Fratura de órbita Blow Out e Blow In: saiba mais!

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E aí, pessoal? Tudo bem? Hoje vamos discutir um pouco sobre um assunto mais específico do trauma de face: a fratura de órbita Blow in e Blow out!

A órbita é formada por 7 ossos: zigomático, esfenoide, maxilar, frontal, lacrimal, palatino e etmoide. O teto da órbita é formado pelo osso frontal, o qual anteriormente contém o seio frontal; e posteriormente temos a asa menor do esfenóide. 

O assoalho da órbita é a menor das paredes e contém três ossos: a superfície orbitária da maxila, a superfície orbitária do osso zigomático e o processo orbitário do osso palatino. 

A parede medial é composta pelo osso lacrimal, pela lâmina orbital do etmóide e a parede lateral pela superfície orbitária da asa maior do esfenóide e face orbital do osso zigomático.

Representação dos ossos da órbita. Fonte: https://br.pinterest.com/pin/837599230681887222/

As fraturas dessa região são lesões traumáticas geralmente causadas por agressão física, esportes ou acidentes. A apresentação mais comum está associada a fraturas zigomáticas complexas (aquelas que envolvem o osso da bochecha).

Porém, uma classificação importante das fraturas orbitárias são as do tipo Blow In E Blow Out, que serão mais abordadas neste texto. Esse tipo de acometimento se refere a uma “explosão” (blow) do assoalho da órbita.

  • BLOW OUT → explosão da órbita para dentro da cavidade do seio maxilar. Nesse caso, os fragmentos ósseos e tecidos moles ficam suspensos pela mucosa sinusal ou periósteo, fazendo com que o globo ocular fique retraído, “puxado para dentro” da órbita. Ocorrem após grandes traumas sobre a região da órbita e/ou zigomático. É mais frequente do que o Blow in.
  • BLOW IN → explosão da órbita para dentro da própria cavidade orbital, fazendo com que o globo ocular fique “sendo empurrado” para fora da órbita. São pouco comuns e ocorrem após grandes impactos sobre o zigomático no sentido caudo-cranial ou após implosões sinusais (ar que entra com grande pressão nos seios maxilares através das narinas, como numa explosão de pneu próximo à face).

Esse tipo de acometimento da órbita não é dos mais frequentes, porém seu diagnóstico e tratamento são importantes pela íntima relação com o globo ocular.

Sinais e sintomas

Em ambos os tipos de fratura da órbita, podemos encontrar os seguintes sinais e sintomas:

  • hematomas periorbitários;
  • edema periorbitários;
  • enfisema periorbitário;
  • vermelhidão do olho;
  • diplopia (ver duas imagens ao mesmo tempo);
  • dormência da bochecha, nariz ou dentes (pelo acometimento de nervos da região);
  • epistaxe;
  • alteração da posição do globo ocular;
  • cegueira (acometimento do nervo ou canal óptico);
  • sintomas óculo-vagais (bradicardia, hipotensão, náusea, vômitos).

Diagnóstico

Para firmar o diagnóstico, nosso principal aliado será um bom exame físico. Através dele conseguimos avaliar assimetrias faciais, edemas, equimoses, assim como eno ou exoftalmia. 

Podemos pedir para o paciente movimentar o globo ocular para os quatro quadrantes a fim de avaliar o acometimento muscular, nervoso e identificar pequenas fraturas.

O diagnóstico definitivo, por sua vez, é feito através de tomografia computadorizada de órbita, com identificação das fraturas.

Tomografia de ossos da face evidenciando fratura de órbita tipo Blow Out do lado esquerdo (notem o acometimento do seio maxilar). Fonte: https://faculdadefacsete.edu.br/monografia/files/original/957e0a1a6e249a21ff521ccacbe26054.pdf 

Tratamento

A maioria das fraturas de órbita é tratada de forma conservadora, sem efeitos a longo prazo, porém, as do tipo blow in e blow out costumam precisar de correções cirúrgicas, com os ossos fixados por meio de osteossínteses. 

Uma possibilidade, caso a fratura tenha sido extensa e sem a possibilidade de osteossíntese local, é o enxerto de fragmentos ósseos da crista ilíaca para formar uma nova órbita.

E só para acrescentar, em alguns casos, é necessário cirurgia tardia para correção de possíveis estrabismos que causam diplopia permanente.

Sequela de um incorreto tratamento de fratura de órbita. Fonte: https://faculdadefacsete.edu.br/monografia/files/original/957e0a1a6e249a21ff521ccacbe26054.pdf 

Agora você sabe mais sobre as fraturas de órbita!

Bom pessoal, de fraturas blow in e blow out é isso que vocês precisam saber (pra vida e pras provas de residência), é extremamente importante entender a fratura orbital para sua carreira em PS.

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Beijos e até a próxima.

Referências

Fraturas Orbitais. BMJ Best Practice. https://bestpractice.bmj.com/topics/pt-br/1172 

Fraturas de órbita: sinais e sintomas baseados nas estruturas anatômicas envolvidas. Kuhnen,RB; Martins da Silva,F; Scortegagna,A; Cabral,RJB.

Fratura de Órbita (BLOW OUT), Artigo da Sociedade Brasileira de Oftalmologia Pediátrica. https://sbop.com.br/fratura-de-orbita-blow-out/ 

RELATO DE CASO FRATURA DE ÓRBITA TARDIA COM TRATAMENTO CONVENCIONAL. FACULDADE SETE LAGOAS INSTITUTO CATARINENSE DE ODONTOLOGIA E SAÚDE. https://faculdadefacsete.edu.br/monografia/files/original/957e0a1a6e249a21ff521ccacbe26054.pdf 

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LizandraRener Cavioli

Lizandra Rener Cavioli

Médica pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro com residência em Cirurgia Geral pela Unifesp.