O papel da radiografia contrastada na avaliação das lesões uretrais

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Fala, pessoal! Tudo em cima por aí? Hoje nós vamos falar sobre o papel da radiografia contrastada na avaliação das lesões uretrais, principalmente, da uretra masculina. 

E quando o assunto é a avaliação uretral por imagem, a uretrocistografia retrógrada possui posição de destaque. Neste texto, vamos apresentar os principais padrões das lesões uretrais nos estudos contrastados. E aí, bora lá entender qual é o papel da radiografia contrastada na avaliação das lesões uretrais?

Mas o que é uma uretrocistografia retrógrada? 

A uretrocistografia retrógrada é o melhor exame para a avaliação da uretra masculina. Nesse exame, a uretra é cateterizada por uma sonda, que utilizamos para realizar a administração de contraste iodado no interior da uretra em direção à bexiga.

Ela assume, então, um fluxo retrógrado em relação à urina, por isso chamada de uretrocistografia retrógrada. Conforme o contraste preenche as regiões de interesse do estudo, obtemos imagens radiográficas através de um aparelho de raio-X ou de fluoroscopia. Dessa forma, conseguimos uma ótima avaliação de toda a uretra e da bexiga urinária. 

Quais são as principais causas e padrões de apresentação das lesões uretrais?

A principal causa de lesão uretral é o trauma, principalmente na uretra masculina, que é o foco do nosso texto. Além do trauma, as lesões iatrogênicas e as doenças sexualmente transmissíveis também possuem grande importância na origem das lesões uretrais. 

Entre os padrões de apresentação das lesões uretrais, o mais comum é a estenose de uretra, uma condição de importante morbidade para os pacientes. Outros padrões menos comuns são as fístulas e as roturas uretrais. Vamos ver cada um desses padrões agora, beleza?

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Estenose de uretra 

O padrão e a localização da estenose uretral variam de acordo com a sua causa. Por exemplo: estenose decorrente do trauma de sondagem vesical costuma ser focal e localizada no meato uretral ou na junção entre a uretra membranosa e bulbar. 

O papel da radiografia contrastada na avaliação das lesões uretrais
Uretrocistografia retrógrada da uretra masculina evidenciando o balão da sonda insuflado na fossa navicular (seta branca) e uma estenose focal e acentuada do segmento proximal da uretra bulbar (seta preta). Perceba como apenas uma pequena quantidade de contraste consegue transpor a estenose e chegar até a bexiga urinária. Este paciente apresentava história de múltiplas sondagens vesicais. Fonte: Practical fluoroscopy of the GI and GU tracts / Marc S. Levine, Parvati Ramchandani, Stephen E. Rubesin. 2012

Já as estenoses relacionadas às uretrites infecciosas ocorrem, normalmente, de maneira difusa na uretra anterior e apresentam múltiplos focos de estenose. Além disso, essas estenoses costumam ser longas e irregulares, justamente devido à inflamação. 

O papel da radiografia contrastada na avaliação das lesões uretrais
Uretrocistografia retrógrada da uretra masculina evidenciando múltiplas irregularidades e estenoses sequenciais acometendo de forma difusa a uretra anterior. Este paciente apresentava história de disúria e corrimento uretral purulento. Fonte: Hamidi, H. Urethral stricture with vesicoureteric reflux. Case study, Radiopaedia.org. https://doi.org/10.53347/rID-59133

Fístulas uretrais

As fístulas uretrais são menos frequentes do que as estenoses uretrais e menos comuns na nossa prática diária. No entanto, podemos identificá-las de maneira elegante através dos estudos de uretrocistografia retrógrada

O princípio é muito simples: em pacientes com suspeita de fístula uretral, se houver passagem do meio de contraste para estruturas fora dos contornos uretrais (pele, períneo, corpos cavernosos, corpo esponjoso, reto, etc), vamos ter a confirmação de uma fístula uretral. 

Paciente com história de estenose de uretra corrigida há alguns meses. Iniciou com infecções urinárias recorrentes. Uretrocistografia retrógrada da uretra masculina evidenciando contrastação do reto (apontado pela letra R) pelo meio de contraste, indicando a comunicação entre a uretra e o reto. A seta branca aponta o trajeto fistuloso uretrorretal.
Paciente com história de estenose de uretra corrigida há alguns meses. Iniciou com infecções urinárias recorrentes.Uretrocistografia retrógrada da uretra masculina evidenciando contrastação do reto (apontado pela letra R) pelo meio de contraste, indicando a comunicação entre a uretra e o reto. A seta branca aponta o trajeto fistuloso uretrorretal. Fonte: Practical fluoroscopy of the GI and GU tracts / Marc S. Levine, Parvati Ramchandani, Stephen E. Rubesin. 2012.

Roturas uretrais

As roturas uretrais acontecem, principalmente, no contexto traumático. A uretra posterior pode ser lesada em cerca de 5% dos pacientes com fraturas traumáticas da pelve e, geralmente, acometem a uretra membranosa. 

As lesões traumáticas da uretra anterior representam cerca de um terço dos casos e costumam ocorrer por trauma direto, não sendo associadas às fraturas pélvicas. Na imagem, vamos procurar por extravasamento do meio de contraste do sistema urinário em direção aos tecidos adjacentes. 

A diferença entre as fístulas e a rotura da uretra é que a fístula é um trajeto organizado, comunicando a uretra com outra estrutura. Já na ruptura, há uma descontinuidade da uretra, com extravasamento não organizado nos tecidos adjacentes.

Paciente vítima de politrauma com fratura da pelve. A uretrocistografia retrógrada da uretra masculina evidencia o extravasamento do meio de contraste para os tecidos periuretrais, caracterizando uma rotura da uretra bulbar (apontado pela seta preta).
Paciente vítima de politrauma com fratura da pelve. A uretrocistografia retrógrada da uretra masculina evidencia o extravasamento do meio de contraste para os tecidos periuretrais, caracterizando uma rotura da uretra bulbar (apontado pela seta preta). 
Fonte: Practical fluoroscopy of the GI and GU tracts / Marc S. Levine, Parvati Ramchandani, Stephen E. Rubesin. 2012

E aí, gostou de saber qual é o papel da radiografia contrastada na avaliação das lesões uretrais? 

É isso, pessoal! Esperamos que tudo tenha ficado claro e que você tenha compreendido o conteúdo!

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FelipeLorenzo

Felipe Lorenzo

Capixaba raiz, nascido em 91. Graduado pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e com residência médica em Radiologia e especialização em Neurorradiologia pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HC-FMUSP). Fanático por filmes e apaixonado pela família. Siga no Instagram: @lorenzomarsolla