Interações medicamentosas com anticoncepcionais: Saiba mais!

Conteúdo / Medicina de Emergência / Interações medicamentosas com anticoncepcionais: Saiba mais!

Discussões sobre as interações medicamentosas anticoncepcionais são frequentes no ramo da Ginecologia e Obstetrícia. Afinal, os métodos contraceptivos e seu funcionamento interferem diretamente na vida de muitas mulheres.

Hoje ainda há muita divergência de informações e até mesmo alguns mitos em relação à interação dos anticoncepcionais com outros medicamentos. Por isso, profissionais da saúde precisam estar prontos para responder aos questionamentos das pacientes. Se você quer se aprofundar no assunto, continue a leitura!  

Interações medicamentosas

Em linhas gerais, as interações medicamentosas ocorrem quando há uso concomitante de mais de um medicamento. Elas provocam dois tipos de resultados: o sinergismo ou o antagonismo. O primeiro se refere à potencialização de um medicamento, enquanto o segundo é caracterizado pela inibição do efeito esperado.

Você saberia dizer quais interações medicamentosas com anticoncepcionais podem influenciar sua eficácia? Para responder a essa pergunta, é preciso avaliar os métodos anticonceptivos hormonais e seu funcionamento.

Métodos anticonceptivos hormonais 

Os métodos contraceptivos hormonais têm em sua composição estrógenos   e/ou progestágenos, que podem ser combinados ou isolados. Atualmente, as principais pílulas anticoncepcionais contêm o estrógeno chamado etinilestradiol.

Com a evolução tecnológica e pesquisas médicas, diversas progesteronas foram produzidas em laboratório, o que aumentou os benefícios não contraceptivos das pílulas. Um exemplo é a redução de sintomas como acne, dismenorreia, excesso de oleosidade da pele, hirsutismo e alopecia de padrão androgenético.

A pílula do dia seguinte contém levonorgestrel, hormônio que também está presente no DIU hormonal. Além dos contraceptivos orais e do dispositivo intrauterino hormonal, existem os métodos injetáveis, os adesivos, o anel vaginal e os implantes subdérmicos de etonogestrel. 

Funcionamento

Agora é hora de entender como funciona a absorção desses hormônios. Quando o anticoncepcional é ingerido, tanto o estrógeno quanto a progesterona são absorvidos no trato digestivo. Logo em seguida, eles chegam à corrente sanguínea e são transportados para o fígado.

Ao passarem pelo fígado, os metabólitos absorvidos no intestino são transformados em formas conjugadas que não apresentam atividade contraceptiva. Esses metabólitos transformados são expelidos na bile e, por fim, voltam ao trato gastrointestinal.

Uma parte dos metabólitos é evacuada nas fezes enquanto a outra é hidrolisada por enzimas intestinais, liberando a forma ativa do hormônio. Esta é reabsorvida, entra na corrente sanguínea e então passa a ter efeito contraceptivo.

Nota-se que o metabolismo hepático é o fator-chave para a concentração final de hormônio ativo. Quando outras medicações aumentam esse metabolismo, ocorrem as interações medicamentosas anticoncepcionais.

Quais medicações influenciam na eficácia dos métodos anticoncepcionais?

Como falamos um pouco acima, boa parte da população ainda se baseia em informações incompletas ou incorretas sobre os contraceptivos hormonais. Então, para elucidar o assunto, listamos quais fármacos causam, de fato, interações medicamentosas anticoncepcionais.

Antibióticos

Muitas pessoas acreditam que os antibióticos são os principais vilões dos anticoncepcionais. Inclusive, até pouco tempo atrás, a própria classe médica propagou essa informação. Você com certeza já deve ter ouvido relatos sobre falhas no método contraceptivo após o uso de antibióticos.

Contudo, estudos recentes apontam que a rifampicina — e o seu derivado, a rifabutina — é o único antibiótico que aumenta o metabolismo hepático. Assim, reduz a eficácia da pílula anticoncepcional. 

Essa medicação é utilizada para tratar tuberculose ou hanseníase. Para pacientes que estão em tratamento deve-se recomendar métodos hormonais que não sejam via oral ou métodos contraceptivos não hormonais.

Antifúngicos

A griseofulvina é um agente antifúngico que pode levar à maior ativação enzimática hepática e também aumentar a metabolização dos hormônios presentes nos anticoncepcionais. Por esse motivo, pacientes que estejam recebendo a medicação são orientados a utilizar um método anticoncepcional backup não-oral.

Antirretrovirais

Algumas drogas utilizadas no tratamento terapêutico contra o vírus HIV, particularmente o Nelfinavir, o Nevirapine e o Ritonavir, podem interagir com anticoncepcionais e reduzir a sua eficácia.

Mas vale ressaltar que os métodos contraceptivos orais não são os únicos que podem interagir com os antirretrovirais. Estudos recentes correlacionam uma redução da eficácia do implante subdérmico de etonogestrel com o antirretroviral efavirenz.

Anticonvulsivantes

As interações medicamentosas anticoncepcionais com esse tipo de medicamento apresentam uma dificuldade dupla. Além dos anticonvulsivantes reduzirem a eficácia contraceptiva, o anticoncepcional, por sua vez, pode reduzir o efeito antiepiléptico dessas drogas.  

Portanto, se você está diante de uma paciente que utiliza anticonvulsivantes, precisa avaliar a situação com muito cuidado. Medicamentos como Fenitoína, Fenobarbital e Carbamazepina podem diminuir os efeitos do anticoncepcional. 

No entanto, outras classes de anticonvulsivantes, como Gabapentina, Lamotrigina e Levetiracetam, não causam interações. Por isso, as contraindicações ao uso de contraceptivos vai depender de qual medicamento antiepiléptico é utilizado pela paciente.

Erva-de-são-joão

A Erva-de-são-joão, planta fitoterápica, é indicada para tratar sintomas de ansiedade e depressão. Algumas evidências apontam que a planta também pode cortar o efeito do anticoncepcional.

Confira mais conteúdos sobre métodos anticoncepcionais na Medway!

Agora você está por dentro das informações mais importantes sobre as interações medicamentosas anticoncepcionais. Você pode continuar ampliando seus conhecimentos com outros conteúdos gratuitos disponíveis em nosso blog ou na Academia Medway.

Caso esteja interessado em saber mais sobre os atendimentos e aprender com simulações realísticas, o PSMedway é o curso ideal para você. Aproveite que já está por aqui e venha dar uma olhadinha em tudo o que a Medway te oferece!

É médico e quer contribuir para o blog da Medway?

Cadastre-se
MarceloLucchesi Montenegro

Marcelo Lucchesi Montenegro

Paranaense, nascido em Curitiba em 1991. Formado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) em 2016, com residência em Ginecologia e Obstetrícia na UNICAMP, concluída em 2019. Especialização em Ginecologia Endócrina e Reprodução Humana pela USP-RP em 2019 até 2020. Tem experiência como fellow em Reprodução Humana pela clínica NeoVita, em São Paulo (SP). Nada vem de graça, os resultados refletem a sua dedicação! Siga no Instagram: @dr.marcelomontenegro