologia.”

A evolução do paciente é um processo fundamental que garante a continuidade do tratamento e a segurança dos pacientes. Utilizar um método estruturado, como o SOAP, facilita o registro das informações e melhora a comunicação entre os profissionais de saúde.

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Daniel Zaidan dos Santos

Daniel Zaidan dos Santos

Professor da Medway. Formado pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), com Residência em Pediatria e Residência em Medicina Intensiva Pediátrica pela USP-SP. Siga no Instagram: @danzaidan